Capítulo 48

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Liam

Como eu explico a ele que não é ódio? Como explicar a ele que talvez eu goste dele? Que talvez eu esteja gostando de tudo isso? Como explico a ele que tive a melhor transa em quase 18 anos de vida? Como explico que ele é quem eu quero, que ele é melhor que Brett?

São tantas formas de dizer a ele que gosto dele, mas nenhuma deve ser dita, eu gosto dele, mas é se não for recíproco? E se para ele for só um fingimento? Um relacionamento falso, algo que eu escolhi. No começo era só para me vingar de Brett, mas agora, agora é mais que isso, agora parece real, mas real do que algo que eu possa ter tido em anos. Ele é a única coisa que eu tenho certeza, a única coisa que tenho certeza de querer, mas não poder tê-lo, pois ele jamais poderia ser meu.

Eu não posso amá-lo, mas é algo inevitável. Não é como se eu fosse estalar os dedos e os sentimentos iriam embora, quem me dera fosse assim, resolveria boa parte dos meus problemas. Mas não, não é assim que funciona, então eu tenho que reprimir esses sentimentos até que ele evaporem, pelo menos era o que eu costumava fazer até conhecer Brett, e foi aí que me arrependimento bateu.

Anos, anos sem me apaixonar (ou pelo menos fingir não me apaixonar) para o final acaber tendo me apaixonado por um babaca que me batia, e se meus sentimentos estiverem errados com Theo também? E se ele não for quem eu penso que é? E se ele me machucar, talvez eu não o deixe fazer isso fisicamente, mas nada o impede de foder meu psicológico de qualquer forma.

- Só é meio complicado. - é só o que eu digo, sim, com as inúmeras explicações que eu poderia dar eu simplesmente só o deixei ainda mais frustrado. Sei que ele está curioso em saber qual é o problema, mas eu não posso dizer que teoricamente o problema aqui é ele e o que eu sinto por sua pessoa.

- Complicado? - ele pergunta cruzando os braços a frente do corpo.

- É, é complicado. - digo mais uma vez. Theo respira fundo parecendo um pouco irritado, até confuso eu diria.

Eu queria ter lhe dado uma resposta melhor, eu juro que queria, mas ainda é complicado.

Nos levantamos da mesa e guardamos tudo, lavamos a louça, e estava tudo meio silencioso, só o que falávamos era sobre The Mentalist e o quanto ele estava frustrado pelo casal não estar junto, mesmo eu sabendo que ele ficam juntos no final.

Mesmo falando, mesmo ouvindo-o falar, tudo ainda parecia silencioso. Minha mente ainda pensava em meus sentimentos em questão a ele.

E então, em um ato repentino eu taco o pano-de-prato no balcão e o encaro, não o pano, e sim Theo. Ele me olha confuso e talvez curioso em saber por que eu joguei o pano com tanta brutalidade e meio que do nada.

- Me desculpe. - digo rápido sem olhá-lo diretamente nos olhos.

Mesmo não o olhando sei que ele ainda busca respostas, ele sabe o por que das desculpas, mas ainda quer saber mais sobre o porquê de meu silêncio.

- É que é difícil pra mim. - falo olhando para meus pés, ele se aproxima, não faz nada, só paira a minha frente. - Isso que está acontecendo com você... não era para ser assim. - não mesmo. - Não era para eu sentir o que sinto.

- E o que senti? - sua voz é calma e relaxada, ele está terrivelmente estável, enquanto eu evaporo por dentro de tantas perguntas e frustrações, perguntas nas quais eu não tenho uma resposta completa e frustrações por não ter as respostas completas.

- É diferente, é diferente de quando eu estava com Brett. É diferente de quando eu me apaixonei por Brett. - meu estômago revira só de ouvir seu nome em voz alta, mesmo que tenha sido eu quem o falou.

- Talvez porque eu não te machuque. - ele dá mais um passo em minha direção.

- Theo, eu quero que entenda, eu gosto de você, mas é complicado para mim entender isso, a anos não sinto isso por alguém. E mesmo que eu saiba que você não me machucaria, o que te impediria de fazer isso? Eu não acreditava que Brett poderia encostar 1 dedo em mim com segundas intenções ou com brutalidade, e veja no que deu, ele me batia, e meus pais nem se quer sabiam. - praticamente desabo. Eu nem percebi quando Theo se aproximou ainda mais e me envolveu em seus braços.

- Eu entendo que seja difícil para você confiar em alguém como eu, entendo seus motivos. E mesmo que eu diga que jamais faria isso com você, é é verdade, sei que você talvez não acredite. Eu só quero que saiba que eu também sinto coisas estranhas por você, coisas que eu jamais algum dia tenti por alguém, meu passado é doloroso e me trouxe problemas para saber lidar com algumas coisas, e uma delas é os sentimentos, jamais me senti impotente por sentir algo por alguém, algo diferente, caloroso e pontadas estranhas no peito e no estômago, mas com você foi diferente, eu jamais quis tanto ter alguém ao meu lado quanto eu quis que você estivesse desde quando começamos com isso. Eu juro que quando você me fez a proposta de um relacionamento falso, tenho que dizer que pensei só em mim mesmo, em como seria bom ver a cara do Brett ao nos ver juntos, e o quanto seria bom ter alguém para fazer o que eu quisesse por 1 mês. Só que tudo mudou, tudo mudou por que você entrou na minha vida. E eu juro que essa foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Você é bom, e muito bom, merece coisas boas, e muito boas. Mas será que essas coisas boas poderiam incluir a mim? Poderia me envolver com você em algo a mais? Essas foram perguntas que eu me fiz durante todos esses longos e poucos meses que estive ao seu lado, e nenhuma delas teve resposta, e talvez eu não tenha uma resposta por agora, mas sinceramente? Não importa, só o que eu quero aproveitar é o agora, enquanto eu ainda o tenho ao meu lado. - suas palavras são como skates, que passeiam pela pista e fazem seus barulhos relaxantes. Ouvi-lo dizer que me quer ao seu lado é melodia, e a mais bela possível

Seus braços são reconfortantes, e lágrimas minhas escorrem, molhando seu moletom azul marinho. O ouço fungar, e só agora percebo que ele também estava chorando.

Dois idiotas se declarando da maneira mais confusa possível.

para nascer alguém mais confuso que a gente?

CONTINUA...





Fake Love - ThiamOnde histórias criam vida. Descubra agora