Fora d'água

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João nem conseguiu responder aos gestos ousados do Pedro. Aquela situação não estava prevista. Embora ele não engatasse tanto quanto dizia o Mauro, afinal Braga é uma cidade relativamente provinciana, a maioria dos gays é discreta, o engate não se dá à luz do dia, mas através de apps ou então no monte, no segredo da noite e do cruzar de carros. O João não gostava de engatar no monte, achava isso deprimente e perigoso, e ficava-se pelas apps, falavam, trocavam fotos, decidiam-se por um encontro, tudo já automatizado, com uma etiqueta própria.

 A espontaneidade desta situação era nova, ainda mais com um cliente da oficina, que até há umas horas atrás nunca lhe despertara qualquer interesse sexual, mas que agora sabia ter um corpo másculo e forte e uma palmada segura no seu rabo, que parecia ainda sentir e causar-lhe um calor novo de excitação. 

O Pedro parecia também ser do tipo controlador, dominador e a verdade é que com alguém assim rapidamente o João assumia uma postura de submissão e obediência, estava-lhe no sangue. Por isso quando o Pedro lhe perguntou se gostava de levar palmadas, tratando-o pela primeira vez por tu, ele timidamente lá respondeu.. "não sei, nunca experimentei, mas acho que se calhar... sim", resposta seguida de imediato arrependimento, que estava ele a fazer, nunca sequer tinha pensado em semelhante atividade e agora estava a dizer ao Pedro que queria apanhar?

O Pedro rapidamente assumiu o modo dominador total, percebeu que tinha o João nas mãos, que a presa não lhe ia escapar. O mecânico sexy que morava na sua cabeça sem pagar renda há semanas, que o obrigava a inventar desculpas para levar o carro à oficina, era como o seu sexto sentido indicava, um submisso obediente pronto a ser sensualmente torturado. 

E era na oficina que ele queria consumir o domínio sobre o pobre mecânico. Ainda esta manhã tinha fantasiado isso ao notar que o João estava só de macacão, sem cuecas - uma abertura de lado não deixava dúvidas.

- Notei que esta manhã estavas sem cuecas, é como preferes?

- *mega corado* err.. não, foi só porque me esqueci de as levar para a oficina, eu costumo correr de manhã e ter alguma roupa suplente lá.

- Tudo bem, não precisas corar, eu gosto de ti com ou sem cuecas. Tens as chaves da oficina contigo então, podíamos ir até lá e ficarmos mais à vontade. Não vais negar isso a um cliente fiel, pois não?

A pergunta era só retórica. 

De sócio a escravoOnde histórias criam vida. Descubra agora