Voltei a ser medicado dia após dia, pra não sentir a dor da cicatrização no meu pescoço. Dessa vez, Sanzu nem escondia na comida, pois sabia que não tinha necessidade do trabalho disso.
Duas semanas depois, finalmente pude tira o plástico protetor de cima. Passei o dedo em cima da tatuagem, sentindo um arrepio na coluna, mas dessa vez, não doeu nem nada.
– Estou acabado… – Suspirei, com as olheiras rosadas dos meus olhos mais pesadas. – E olha que esse tempo oque eu mais fazial é dormir. – Dei um sorrisinho. – Acho que isso não some de qualquer jeito.
Tirei a roupa, mostrando meu corpo magro. Eu tinha ganhado um pouco de peso nesse tempo. Com minha dieta antes sendo só de miojo e ifood, dava pra contar minhas costelas… E não de uma forma muito saudável. Agora minha aparência estava melhor, o ganha de peso fez bem pra mim.
E oque dizem… Pessoas ruim existem em todo lugar, a diferença é se elas fazem mal pra você ou bem.
Entrei no chuveiro, deixando a água quente cair na minha cabeça. No meu apartamento, o chuveiro vivia queimando… E sempre que eu trocava, não demorava muito pra queimar de novo. Já tinha me acostumado a tomar banho gelado, e aqui… Eu sempre tomava banho quente.
Era estranhamente bom…
E os shampoo então… Era de marca! Eu vivia vendo propaganda desses shampoo que eu usava. Antigamente eu comprava do mais barato… As vezes 2 em 1.
Triste vida de pobre
Me enrolei no roupão, saindo do banheiro. Como se fosse um alarde, na mesma hora Ran e Rindou entraram no quarto.
– Oi, coelhinho. – Ran entrou com um sorrisinho pequeno, com as mãos no bolso. – Se vista, vamos sair.
– Sair? Pra onde? – Perguntei, com uma leve curiosidade. Eles confiavam tanto em mim assim, pra me levarem pra sair?!
– Você verá. – Rindou falou entendiado. – Vista algo bonito. – Os dois saíram do quarto. – Estaremos esperando no elevador.
Fiz uma expressão confusa, mas não questionei. Fui pro closet, pegando um calça preta, e meu moletom preto. Como Ran disse, eles foram no meu apartamento, e esvaziaram ele.
Sem deixa qualquer vestígio meu… Como se não tivesse existido.
Trouxeram minhas roupas pra cá, e o resto jogaram tudo fora. Por palavras deles: "Era tudo lixo".
Perguntei pra Sanzu sobre meu emprego, e ele disse pra não se preocupar, meu antigo chefe já tinha me mandando embora, por ter "abandonado" o trabalho a noite, pra sair com uns "Amigos".
Agora sim, eu não iria ser procurado por ninguém. Só procuram as coisas que sentem falta… Que iria sentir a minha falta?
Não tinha ninguém.
Calcei meu velho all star azul, saindo do closet secando o cabelo com a toalha. Ele estava longo, longo demais. Meu cabelo agora já tinha passado da linha do meu queixo, tocando suavemente meus ombros. Eu queria muito corta ele… Mas não tinha uma tesoura pra isso.
Olhei pra porta aberta do quarto, suspirando alto. Senti meu coração acelerado contra meu peito, e me aproximei lentamente.
Sai desse quarto com minhas próprias pernas… Depois de tanto tempo, dava uma sensação de ansiedade e medo. Não tinha esquecido a situação que eu estou, mesmo com todo o conforto.

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O Azar Branco
FanfictionA vida cotidiana de um adulto de 22 anos, sem qualquer esperança ou sonho pro futuro, só vivendo cada dia como qualquer outro. Trabalhando em uma loja de conveniência a noite, e vivendo em um apartamento pequeno e velho, com paredes finas. Mas... E...