Carol
A leitura do testamento foi uma das piores coisas depois de enterrar meu pai, primeiro por que a minha avó estava lá com o seu jeito de superioridade que eu tanto conheço. O advogado começa citando todos os bens do meu pai o que leva alguns bons minutos. Ele cita as 45 propriedades nos Estados Unidos, as 10 na Europa e 2 na América Latina. Ele cita também todos os ateliês e produções da Valent'Nordé, assim como todas as lojas e empresas vinculadas a marca. Também é citada todas as coleções assinadas pelo meu pai e por último e não menos importante cita a empresa Valent'Nordé, onde meu pai tinha 70% das ações. Ele deixou uma fazenda na Carolina do Norte e um apartamento no Reino Unido para dona Amélia, minha avó, ela também vai receber uma porcentagem mensal do lucro de algumas lojas, além da herança já deixada pelo meu avô para assim continuar mantendo sua vida de luxo. Todos os outros bens ele deixou para mim, incluindo a presidência da empresa.
- Você só pode estar de brincadeira, Richard. Minha avó grita.
- É a última vontade do Albert, senhora Amélia.
- Meu filho só podia estar fora do seu juízo para deixar tudo, inclusive à empresa da família para uma garota de vinte e dois anos. Ela se levanta. – Eu vou recorrer com meus próprios advogados. Eu me levanto imediatamente.
- Eu vou cumprir todos os desejos do meu pai e você vai aceitar isso. Grito.
- Ou o que? Ela soa arrogante.
- Paga para ver. Ela diz e sai da sala com seu advogado.
Eu fico meio atordoada ainda, não acredito que meu pai confiou tudo isso em mim. Ele me assegurou a não depender da minha avó para nada, ele me deixou toda de tudo. De sua memória, da memória do meu avô e da memória da minha mãe. Sinto meu coração apertar.
- Carolina, me escute com atenção. Eu era o homem de confiança do Albert e prometi para ele que faria de tudo para que sua vontade fosse cumprida quando ele não estivesse mais aqui e eu vou fazer isso, mas você precisa tomar cuidado, os acionistas não vão ficar felizes com as decisões e muito menos os investidores, dona Amélia eu não preciso nem falar. Você tem que se cercar de pessoas de confiança, principalmente seus empregados.
- Você sabe quem eram as pessoas de confiança do meu pai?
- Eu posso te fazer uma lista, mas você precisa dos seus. Sua avó vai jogar sujo e tentar comprar todo mundo.
- Richard, eu posso não entender bem como funciona uma empresa, mas eu sei jogar sujo muito bem.
- Ótimo! E tem mais uma coisa. Ele me olha nos olhos com piedade.
- Ele te deixou um caderno de instruções e um bilhete. Tome. - Ele me entrega um caderno e uma carta.
- O que tem aqui? Pergunto com lágrimas nos olhos.
- Eu nunca abri. Ele diz pausadamente.
- Obrigada. Digo com dificuldade.
- Eu sinto muito e se precisar de alguma coisa, pode me procurar.
Eu saio do escritório de Richard meio sem rumo, entro no carro com o meu motorista e peço para ele roda pelo central park enquanto decido para onde vou. Eu não sei para onde ir e nem quem procurar.
Enquanto ele faz o que eu peço eu abro o caderno que meu pai deixou, as lágrimas correm do meu rosto ao reconhecer a sua caligrafia e meu peito se aperta.
"Capitulo 1 – Não confie em ninguém.
Meu amor! Perdoa-me te fazer passar por isso de novo, mas eu não conseguia mais viver assim e preciso reencontrar sua mãe novamente. Eu não deixei você desamparada, quase tudo que eu tenho, deixei para você, para que tenha uma vida boa e confortável e nunca precise se preocupar com dinheiro na vida. Eu sei que não é fácil assumir tudo isso na sua idade, por isso fiz esse caderno com tudo que você precisa saber.
A primeira regra é: não confie em ninguém que não esteja citado aqui, todos eles vão querer te passar para trás e se aproveitar de você, inclusive a sua avó. Nunca confie nela.
Eu vou te deixar alguns nomes aqui, os que não estiverem demita todos e contrate gente de sua confiança para empresa e para a nossa casa, sei que não mora mais lá, mas queria que conservasse a nossa história de vida feliz juntos, como uma família. Pode confiar no Richard, ele é meu amigo, ele vai cuidar de toda parte jurídica que você precisar.
Eu te amo, até o próximo capitulo!"
Papai.
Depois de ler o primeiro capítulo do caderno cio no choro, vejo o motorista me olhar pelo retrovisor, mas o ignoro. Até q eu resolva o que farei com os funcionários, não acho que nenhuma casa seja boa para mim, então decido ir para o meu dormitório na faculdade. No caminho vejo Lucas sentado no gramado e meu coração se aperta ao lembrar o quanto ele saiu magoado do nosso último encontro. Eu paro na frente dele e ele ergue o rosto para me olhar.
- Cansou do irmão bom? Diz com deboche.
- Sem drama, foi você que não apareceu. Jogo meu cabelo para o lado e ele levanta da grama.
- Eu já disse que eu não consegui. Você saiu com o Simon ontem?
- Está com ciúmes? Sorrio e ele me empurra devagar para uma árvore sem responder só olhando fixamente nos meus olhos e então me beija. O encaixe perfeito dos nossos lábios, a brisa batendo no meu cabelo, o corpo dele me prensando na árvore e suas mãos que envolvem a minha cintura. Tudo isso me fez esquecer as piores 72 horas da minha vida, até que ele se afasta.
- Você tem que parar de me beijar assim. Digo sem fôlego ajeitando meu cabelo e minha roupa.
- É difícil resistir quando você está tão perto. Ele pisca e isso faz meu coração derreter. – Me diz como foi à leitura do testamento.
Eu resolvo contar tudo que meu pai me disse para Lucas e tudo que está acontecendo.
- Uau, que loucura.
- É... – Dou um sorriso fraco.
- Eu vou ajudar você, mas você vai ter que confiar em mim.
- Eu tenho escolha? Pergunto sorrindo e ele se aproxima de mim me dá um selinho, sorri de volta e completa. – Nenhuma. Meu coração derrete mais uma vez.
- O quê está acontecendo aqui? Ouço uma voz conhecida atrás de nós.
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Três Mundos e Outras Coisas
RomanceSer um playboy nunca foi uma tarefa difícil para Lucas, ele viveu seus dezenove anos sendo assim. Afinal filho de pais milionários e ocupados não restava alternativa ao garoto se não usufruir do dinheiro que a família possuía, até que na faculdade e...