Capítulo Onze ⚠️

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    Grito desesperadamente quando ele puxa o tecido da minha blusinha para baixo, deixando meus pequenos seios a mostra e fecho os olhos tentando cobri-los, mas ele me impedindo segurando minhas mãos firmemente contra o chão, deixando-os na altura da minha cabeça e eu pisco algumas vezes movendo a cabeça para os lados rapidamente, grunhido ao sentir o toque áspero de seus lábios junto a sua barba por fazer em contato com a minha pele desnuda, sinto quando os botões do meu shorts são abertos e meu quadril é puxado para cima quando o tecido é arrancado com brusquidão do meu corpo e, ouço algo ser atingido pelo possível tecido, que fora jogado longe.
    Minhas mãos são soltas e eu volto a me debater com os olhos semiabertos vendo cerca de quatro homens nus na minha frente, tento afastar as mãos fortes que apertam fortemente a minha coxa, pressiono minhas pernas na tentativa de fechá-la mas um outro homem que está ajoelhado aos meu pés me impede colocando as mãos em ambos meus joelhos voltando a abri-las, grito com os olhos fechados e marejados sentindo o toque úmido deslizar por minhas coxas vagarosamente até chegar ate chegar em minha barriga onde sinto diversas mordidas; tento lhe empurrar para longe puxando os fios escuros de seu cabelo mas sou imobilizada por um deles, que está próximo a minha cabeça e puxou meus braços para trás prendendo-os debaixo de seus joelhos, sinto como se os ossos da minha mão estivessem sendo esmagados. Meu quadril é retirado do chão e meu corpo é puxado para frente, olho para a silhueta do homem que segura meu corpo firmemente e ele gargalha sadicamente me fazendo urrar de dor ao sentir uma grande pressão em minha intimidade junto a dor que parece que vai me rasgar ao meio.

— Para, tá doendo! — Choramingo de olhos fechados, sentindo as estocadas fortes e profundas.

— Geme vadia! Geme pra mim. — Sinto dedos longos apertando minha mandíbula, enquanto mãos rodeiam meu pescoço, quase me asfixiando.

    Mãos fortes passeiam por todo meu corpo, apertando cada parte dele e sinto um ardor em minha perna esquerda; viro o rosto lateralmente para o lado sentindo um líquido espesso escorrer em meus lábios e por instinto tento cuspir com repulsa sentindo o gosto amargo, mas sou impedida quando um deles me força a abrir a boca e em seguida a cobra com sua enorme mão. Lágrimas descem com abundância pelos meus olhos enquanto eles se revezam dentro de mim enquanto outros mutilam meu corpo com algo cortante.
    Sinto meu corpo enfraquecer e mal consigo abrir os olhos novamente para vê-los; sinto as mãos afrouxarem em meus pulsos e com brusquidão consigo soltá-las levando elas até a minha coxa, mesmo com a visão embaçada vejo o líquido vermelho escorrer por entre meus dedos, gemo sentindo dor por todo o meu corpo e eles riem se vangloriando do feito. Eles sem limpam com os trapos da minha roupa que estavam jogadas no chão e arrumam suas roupas em seus corpos, mas antes de sair um deles procura por algo na gaveta e vem até mim se ajoelhando ao meu lado, fecho os olhos novamente encolhendo meu corpo e sinto um líquido quente ser injetado em minha coxa, grito tentando puxá-la, mas ele me impede, segurando-a no lugar, a sensação de quentura desaparece e ele ri nasalmente jogando a seringa para longe e só então vai atrás dos demais, para fora do barraco.
    Depois de algum tempo olhando para a porta, minha visão escurece e sinto uma dor de cabeça horrível, ouço burburinhos altos do lado de fora e tento gritar, mas minha voz desaparece no ar antes mesmo de atingir quem está do lado de fora. Ouço passos se aproximarem e logo a porta é aberta por Patrick, o gerente geral, que olha para meu corpo estarrecido e solta seu fuzil no chão vindo até mim às pressas; ele se ajoelha do meu lado passeando seus olhos por todo meu corpo ensanguentado, parando seus olhos sobre os possíveis hematomas em meu pescoço.

— O que aconteceu com você? — Ele tateia meu corpo com cuidado e fecho os olhos exprimindo uma careta de dor.

— Eu... eu... eu quero morrer! — Respondo dificultosamente, tentando não olhá-lo nos olhos.

    Patrick me tira do chão com dificuldade e corre comigo até a entrada do morro, deixando rastros de sangue pelo caminho; registo minha cabeça sobre o tecido escuro de sua camiseta e resmungo envolvendo uma mão sobre seu pescoço quando ele se inclina um pouco para me colocar no chão, ele me encara e eu balanço a cabeça em negação; ele anda comigo por mais alguns metros e ergue uma das pernas, como se pisasse em alguma coisa, ajeitando meu corpo sobre ela. Patrick grita para alguém chamar uma ambulância, fico imóvel apenas escutando a batida de seu coração e pensando o quanto quero que o meu pare de bater.
    Fungo algumas vezes sentindo ele mexer seu corpo levemente para os lados conversando com alguém que está próximo de nós dois e de longe ouço foguetes sendo novamente lançados ao céu, indicando agora a saída da polícia do morro; os moleques comemoram e ouço barulhos de vidro quebrarem perto de mim, o que me assusta, me fazem agarrar a camiseta do moleque que me segura. Ele ri baixinho voltando a olhar para mim e me avisa que está tudo bem e que o socorro já está vindo. Sua imagem fica novamente distorcida e começo a ouvir as vozes ficarem longe, espalmo a mão sobre o tecido de sua camisa e desfaleço em seus braços.

— Sami!? PORRA loirinha, acorda! — Ouço a voz distante de Patrick junto a sirenes de ambulância. — E agora? Ela não acorda. — Ele pergunta para alguém, aparentemente preocupado.

— Os batimentos dela estão ótimos. — Ouço uma voz rouca ecoar pelo espaço. — Ela já v...

    Abro lentamente meus olhos mirando ligeiramente o homem vestido de branco sentado ao meu lado e desvio o olhar para Patrick que está ao lado do meu homem; passeio o olhar percebendo estar em uma ambulância e arregalo meus olhos tentando mexer meus braços imóveis, tenciono meus pulsos olhando para eles e vejo uma corda vermelha envolta deles prendendo-os nas laterais da maca, grito tentando puxá-los para cima, lembrando de tudo que passei e ambos tentam me acalmar, o enfermeiro levanta seu quadril da banqueta e pega uma ampola pequena, injetando mais algum remédio no soro em meu braço direito. O encaro vendo ele voltar a se sentar ereto sobre a banqueta conversando com o moreno e sinto que minha visão ficar turva, meus olhos ficam pesados e a última coisa que vejo é ele colocar algo em meu rosto.
    Dou entrada no posto de saúde precário do morro ainda um pouco sonolenta e vagueio os olhos percebendo estar na companhia de alguns enfermeiros que empurram minha maca apressadamente pelos corredores, gemo baixinho sentindo as rodinhas irem de encontro aos espaços vagos entre os pisos, causando pequenos impactos na cama.

— Cadê o Patrick? — Ergo o olhar fitando a mulher que empurra a maca.

— Ele precisou ir na loja, resolver umas coisas. — Ela responde, pensativa. — Só não sei que loja é essa que fica aberta essas horas.

— Entendi! — Digo baixinho, reprimindo um sorriso.

— Mas ele disse que vai mandar alguém pra cá... — Ela responde e adentra um cômodo comigo, posicionando a maca próximo a uma parede.

    Olho para os lados percebendo não estar sozinha e a mulher da maca ao lado passeia os olhos pelo meu corpo, agora coberto por um tecido fino azul, me fazendo sentir vergonha por todas as marcas e cortes nas partes visíveis a ela; olho para a enfermeira e faço um sinal para ela se aproximar de mim, sussurro para ela fechar a cortina que nos separa e ela o faz, dando uma piscadinha para mim.
    Sou levada para fazer alguns exames e quando retorno para o grande quarto percebo estar sozinha, me sinto mais confortável e relaxo meus músculos tencionados pelo medo; a enfermeira colocá-la no local onde estava antes e eu me deito fitando o teto, mirando a única lâmpada acena no centro do cômodo, a enfermeira se afasta agarrando a lateral da cortina e a fecha parcialmente, deixando apenas uma fresta aberta na direção da porta. Ela avisa que voltará mais tarde com o resultado dos exames e informa que dependendo dos resultados talvez seja preciso uma transferência para um hospital; ela dá de costas para mim e caminha em direção à porta, mas antes de ela sair ela para e olha para o lado oposto apontando para mim enquanto conversa.

— Vó! — Minha voz sai baixa e eu sorrio fraco, deixando uma lágrima escapar do meu olho, quando vejo a idosa passar pela porta me olhando com preocupação.

— Minha menina, o que fizeram com você!? — A voz dela soa como um aconchego quando as lembranças voltam a atormentar minha mente.

— Não quero falar sobre isso, vó! — Viro o rosto para o lado oposto, friccionando a pele macia da minha bochecha contra o lençol azul do travesseiro. 

— Tudo bem, meu amor. Eu... conversei com algumas enfermeiras enquanto procurava pelo quarto certo. — Admiti e sinto o toque macio de sua mão sobre a minha, o que me faz voltar a olhá-la com lágrimas nos olhos. — Seus amigos estão lá fora, Kali está com o braço enfaixado, pois tomou um tiro.

— Eu não quero vê-los vó, por favor. — Suplico em um sussurro, esfregando as mãos suavemente em meus olhos.
A dor física que estou sentindo não se compara a que estou sentindo na minha alma; lembranças da minha infância tomam a minha mente me fazendo chorar e por um momento penso em tirar esses fios dos meus braços e enrolá-los em meu pescoço.

Sami: Sobrevivendo no InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora