mais que um rito de passagem

2.5K 248 252
                                    

____________________________________
Capítulo 09 (+16)

[...] Respirou fundo uma última vez e abriu a porta principal, entrando ligeiro e se fechando naquele grande quarto com quem quer que estivesse lá dentro.

O que Ao'nung não esperava era que, ao entrar naquele lugar, se deparasse com Neteyam sentado entre dezenas de almofadas e cobertores. O Omaticaya estava vestindo o traje tradicional da cerimônia de maioridade em cores vibrantes, quentes e em medidas precisas o bastante para ficarem justas no corpo. Um arco de flores jovens decorava sua cabeça, enquanto suas tranças caíam sobre seus ombros nus.

Até segundos atrás, os olhos de Neteyam estavam perdidos pelo espaço, mas se levantaram no mesmo instante em que Ao'nung adentrou o cômodo, passando a fitá-los com aquela imensidão apaixonante limitada por aquelas íris amarelas. Os dois se entreolharam.

Ao'nung perdeu o ar diante daquela cena. Era como se uma flecha tivesse perfurado seu coração. Suas orelhas se ergueram, e foi como se um grande arrepio tivesse percorrido todo o seu corpo. Seus olhos estavam fixos em Neteyam no momento em que os olhos do Sully brilharam e ele estampou um sorriso no rosto.

Ao'nung sentiu que seu coração queria sair de seu peito naquele instante. De todos os na'vi disponíveis na ilha, ele estava ali, n'Aquela Cabana, dando a chance que Ao'nung tanto queria de poder ficar completamente a sós junto de Neteyam. Sua vontade era se ajoelhar nas tábuas de bambu do chão e agradecer à Eywa, ao oceano, à Grande Mãe ou a quem quer que fosse. Sentia que nenhum presente poderia fazê-lo tão feliz quanto aquele: realizar a cerimônia de maioridade com o rapaz que roubara seu coração. Se sentia tão feliz naquele momento que poderia começar a rir sozinho... Justamente quando acreditava ter estragado suas chances com Neteyam e estar condenado a fazer sua primeira ligação com uma garota qualquer, havia sido abençoado com a visão de Neteyam vestindo aquelas roupas tão justas e sensuais enquanto lhe esperava entre travesseiros e cobertores... Ao'nung sentia que, se morresse exatamente naquele instante, teria morrido como o na'vi mais feliz de Pandora.

Neteyam colocou um sorriso ladino no rosto, ainda olhando para o esverdeado antes de quebrar o silêncio.

- Olha só quem apareceu... Sabe há quanto tempo eu te esperei aqui? - ele provocou, ficando de pé e caminhando sobre as cobertas em direção a Ao'nung.

O Metkayina sentiu seu rosto esquentar como brasa, na mesma medida em que seu peito se acelerou. Aquelas roupas ficavam perfeitas em Neteyam... Mas Ao'nung mal podia esperar para poder ter a chance de tirá-las.

- Neteyam... - o rapaz falou, totalmente hipnotizado pelo azulado e por sua beleza. Não podia evitar olhar o Omaticaya por inteiro... Queria guardar aquela imagem em sua mente pelo resto da vida.

- Feliz aniversá..! - o Sully tentou dizer, mas acabou deixando a frase solta pela metade quando Ao'nung lhe abraçou forte, puxando-o para perto e segurando seu corpo com firmeza. Aquele não era um abraço comum... O azulado conseguia sentir a diferença no toque e na firmeza com a qual aquelas mãos o seguravam. Ao'nung escondeu seu rosto na curva do pescoço alheio, roçando o nariz em sua pele e se entorpecendo com seu cheiro.

- Neteyam... - ele sussurrou, quase em um gemido louco de vontade. O azulado sentiu seu rosto esquentar, na mesma medida em que sua cauda se levantou sozinha em função do gesto. Certamente havia algo por trás daquele abraço, que Neteyam não sabia exatamente o que era... Mas o Sully não se importaria se todos os abraços fossem iguais àquele. Aquela pegada forte havia lhe deixado um tanto quanto sem postura...

- Ahn... Tudo bem? - Neteyam perguntou, tentando conseguir pelo menos uma pista do porquê daquele abraço tão profundo.

- Você não tem ideia do quanto eu estou feliz em ver você aqui... - Ao'nung sussurrou, deixando que seus lábios roçassem o pescoço de Neteyam ao longo da fala. O Omaticaya não pôde evitar o sorriso bobo; quase sempre se via esboçando sorrisos abobalhados quando se tratava do esverdeado, mas gostava da sensação que aqueles momentos lhe provocavam.

A Cabana (AonuNete)Onde histórias criam vida. Descubra agora