De volta pra você

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—Amiga eu acho que tudo isso foi só pra complicar minha vida, o tanto que errei todas as vezes que esse cara apareceu. Nunca aconteceu de ser com outro mas ele, parece que ele tem um imã que funciona comigo que toda vez que aparece se junta.—Digo enquanto pego mais duas uvas e coloco na boca de uma vez.

—Ana, não podemos negar que a atração que tem entre vocês é nítida. Tudo isso é pra te mostrar que o destino existe, não existe casamento perfeito, existe pessoas que amamos, pessoas que não existe nada que possa separar-la de nós.

—Ai Júlia, quando foi que você ficou tão mais brega assim?

—Quando me casei com Lucca, ele é perfeito sabia ?

—Eu sei, você mostra todos os dias nas redes sociais.

—Então, manda mensagem pra sua filha, ela tem a obrigação de perdoar você. É a mãe dela, fez e faz tudo pra ela.

—Sempre mando mensagem Ju, ela que não faz questão de responder.

—Vem, vamos sair!

Ela me puxa e assim corremos pra dentro da casa.

—Onde?

—Pensei em fazermos um passeio turístico.

****

Conhecendo grandes bares, floriculturas e cafeterias com a Ju só me veio na mente que estou longe da minha filha, por mais que ela seja adulta e já está na hora de viver a vida dela meu coração de mãe não aceita tão fácil, é doloroso ver um filho crescer, quando pequeno amamentamos e cuidamos, quando crianças ensinamos eles a brincar e ainda cuidamos, já na adolescência assistimos eles tentando fazer o que acham que é certo e nunca sai como o esperado, então mais uma vez fazemos o que? Cuidamos e na vida adulta? Bom, minha mãe está com ódio profundo de mim, com razão mas me parte o coração estar sem poder mandar uma foto do meu passeio pra ela, de saber como está Brian de saber tudo, mas acima de tudo continuo cuidando e assim será até meu último dia.

—Amiga?-Julia me tira do pensamento e pega em minha mão.—Sabe eu estava pensando, vamos voltar pra casa e assistir filmes de romance com umas 5 garrafas de vinhos a sua escolha é bastante croissant, macarrons e o que você quiser e assim você pode chorar a vontade.

Abraço ela é concordo, poder ter um tempo pra chorar é tudo que preciso, sabe? As vezes ser dura demais nos deixa pior.

***

A vontade de abraçar minha mãe grita alto, ver suas mensagens nas quais eu não respondo e vê-la somente por stories em Instagram me deixa tão devastada que penso será que eu tô errada em me sentir mal com minha própria mãe?
Estou sentada em um dos restaurantes favoritos dela enquanto espero uma companhia, preciso de explicações e alguém que me faça ver que a forma que estou vendo é errada.

—Tessa? Tudo bem?

Não levanto para cumprimenta-lo e aponto pra cadeira a minha frente.

—Cristian, boa tarde.

—Esta tudo bem? O que aconteceu, você está diferente?

Fecho os olhos e penso bem no que perguntar.

—Você ama ela?

Ele se assusta e segura firme na cadeira e bebê de uma vez o whisky que está em seu copo, ouço o barulho do gelo voltando ao copo e os pequenos pedaços se despedaçando dentre seus dentes.

— Tessa querida, não estou entendendo.

—Olha só, não me chame de querida e não seja inocente muito menos idiota, você ama minha mãe, Cristian?

—Anastacia sempre foi o tipo de menina que era difícil de lidar, sempre grossa, direta até demais e assim continuou até atingir sua maioridade, e pelo visto você herdou o jeitinho dela.

—Não me venha com historinhas sogro.—digo e encaro ele.

—Se fosse historinhas como você disse, minha nora, não estaríamos tendo esta conversa. Sua mãe é encantadora, desde que estávamos na faixa dos 20 anos ela tentava me ajudar, quando completou seus 22 anos deixou de mão, passei a não ser mais ninguém pra ela.
Sabe quanto tempo demorou para nós encontramos?—Eu nego.—Tanto tempo que nem sei.

—Você ama ela?—Pergunto mais uma vez.

Ele respira fundo e vejo seus olhos ficarem vermelhos. Ta aí, algo que nunca achei que fosse ver. E foi ai que entendi a resposta.

—Entendi. Antes de finalizar aqui, só me responde uma coisa.

—Pode perguntar.

—Enquanto esse tempo que você está aqui na cidade, vocês se viram? Aconteceu algo entre vocês?

Esperar um sim, seria triste, mas esperar o silêncio que ele fez e encarou o chão foi mais difícil de lidar.

—Vocês traíram meu pai.

—Não foi a primeira vez, Tessa.

A cara de pau dele é gigantesca só por admitir isso.

—Melhorou tudo viu. Olha só Cristian, espero que isso que vocês "tem" termine em tristeza, rancor e muito ódio porque foi assim que vocês fizeram comigo e com o Brian. E olha só, eu o amo. Eu amo o filho do amor da vida da minha mãe. Que comédia.