De volta pra você

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Uma pequena nota da autora: Aguentem o coração neste capítulo

Eu não consigo se quer olhar na cara dele, sem conseguir andar, me movimentar igual gente de verdade, eu tô um caco. Algo em mim dói tanto que não é uma dor superficial.
Ainda não voltei para casa, o médico recomendou que eu ficasse de repouso durante 15 dias, completei 5, aguardo ansiosamente pelos próximos 10.

—Eu já te perdi perdão, eu não queria que isso acontecesse.

—Você matou alguém, quem em sã consciência iria amar isso Cristian?

—Ana, era ele ou eu. E eu pensei em
Você, eu não imagino minha vida sem você.

—Eu só quero te perguntar uma coisa, você sabia que isso poderia acontecer?

O vejo em silêncio e abaixando a cabeça.

—EU PERDI UM BEBÊ POR SUA CAUSA?-grito e ele começa a chorar.—SEU FILHO CRISTIAN. Você se quer tem noção do que aconteceu?

—Não precisa jogar na minha cara, eu sei que a culpa é minha.

—É. A culpa é sua.

Começo a pegar minhas roupas jogando em cima da cama enquanto ele caminha até mim.

—O que está fazendo?

—Você jura que vou ficar dando trabalho pra Júlia aqui? Eu quero ir pra casa, aliás, pensa só no que pode acontecer se eu voltar, me matarem? Será que você poderia me deixar avisada se isso for possível rolar?

Digo em tom de ironia, enquanto choro e sinto uma dor insuportável no pé da barriga.

Ele fica em silêncio e eu lembro de como ele era quando mais novo.

—Isso se mantém calado, e isso que sempre fez quando eu pedia justificativa de algo né? Sabe no que você é bom? Em usar essas porcarias que você tem costume e sair por aí metendo. O bonzão, o melhor sempre, o tão respeitado Cristian que não tem uma fala quando eu me declaro, choro, mostro emoções. Eu sempre fui idiota, e o pior disso e amar você, não, o pior é o sentimento nunca querer ir embora. Porque eu quero te odiar, e cada dia que passa isso parece mais impossível mesmo tendo um milhão de motivos.

—Eu prometo cuidar e proteger você. Me perdoa mesmo.

—Você fala como se fosse o melhor tipo de cara do mundo né? Como se não tivesse culpa de nada disso.

Ele respira fundo e coloca as mãos na cabeça.

—Anastacia, eu já pedi desculpas, me culpei por isso, e de fato é culpa minha, perdi uma parte minha também que está doendo mesmo que eu não tenha nem conhecido ou se quer ouvido falar.
Eu faço mal pra você isso sempre foi nítido, mas não posso negar que isso é o bastante para te deixar livre de mim.
Amar você me torna uma pessoa egoísta, me torna um homem diferente, que tem medos e desconfianças, que não sabe como vai ser o dia de amanhã porque você é de fases e eu também.
Eu não vou aguentar te ver sofrer assim, eu espero mesmo que essa dor dentro de mim passe, porque se for isso que você está sentindo eu prefiro né matar.

—Sim você me faz mal, nunca aprendi a lidar com isso, sempre fui fraca o bastante pra ter noção que o mal que me fazia me destruía. Eu não sinto que tenha algo a mais pra falar, então eu só peço para que a gente tenha uma vida diferente.

—Não irei deixar você como está, eu vou embora com você e cuidarei de você.

—Eu não preciso de ajuda, nunca precisei Cristian.

—Para de se fazer de durona, porque ser assim? Eu quero acompanhar você de perto, você perdeu um filho meu, é meu direito é obrigação cuidar de você, o médico disse que na idade em que está precisa de atenção redobrada, então facilita pra mim e pra você. Aceita minha ajuda, pelo amor de Deus, Anastácia você é a minha vida.

Ele encosta sua testa na minha e fala baixinho novamente a frase "você é minha vida". Isso é o bastante pra mim lembrar do que ele fez anos atrás quando me chamava de vida e tinha uma namorada e outras amantes escondidas por aí.

—Sabe Cris , chega a ser engraçado né?

—O que? -Ele pergunta e sorri

—Você me chamando de vida, igual falava pra todas, não é porque você está mais adulto que vai ter mudado, na época você tinha seus 24 anos, não era uma criança muito menos um adolescente. Eu nunca vou poder confiar em você e esse vai ser o problema porque sempre que eu tento algo ruim vai e acontece, sempre foi assim e depois disso tudo eu tenho mais medo ainda. Amar você não me deixa segura, muito menos minha filha.

Começo a chorar, o choro que eu estava guardando que nunca na vida pensei em deixar ele ver. Sempre quis ser forte na frente dele, mas o momento não é dos melhores. Eu o amo, Mas amo mais minha filha, e não quero colocá-la em perigo.

—Você me enganou de todas as formas possíveis, você brincou comigo de todas as formas possíveis, você tentava me controlar, você não queria eu conversando com mais ninguém porque de acordo com suas palavras eu era sua. E tudo isso Cristian, tudo isso você falava e estava namorando e enganando também sua namorada. Eu sofri tanto, eu criei uma barreira que deixava só a ansiedade e a tristeza tomar conta, eu vivia de remédios. Chega a ser idiota, mas caramba, eu tinha finalmente achado que tinha chegado nossa vez de ser feliz. Nossa vez de tentar. Mas você como sempre, foi lá e colocou seu dedinho estragando tudo.
Cristian eu posso te amar, mas eu não morreria por você, eu não mataria por você e muito menos perderia minha família por você, porque você não merece. Essa história tinha que ter tido um ponto final a muito tempo já. Mas meu coração é mole. Meu coração pensava em você. Então e o seguinte, eu te amo, amo mesmo mas não estou apaixonada por você. Minha paixão acabou quando nosso fruto gerado foi retirado de mim e eu vou conviver com a dor da perca, porque eu sou mulher e sou forte, mas você, eu não sei o que vai ser de você e não quero nem saber.

—Isso é um erro, nós merecemos mais está chance, Ana eu sei que não sou maduro o suficiente até hoje, mas olha pra você, uma mulher bem sucedida, que batalhou e continua ainda pela família, em um casamento que você empurrava com a barriga pra dizer que era a família perfeita, olha sua força aí, quem conseguiria fingir tanto? Seu amor por mim e nítido e você era a pessoa na qual eu deveria ter colocado em primeiro lugar aquela vez, não posso fazer nada para te reconquistar mas posso pedir perdão, você aceitando ou não eu continuarei a cuidar de você mesmo de longe. O amor é silencioso, ele tem que ser demonstrado, perdemos um fruto nosso, mas podemos gerar um outro.
Você pode não querer ficar aqui, mas vai pra casa e eu irei com você e não tô nem aí pro James. Eu causei tudo isso e vou ajudar em tudo.

Ele vem chegando perto e segura minhas mãos, sinto seu olhar cruzado com o meu, o arrepio que causa na minha espinha é grande. Odeio quando ele faz isso. Cada passo que ele da pra mais perto eu desvio o olhar.

—Eu amo você. Eu amo mil vezes você. -Ele diz e faz o inesperado.

A Porra de um beijo.