06

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Coloquei o arroz no fogo enquanto preparava o strogonoff.

Comecei a lavar a louça enquanto uma playlist tocava ao fundo, a casa estava em um silêncio, momento que raramente acontecia.

— Eita morenão — Terror me abraçou por trás me assustando — fico doido nesse corpo — sussurrou acariciando minha bunda enquanto me arrepiava.

— Mete teu pé Terror!

— A cofoi — sorriu todo sacana — vamo fuder um tiquinho.

— O que? suas putas não estão te satisfazendo mais?

— Prefiro essa putona aqui — disse desferindo um tapa forte na minha bunda.

— Saaai!

Terror ficou.

Fizemos o almoço apenas para nós, pois sua mãe e nossa filha estavam em uma pequena viagem de três dias, me sentei na mesa com meu prato e Terror ligou a TV.

— Iala, tá passando documentário da quebrada pô — disse aumentando o volume.

Tudo aconteceu rápido.

Quando vimos na TV que o BOPE estava invadindo o morro, escutamos bombas e tiros, Terror se levantou imediatamente.

— A vai tomar no cu! num pode nem mais comer em paz nessa porra.

Terror foi sem freio para o andar de cima e eu atrás dele.

— Quero uma também.

— Desde quando tu sabe atirar minha filha?

— Desde quando meu pai me ensinou, passa pra cá, sem tempo pra perguntas!

— Tu é barril mermo fia.

Terror me passou uma arma enquanto o homem pegava um fuzil, quando iríamos sair da casa, o radinho dele tocou.

— Aê chefe! passaram a visão que tua coroa tá no meio do confronto com a patroinha.

Meu coração já nem batia mais.

Fiquei cega, não queria saber mais de nada, além da minha filha no meu colo.

Sai metendo bala nos bota preta, apenas escutei os gritos de Terror me chamando, porém não o dei ouvidos, corri igual bala até a central.

Me escondi atrás de um carro, era bala pra caralho voando, enquanto os moradores corriam gritando pelo medo, de longe avistei Sora agachada com Julia no colo, a criança chorava amedrontada.

— Cofoi patroa?! tá de marola pô?

— De marola o caralho Orelha! faz minha contenção, vou ir por trás.

— Jae patroa.

E assim eu fiz.

Enquanto o vapor atirava nos bota preta, corri agachada por trás dos carros, quando finalmente cheguei perto de minha filha, Sora me olhou parecendo apavorada.

— Está bem? — perguntei pegando Julia no colo, para acalmar a criança, porém a mulher olhou para trás de mim gritando assustada.

Quando olhei para trás, vi um mirando a arma para mim, escondi Julia de ver o homem, fechei os olhos na hora que senti um espirro em meu rosto.

Quando abri os olhos vi o homem no chão, olhei puta para cima, onde Terror estava com a porra de um sniper.

— ACHA QUE ESTÁ EM CALL OF DUTY PORRA?!

— IALÁ — gargalhou me fazendo bufar.

Logo o confronto acabou, o BOPE saiu levando dez corpos, e nós o dobro.

— Vem cá amor — Terror pegou Julia enquanto eu corri para o banho.

23:07

Coloquei a sopinha de Julia para esfriar enquanto Terror estava tendo uma reunião com seus aliados na sala.

— Brota pra tu vê filho da putinha — Orelha riu enquanto atirava em MT — ai calicaa, chupa meu eggs!

— Tu marola mermo né cuzão — Terror deu um tapa no pescoço de Orelha — para de falar essas ideia torta na frente da minha mulher porra!

Revirei os olhos indo para sala com Julia no colo, pedi com os olhos que um dos cinco saíssem do sofá, para logo MT dar uma cotovelada em Pit pra ele sair.

— Se vocês tirassem esse tempo que jogam para treinar mira, o BOPE não teria feito pintura no chão com o sangue dos seus amigos, seus idiotas!

Todos me olharam putos, porém sabiam que eu estava certa, tanto que pararam de jogar e o clima ficou tenso.

O silêncio foi quebrado pela risada alta de Julia enquanto eu fazia aviãozinho.

Minha Cura | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora