As luzes da sala de interrogatório feriam seus olhos sensíveis e ele mal conseguia se lembrar como veio parar aqui.
Ele sabia que Chase estava escondido em algum lugar longe, mas não fazia ideia do quão longe ele tinha conseguido ir ou se tinha conseguido escapar — talvez ele tenha sido capturado também e estivesse em uma sala de contenção a essa altura como ele estivera há algumas horas atrás — diante dele, havia um homem de meia idade, olhando para seu rosto ainda muito infantil com um pouco mais de compaixão do que ele esperava de um desses porcos de capacete branco. Havia um par de algemas prendendo seus pulsos à mesa de interrogatório, o que era estranho se parasse para pensar, já que ele poderia muito bem arrebentar as algemas e fugir com a força dos seus braços de robô, mas ele duvidava que eles saíssem intactos com o esforço e Chase o mataria se ele tivesse que consertar os braços que ele tinha acabado de atualizar para seu novo tamanho.
— Você sabe por que está aqui, criança? — perguntou ele, Nines concordou com a cabeça — Sabe que invadir um sistema de um órgão do governo é crime, não sabe? — outro aceno positivo veio da criança — Por que você fez isso?
Nines não respondeu, olhos fixos no homem na frente dele, sem piscar.
— Entendo que não queira me dizer, querida, mas não posso te ajudar se não falar comigo — o policial pediu — Alguém mandou você fazer isso?
Nines debateu sobre falar ou não com o policial por um momento, sua voz saiu levemente arrastada e enrolada quando resolveu que era melhor cooperar.
— Não, e não me chame de "querida" — exigiu olhando por baixo do cabelo escuro, o homem concordou com a cabeça — Ninguém me obrigou a nada.
— Então você fez tudo isso sozinha? Por quê? — perguntou o policial, ainda com toda a paciência do mundo — Você fez isso de propósito ou foi apenas uma brincadeira?
— Sim, tudo eu — mentiu ele — Fiz tudo sem a ajuda de ninguém, de propósito.
Ele e Kilowatt tinham feito aquilo juntos, mas o policial não precisava saber, ele não parecia acreditar que Nines tinha um cúmplice e o garoto de metal não precisava entregar a preciosa informação de que duas crianças Exe tinham invadido o sistema da polícia.
— E por que você fez isso, querida? — perguntou outra vez, ele morde o lábio — Desculpe, não vou chamar você assim de novo, como devo te chamar?
Nines pensou por um momento, mas não sabia como responder a pergunta.
— Meu nome — disse mexendo as mãos sobre a mesa — Eu queria saber o meu nome, eu quero saber o meu nome.
O homem parece surpreso com isso, como uma criança de treze anos não sabia seu próprio nome estava além de sua imaginação, ele pegou uma pasta amarelada fina com um nome escrito nela, havia apenas algumas páginas anexadas dentro dela e uma foto da pequena criminosa estava grudada na primeira página do arquivo que ele gentilmente a ofereceu, a criança a pegou assim que ela estava ao alcance de suas mãozinhas algemadas e folheou.
Nome: Nina Reed|Gênero: F| 13 anos;
Crime: invasão cibernética, crimes virtuais, roubo de informações confidenciais do governo
— Era isso o que você estava procurando esse tempo todo? — perguntou o policial — Era isso o que você queria saber?
— Sim — respondeu Nines, olhando para o policial com pura determinação em seus olhinhos de robô, ele abaixa a cabeça um momento depois e tenta coçar sua cicatriz, mas suas mãos estão longe do alcance — Mas... não parece certo.
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O Experimento Número Nove
Science FictionNines era um ciborgue projetado pelo Projeto Gênese com o objetivo de servir a humanidade, mas um acidente que expôs as crueldades que aconteciam lá dentro obrigou os cientistas a fecharem as portas. Mais de dez anos depois, as outras cobaias sobrev...