Capítulo 11: Então, esse vai ser o plano

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A comida sempre foi um tabu entre os Exes, principalmente os de classe mais baixa.

Délico sabia melhor do que ninguém sobre como era prejudicial viver a base de macarrão instantâneo e carne de terceira linha — isso quando tinham alguma — mas eles não tinham exatamente uma escolha, o único deles que poderia comprar comida de verdade era Puppy e mesmo ele tinha acesso limitado no quesito qualidade de comida.

Eles estavam restritos a uma dieta magra de coisas que eles poderiam carregar facilmente de um esconderijo para o outro e, felizmente, Zero não reclamava das barras de proteína e macarrão de copo que era forçado a comer.

Não era nem perto do ideal, mas era o que eles tinham.

Ele estava esperando Puppy voltar com o jantar e tinha acabado de colocar a mesa quando o mesmo surgiu na porta da cozinha.

— Pessoal, hoje nós vamos comer como reis! — comemorou Puppy, erguendo a sacola acima da cabeça como um troféu — O dinheiro do Nate rendeu bastante coisa, carne de verdade, rapazes.

Délico ainda encarava fixamente a chaleira de água quente fervendo sobre o fogareiro.

— Eu sei que você disse pra nunca comprar mais do que comeríamos, mas achei que não faria mal comprar um pouco a mais hoje, pro nosso querido amiguinho carnívoro — disse Puppy, o humano se aproximando e colocando a sacola sobre o balcão — Ele já deve ter sentido o cheiro a essa altura.

Eles ouviram os passos leves e apressados de Zero praticamente invadindo a pequena cozinha improvisada, Délico e Puppy o encararam enquanto ele erguia o nariz sensível no ar.

— Cheiro de carne — murmurou o albino — Cheiro bom, onde?

— Vem, Zero, temos comida — disse Puppy, balançando a mão na direção da mesa, Zero prontamente se sentou em uma das cadeiras e esperou que Délico ou Puppy o servissem.

— Vai deixar ele mimado se ficar comprando carne toda vez que recebermos um pagamento gordo — disse Délico, pegando a água fervendo e despejando em um copo plástico sobre o balcão.

— Ele mereceu, além do mais, não custa nada — disse Puppy abrindo a sacola, o vapor do cozido se espalhando pela cozinha e deixando Zero um pouco mais agitado.

Ele tirou de dentro da sacola três contêineres de isopor, parecendo pequenas panelas com tampa, Délico viu que Zero estava ficando cada vez mais inquieto, mas o albino estava fazendo um ótimo trabalho em se conter na sua vontade de pular na comida imediatamente.

Zero era o mais alto dos três e era de uma magreza quase insalubre, ele era como um cão de rua: comendo tudo o que lhe era oferecido imediatamente depois, com medo de que não houvesse uma próxima refeição; Délico entendia o motivo dele fazer isso, mas tinha que lembrar ao lupino constantemente de que ele não precisava comer tão rápido ou iria passar mal — além de ter que regular tudo o que ele comia por segurança, ou ele comeria tudo o que encontrasse até não sobrar nada.

Assim que Zero tinha o isopor destampado na frente dele com um ensopado generoso de batatas com carne e cenouras, seus olhos brilharam de alegria.

— Coma devagar, você não quer que isso acabe pelo ralo depois — disse Délico, uma advertência carinhosa antes que Zero pegasse a colher e começasse a se empanturrar de comida.

Puppy esperou Délico se juntar a eles na mesa enquanto girava a colher no molho.

— Alguma pista sobre o que tinham naquelas caixas que vimos na Boreal? — perguntou Puppy — O Nate disse alguma coisa sobre elas?

— Que era pra gente esquecer esse assunto, pela nossa segurança — respondeu Délico, pegando um pouco do macarrão com um garfo — Disse que o melhor era voltar e se esconder porque não era seguro ficar perambulando por aí.

O Experimento Número NoveOnde histórias criam vida. Descubra agora