Depois de explicar toda a situação à Érica, Nines não esperava que ela estivesse aceitando tão bem a informação de que seu amigo estava perdido e muito machucado em algum lugar das favelas Exe, ele esperava pelo menos um ataque de raiva, que ela entrasse em um frenesi de fúria, mas tudo o que ela fez foi se jogar na cadeira da sala de descanso com uma garrafa de cerveja na mão.
— Então o garoto está vivo — disse mais para si mesma do que para Nines — E o babaca do pai dele está procurando o Thomas? Já era de se esperar, se ele ainda está listado como desaparecido, então não estamos tão ruim, significa que ainda temos tempo.
— O que você quer dizer com isso? — perguntou Tornado em um canto da sala — É muito ruim ele estar desaparecido, não temos nenhuma notícia há muito tempo.
— Se ele ainda está desaparecido pro pai dele, significa que ele fugiu para algum lugar tão longe que aquele maldito rato não conseguiu rastrear — disse Érica erguendo sua garrafa na direção de Tornado — Isso é um ganho.
— Não sei se consigo ver isso como um ganho — disse o ciborgue — Mas ela está certa, é um bom sinal que eles ainda não tenham conseguido rastrear o Songbird, só temos que encontrar o garoto antes que o pai dele encontre.
— Essa é a parte difícil — concordou Érica — Se conheço bem o Thomas, ele não apareceu ainda porque não quer ser encontrado ou porque não é seguro que alguém o encontre, além do mais, o Nathaniel ainda tem o rabo preso com alguns dos ex-companheiros da máfia, chamaria muita atenção se ele aparecesse na porta dele.
Isso chamou a atenção de Nines, faria todo o sentido Songbird não ter contactado Laurent ainda se ele estivesse fugindo da máfia como Pyro disse, se o caso envolvesse a máfia e Laurent era ligado a ela — independente de qual fosse ela em primeiro lugar — faria sentido que Thomas estivesse o evitando, e não porque não confiasse em Laurent ou Nathaniel, o que ele escolhesse chamá-lo, entrar em contato com o gângster apenas comprometeria sua localização. Talvez o gângster não estivesse ligado diretamente com os desaparecimentos, mas era como diziam entre os mercenários como eles: você pode tirar o homem da máfia, mas nunca a máfia do homem.
Muito provavelmente era isso o que fazia Laurent usar seu primeiro nome para se comunicar com eles em primeiro lugar.
— Sabe se um desses "rabos presos" que ele tem são pessoas altas na hierarquia? — perguntou Nines, processando tudo.
— Na verdade, eu não sei — Érica deu de ombros, sinalizando para Nines — Tudo o que eu sei é um monte de histórias soltas sobre Songbird e Nathaniel terem crescido juntos, parece que o cara foi abraçado, ou sei lá como eles dizem, pelo pai do garoto.
Isso tornava as coisas mais interessantes.
— Então o Nathaniel foi criado dentro da máfia? Isso realmente faz mais sentido — disse Nines, se inclinando para trás na cadeira — Bate com o modo que ele opera.
— É, ele é um dos excêntricos — disse Érica — De onde exatamente você conhece o Nathaniel e o Bird?
Nines abriu e fechou as mãos robóticas algumas vezes, olhando para elas e ponderando entre contar a verdade ou dizer a elas alguma meia verdade ensaiada em sua cabeça, ele suspira e então olha para as duas mulheres na frente dele.
— Eu fui contratado para resolver um problema em um lugar que ele gerencia, o nome é irrelevante agora — disse cruzando as mãos e apoiando os cotovelos em seus joelhos — Descobri coisas acontecendo lá dentro que os funcionários estavam escondendo do Nathaniel, ou melhor, tentando esconder, então eu descobri que eles estavam sumindo com clientes dele por baixo dos panos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Experimento Número Nove
Ciencia FicciónNines era um ciborgue projetado pelo Projeto Gênese com o objetivo de servir a humanidade, mas um acidente que expôs as crueldades que aconteciam lá dentro obrigou os cientistas a fecharem as portas. Mais de dez anos depois, as outras cobaias sobrev...