Capítulo 14

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— Olha aqui - Apareceu com três cadernos de capa dura - Minha mãe só sabia escrever sobre os namoradinhos dela, bem chato, parei de ler, se quiser ficar, não tem problema. - Sentou ao meu lado e deu de ombros.

— Eu ficarei. E assim que você tiver idade suficiente e queira ler, poderá me pedir. - Baguncei seu cabelo.

— Legal. Agora podemos ir pescar? Descobri umas técnicas enquanto eu assistia YouTube. To fera. - Sorriu.

  Sorri com seu comentário. Cada vez mais esse menino ficava mais inteligente.

-

  Estávamos a mais de uma hora tentando pescar pelo menos um peixe e até agora eu só havia conseguido pescar uma alga, enquanto o baixinho ficara rindo da minha cara.

— E ai, como vai a Bibi? - Nos últimos dias o assunto garotas tinha entrado nos assuntos mais comentados de todos os nossos encontros.

— Ela nem olha pra mim. Ta afim do Bernard que joga no time da escola.

  Agora tudo começou a fazer sentido. No final de semana passado o espertinho perguntou se eu podia conversar com a avó sobre ele fazer o teste para o time da escola. A velha como sempre negou, disse que era um esporte muito perigoso e que a van não iria levá-lo aos finais de semana para os treinos e ela não iria "perder tempo" levando-o. Quando propus a leva-lo a mesma negou novamente, disse que já passávamos tempo demais "juntos", nos encontrávamos um final de semana sim e outro não. Além de insinuar que eu não era uma boa influência para o seu neto.

  Fred ficou extremamente triste, mas eu não havia entendido o motivo, ele nunca gostou de futebol, e olha que eu tentei, o levei em jogos, em finais e em encontros sobre, mas ele nunca demonstrou interesse, mas agora, com quase seus oito anos, a paixão começou a aflorar e queria uma menina para torcer por ele quando marcasse um touchdown. Assim como eu, que fiquei me achando quando Chelsea gritou por mim no meu primeiro touchdown.

— Tenho certeza que Bernad não chega perto desses seus olhos verdes. - Empurrei-o com meu ombro. - Mas fique despreocupado, tem muito peixe nesse mar e você tem só sete anos, ainda tem muito tempo para arranjar algumas namoradinhas.

— Acho que sim - Ficou cabisbaixo - Da próxima vez vou gostar de uma feia.

  Segurei a risada.

— Uma feia?

— As bonitas são muito mandonas e nem ligam para nós. Já as feias são sempre legais e carinhosas.

  Talvez ele quem deve-se me dá conselhos amorosos, e não o contrário.

— Acho interessante. Só não conte para ela que decidiu gostar dela porque não é bonita como as outras.

— Não contarei, porque ai ela vai ficar má igual as bonitas. - Puxou a linha para colocar mais isca - Aposto que a mulher que estava com sua blusa na troca de bateria no final de semana passado deve ser bem mandona e má.

  Dessa vez não consegui segurar o riso e soltei uma boa gargalhada. Geralmente eu não misturava mulheres aos nossos encontros, sei que ele lidaria bem com isso, mas sabia que nenhum dos meus relacionamentos durariam mais que uma semana e não queria que ele, com tão pouca idade, descobrisse como nós homens realmente somos, além de que confundiria o garoto, cada vez uma mulher diferente, com nome diferente e personalidade diferente, isso criaria um nó na cabeça da criança.

  Mas não consegui fazer isso com a policial de trânsito Helen, que realizou muito das minhas fantasias de mulheres com uniformes e mandona. Passamos a noite juntos de sexta para sábado, quinze minutos depois de eu ter saído da casa de Fred para levá-lo ao parque, Helen me liga para falar que precisava de ajuda com o carro, havia tentado sair da minha casa, mas a bateria do seu carro estava morta, fazia barulhos estranhos quando ela tentava ligar o carro e percebeu que havia deixado os faróis ligados, estava com medo de algo acontecer.

  Eu não poderia recusar a ajuda-la, ainda mais ela que cuidou tão bem de mim, e quando sai a deixei ainda dormindo na minha cama, não poderia falar para se virar e arrumar um jeito de ir embora. E foi assim que Fred conheceu Helen, havia falado que era uma amiga, mas o moleque não é ingênuo e somou dois mais dois.

— Ela era muito legal. - Até eu parar de telefona-la, e desde a semana passada comecei a receber multas por estacionar na vaga que sempre estacionei na frente do escritório. Que por coincidência é proibida e foi onde a senhorita cabelos dourados quebrou meu retrovisor.

— Meu amigo disse que a gente tem sempre que fazer três perguntas para saber se a garota é a ideal.

— E quais seriam essas perguntas?

  Fred olhou para mim e foi erguendo os dedinhos conforme ia me falando as tais perguntas.

— Um, você pergunta se ela já deixou alguém copiar a lição de casa dela, dois - Ergueu mais um dedo - Se ela prefere comer um hambúrguer bem gorduroso ou uma salada, três - Ergueu mais um dedo - Perguntar se ela já saiu alguma vez desarrumada.

— Interessante - cocei o queixo pensativo, acho que eu deveria fazer isso em algum momento - Bibi gosta de comer hambúrguer?

— Acredita que ela me falou que prefere salada? Quem em sã consciência prefere salada? - Olhou para mim incrédulo.

  O seu choque me fez dar boas risadas, mas não era por todo mal. Quando levo uma mulher a um bom restaurante e ela pede salada e nem come tudo porque está "saciada", nunca foi um bom sinal.

— Como seu amigo pensou nessas perguntas?

— Ele tem um irmão mais velho. Ele também falou que se você falar para uma garota que tem três bolas, ela sempre deixa você mostrar o taco.

  Esse eu tinha que testar com a papai tem uma vinícola.

— Acho melhor vc não tentar esse último, você pode ser preso por assédio. - baguncei o seu cabelo.

— Eu nem sei o que é assédio. - Deu de ombros.

  E cai na gargalhada.

Brincando Com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora