Capítulo 1 - Camila

559 25 2
                                    


O dia está tão cinza, a dor que invade o meu peito é a maior dor que já senti na minha vida, como ele se foi assim? Nos dois tínhamos tanto para viver e agora eu estou aqui e as lagrimas molham meu rosto sem parar, eu não consigo acreditar que perdi o meu porto seguro, eu perdi meu chão ao saber que eu não tenho mais o meu pai, um homem honesto e digno, eu sei que ele estava cheio de dívidas a pouco tempo, eu estava até estagiando na empresa de um amigo dele para tentar mais dinheiro para sustentar a casa, mas de nada adiantou, agora nada adianta, eu perdi tudo, eu não consigo me conformar com o fato de ter perdido meu pai, ele é tudo para mim e agora sim, eu estou perdida. — Penso olhando para o céu e nesse momento a minha mãe aparece ali.


— Camila, você está aí chorando, mas o imprestável do seu pai nos deixou sem nada, não temos dinheiro nem mesmo para se manter nessa casa o que vamos fazer. — Diz seriamente.


— Mãe, a senhora pode respeitar o meu luto? — Pergunto deixando as lágrimas caírem no meu rosto!


— Enquanto você chora aí a vida continua, ele morreu e não vai levantar daquele caixão. — Diz a minha irmã.


— Vocês duas não tem coração, o que querem de mim agora? — Pergunto enxugando as lagrimas com as mãos!


— Precisamos de uma casa, eu não vou trabalhar, não tenho condições. — Diz a minha mãe.


— Você já trabalha maninha, só você pode nos ajudar! — Diz irônica.


— Não tenho dinheiro para sustentar o luxo de vocês duas, o máximo que posso fazer é tentar uma casa em algum morro! — Afirmo e minha mãe olha assustada.

— Está louca? — ela pergunta nervosa, a minha mãe é uma patricinha da alta sociedade e nunca que ia aceitar morar em um morro!

— Então vai morar embaixo da ponte. — Digo séria. Eu me levanto e continuo. — Quanto tempo temos para sair daqui?

— Hoje é o prazo, querida irmã! — Diz cheia de graça.

— Fiquem aqui, eu vou ver no morro aqui perto, o Complexo do Alemão, lá o aluguel é bem mais barato, isso é tudo o que eu posso no momento, quando eu conseguir um emprego melhor nos saímos de lá, eu prometo! _ Digo e me levanto, eu faço um coque e enxugo melhor meu rosto, eu desço as escadas e saiu de casa e vou caminhado na rua, assim que chego na frente do morro sou rodeada por homens e eles estavam exageradamente armados.

— O que a Patricinha faz perdida na floresta, não tem medo do lobo mal? — Um deles pergunta e os demais começam a sorrir!


— Eu quero falar com o seu chefe!


— A patricinha saiu do asfalto para dar para Monstro. _ Outro diz sorrindo!


— Ou, eu exijo respeito, eu não sou vagabunda, não vim aqui fazer nada disso e se continuar falando assim de mim eu vou responder à altura. — Digo séria.


— A Patricinha não sabe o perigo que corre na favela, tem sorte que fiquei paradinho na sua beleza, por isso eu não vou considerar sua afronta, mas cuidado, o chefe não leva desaforo para casa e cinco minutos com essa sua língua afiada perto dele será seus últimos minutos na Terra. _ Ele diz e logo sai dali de moto. Eu continuo ali parada um tempo até que chega um homem todo tatuado, ele era negro de pele clara. O mesmo usava um boné preto e estava sem camisa mostrando seu lindo peitoral.

A Escolhida do TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora