Capítulo 7 - Lizzie

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Não.

Não!

Parem!

Por favor!

Parem.

Os dois soldados continuavam, sem perderem tempo. As amarras machucavam os meus punhos e os meus braços estavam doloridos de ficarem por tanto tempo para cima. Era difícil respirar com a máscara de ferro que me mantinha calada, não importasse o que acontecesse. Minhas lágrimas percorriam pelos meus olhos, molhando o interior da máscara gelada.

Eu era feliz...Antes de tudo.

Por favor...

Rezo a Grande Mãe que olha para todos os seus filhos com o olhar misericordioso que me ajudasse a sair dali com vida.

Rezo ao Caldeirão que matasse aqueles humanos que se divertiam dia e noite com aquilo.

Rezo a Grande Deusa Tríplice que rogasse pelos meus pais brutalmente assassinados.

Por favor.

***

Acordo em um susto, suada e com dificuldade de respirar. Coloco a minha mão contra o meu peito, tentando me desacelerar meu coração para conseguir me lembrar como se respirava. 1...2...3...4...Respira...1...2...3...4...Inspira. Repito o procedimento várias vezes até me acalmar, então me deito lentamente com a cabeça no travesseiro, contendo a minha vontade de chorar. Uma das minhas mãos livres desceu até o meu ventre e tocou na longa cicatriz antiga que havia lá.

Não vou conseguir dormir de novo, sei disso. Então passo o punho pelos meus olhos para secá-los e me levanto da cama. Odeio esses pesadelos. Fazia um bom tempo que eles tinham se intensificado e se tornado mais fortes. Procuro a minha vela na escuridão, porém ela já tinha se apagado quando finalmente a encontro. Merda.

Esqueço a vela e desço pela a escada de madeira, com cuidado para não acordar ninguém. Assim que chego na cozinha, caminho até o armário de comidas e pego uma jarra de leite, que já estava em um recipiente de ferro, ou seja, era só colocá-lo em cima do fogão a lenha que ferveria rapidamente. Eu geralmente misturava o leite com um pó da semente de cacau que ficava delicioso, mas como eu tinha me esquecido de comprar isso no mercado, terei que beber leite puro. Eca.

Rapidamente acendo o fogão e uma vela perto da pia, tentando fazer a menor quantidade de barulho possível. Assim que me viro, me deparo com Azriel parado perto da escada, de braços cruzados. Não me assusto tanto, pois já passei pela fase da Honey saltar de qualquer lugar para me assustar. Acho que perdi o medo.

- Dificuldade para dormir? - pergunto, brincando.

- Não estou acostumado em dormir cedo - ele comentou, se sentando em um dos brancos altos na bancada. Seus cabelos pretos caiam sob seus olhos de forma que o deixasse com uma aparência sombria e bela.

- Como assim? - apoio os meus cotovelos nus na bancada de pedra, curiosa. Ele deu de ombros.

- Eu era alguém ocupado demais para dormir antes das três da manhã - Azriel comentou.

- Estou fazendo leite quente. Quer um pouco? - perguntei, sendo educada. Ele assentiu com as suas sombras brincando com o topo das suas asas. Me viro para verificar a bebida que não tinha começado a ferver ainda - Posso te fazer uma pergunta pessoal?

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