onze

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DUAS SEMANAS ATRÁS

Era quarta-feira e Helô acabara de pousar em NY.

Foram longas 13h e uma escala que a fizeram repensar em toda sua vida.

De repente, voltando para casa, Helô esbarrou com a concurseira de delegada que ela era há anos atrás.

Foi um caminho árduo e cheio de obstáculos que a fez chegar onde estava.

Por vezes foi, também, uma jornada solitária, mas a delegada sempre foi boa em lidar com a solidão.

Havia um peso nas mãos da delegada que diferia entre o certo e o errado.

E sendo uma delegada, Helô quase nunca se deixava levar por algo que não fosse a razão, o exato, as provas. E nesse momento, tudo o que estava exposto diante de si era o que ela mais temia como pessoa e, principalmente, como uma pessoa da lei: estar errada.

Errou quando foi e errou quando voltou. Os pesos nas mãos já não eram mais sobre o certo e o errado. Eram sobre o querer e o que estava certo.

O certo era ela voltar para a sua vida em NY, exercer sua função e livrar Stênio e sua família de algo que pudesse matá-los.

Mas o querer era ela ficar e encarar as consequências disso. Se deixar viver e voltar para quando ainda acreditava que o amor estava acima do bem e do mal.

Mas tudo à sua volta, as mensagens, as chantagens, a faziam voltar para os eixos. Ela era delegada, escolheu isso desde que se entende por gente. Teve que voltar, teve que arrumar um jeito de cuidar das pessoas e tem que prender quem ameaça a integridade física das pessoas, especialmente de quem ela ama.

Essa era Heloísa Sampaio. Uma mulher da lei.



23 ANOS ATRÁS (2000)

"E ai, como estamos?" O mais velho perguntou entrando no cômodo e sentando na poltrona que tinha no escritório.

"To exausta." Ela enfim se rendeu, deixando as costas secarem por completo na cadeira e a cabeça cair para trás. "Mas ainda tenho muita coisa para estudar."

"Helô." Stênio a chamou, se levantando e iniciando uma massagem nas costas da mulher. "Você é polícia. Deus sabe o quanto é terrível para mim admitir isso, mas você é boa demais com a arma, com o que faz. E nós dois sabemos que, basicamente, a maioria das coisas que caem na prova para ser delegada é sobre o treinamento e a vivência de um policial. Não estou dizendo para você não estudar, mas você está exausta." Ele concluiu e Helô já tinha os olhos fechado, aproveitando a sensação boa das mãos do marido.

"Ó: Preparei uma comidinha ótima, alimentei a Drika, coloquei ela para dormir e depois que você tambem comer, posso colocar Um Lugar Chamado Notting Hill e te fazer uma massagem." O advogado sugeriu.

"Não sei, Stênio. Não terminei de estudar ainda."

"Amanhã eu estudo com você, prometo." Ele disse e abaixou o rosto para distribuir alguns beijinhos estalados pelo rosto da esposa.

"Amanhã tem a festa do Moretti." Ela o lembrou. "Você não ia?"

Stenio sorriu contra a pele da mulher.

"E perder a chance de estudar direito com você e ficar com a nossa filha?" Ele virou a cadeira, fazendo Helô ficar de frente para ele. Os dois sorriam. Stênio a beijou rápido nos lábios. "Jamais."

Helô riu sentindo o nariz dele passeando suavemente pelo seu pescoço, dando uma fungada em lugares específicos. As duas mãos da futura delegada foram para o rosto do homem, direcionando os lábios dele aos seus, onde o beijou.

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