Capítulo 13

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Por fim, o suspense durou até o meio dia. Um pouco antes de o sinal tocar para todos irem embora, a classe ficou sabendo da suspensão por quatro dias de Marcela. Laís e Fabiano respiraram aliviados. Ufa! Ela voltaria!


Apesar de se sentir mais leve, Laís sentiu um aperto na garganta quando atravessou os portões da escola lembrando que no dia seguinte Marcela não se sentaria ao lado dela. Fabiano, como se estivesse adivinhando os pensamentos da amiga, passou as mãos sobre os ombros dela e murmurou:


− Ah, Lalá! Quatro dias passam rápido.

− Eu sei.

− Então abra um sorriso – Fabiano colocou os dedos sobre cada lado da boca de Laís tentando puxar um canto para cada lado. – Pronto, você sorriu.


   Laís massageou o rosto, fazendo uma careta.


− Puxa, você forçou minha boca.

− Não seja chata. Vamos tentar falar com Marcela de noite. A recém ela deve ter ido para casa com os pais chatos que tem. Você sabia que os pais da nossa amiga são um porre?

− Não – Laís lembrou que nunca Marcela havia comentado nada sobre sua família. – Nem podia sonhar.

− Os pais são enjoados. Ela tem dois irmãos mais velhos e Marcela é a única garota. Então você já pode imaginar o quanto eles a incomodam por causa do jeito dela.

− Que coisa chata.

− Bastante – então Fabiano deu um cutucão em Laís. – Acho que sua irmã está lhe esperando ali.


 

Fabiano, sem discrição alguma, apontou escandalosamente para onde Renata estava. Mesmo que não estivessem próximas, Laís percebeu o olhar de desdém da irmã para ambos. Despedindo de Fabiano, ela pediu, quase implorando:


− Se você souber alguma coisa de Marcela, me avise, por favor.


 

Laís não esperou a resposta de Fabiano, ela aproximou-se apressada de Renata. Um pouco irônica, ela comentou:


− Fiquei sabendo da suspensão da sua amiga. Saiu barato.

− Achei injusto. A minha agressora não levou castigo nenhum.

− Claro que não! Ela foi agredida por Marcela. E não o contrário.

− Aquela vadia atirou a bola de propósito em mim.

− Não sei. Eu não estava lá para saber.

− Pois é a verdade é esta.

− Bem, você sabe o motivo.

− Motivo do quê? Pela bolada que levei?

− Claro. É o que dá você andar com aquela desajustada. As meninas estão contra você agora.


 

Laís estrebuchou de raiva. Renata fazia tudo ficar pior. Controlando-se para não explodir, ela decidiu se manter em silêncio até chegarem em casa. Lá dentro, Sandra já começava a pôr a mesa. Excepcionalmente naquele dia o pai viria almoçar em casa. Laís esperava ansiosamente que a mãe houvesse esquecido o incidente da manhã.


− Olá, garotas! – cumprimentou ela, dando um beijo em cada filha.

− Oi, mãe – responderam as duas ao mesmo tempo.


 

Enquanto Laís colocava a mochila sobre o sofá escutou a mãe perguntar:


− Como você está, minha filha?

− Eu?

− Sim. A bolada ainda está doendo muito?

− Ah... Não, mãe. Até já tinha me esquecido. Está tudo ótimo.

− E como ficou a tal de Marcela?


 Renata estava em silêncio, talvez aguardando o melhor momento para se manifestar.


− Pegou quatro dias de suspensão.

− Nossa, então a briga foi mesmo feia.


 

Laís se sentou à mesa com pouca fome. O pai já estava chegando e a mãe queria que todas elas o esperassem chegar antes de iniciarem a refeição.


− Na minha opinião a pena foi pesada.


 

Renata sentou em frente à irmã e deu a sua declaração:


− A pena foi pouca. A voadora que a Marcela deu na Lia foi algo revoltante.

− Ei, pare de mentir, garota! – Laís falou com a voz alterada, encarando Renata. – Não foi voadora nenhuma. E Lia mentiu. O pontapé mal pegou nela.


   

Rindo debochada, Renata comentou:


− Dizem que ficaram as marcas das travas da chuteira de Marcela no estômago dela.

− Mentira. Você não viu nada. Como pode falar isto como se fosse verdade?


 

Sandra interrompeu a discussão, abismada:


− Esperem um pouco você duas. Como assim voadora? E que travas de chuteira são estas? A Marcela usa chuteiras, assim como os meninos?

− Mãe – Renata permaneceu com seu tom irônico – você precisa ver como a Marcela é feminina.


  

Sandra não teve tempo de dizer mais nada, pois o pai chegou justo naquele momento e a discussão se encerrou. Laís também se calou, mas ficou furiosa com a irmã. Sabia que mais cedo ou mais tarde a mãe iria fazer perguntas. E conforme a pressão, ela teria que começar a mentir.

AMOR ENTRE GAROTASOnde histórias criam vida. Descubra agora