Capítulo 63

146 9 0
                                    


O fato de Marcela ter trocado de turma trouxe benefícios para Laís. Além não se verem muito, até o ambiente em sala de aula se modificou. Ela passou a participar mais das atividades, destacando-se entre os colegas. Com Fabiano, Laís conversava raramente e somente virtual. Quando se encontravam no corredor da escola ou na lanchonete, Fabiano fazia que não a conhecia. André achou ridículo o comportamento do rapaz e disse o que todo mundo sabia: Marcela influenciava negativamente Fabiano.

Certo dia, na lanchonete, André e Laís aguardavam na fila para serem atendidos. De repente, o rapaz roubou um beijo de Laís, surpreendendo-a. Encantada, a garota o beijou mais demoradamente, não se importando em estar em um lugar público. Quando o casal se desgrudou, sem querer os olhos de Laís pousaram justamente nos de Marcela. Ela era a última da fila e assistira de camarote toda a pegação dos dois. Marcela a fuzilou com o olhar mais gelado de todos os tempos. Laís desviou em seguida e se pendurou em André. Evitou dizer qualquer coisa a ele, limitando-se a ficar mais próxima do seu corpo, ansiando proteção. Marcela, ao assistir aquela cena de amor e tesão explícito, amassou a nota de dinheiro que trazia nas mãos e desapareceu da lanchonete.

Ela iria pagar. Cretina!

*

No sábado, Laís e André combinaram de dar um passeio até a praia. O garoto que completara 18 anos poucos meses antes acordou cedo para buscar a namorada. Animado, ele estacionou o carro nas proximidades do prédio de Laís e para lá se dirigiu. Sabia que antes de iniciarem a pequena viagem teria que ouvir uma série de recomendações de Sandra e Walter. Laís o esperava ansiosa. Seria a primeira viagem com o namorado e quem sabe, a primeira transa entre os dois. Depois de todos os discursos dos pais para terem cuidado na estrada, Laís puxou André em direção à porta, dizendo:

− Está bem, pai. Juro que nos comportaremos direitinho.

− Quero a Laís no máximo até às seis horas da tarde aqui em casa, André – enfatizou Walter.

− Sim, senhor. Eu a trarei sã e salva.

Empolgado, o casal saiu depois de se despedirem. De bom humor e aos beijos se dirigiram até o carro. Quando André deu a volta para abrir a porta do motorista, praguejou:

− Filha de uma puta!

Laís já estava colocando o cinto de segurança e olhou para André, espantada. O namorado olhava desolado para a lataria do carro, com as mãos na cintura e uma expressão sombria. Ela saiu imediatamente e foi até ele.

− O que aconteceu? O pneu furou? Nossa, mas o que é isto?

Toda a lateral do carro havia sido arranhada com algum objeto pontudo. O estrago tinha sido grande.

− Algum imbecil não tinha nada melhor o que fazer e arranhou todo o carro do meu pai.

− Será que o seguro cobre?

− Sei lá. Espero que meu pai não me culpe por alguma coisa.

− Não há porque ele responsabilizar você. Foi uma... fatalidade.

Fatalidade. Enquanto olhava desolada para a pintura danificada do automóvel, a imagem de Marcela era uma constante na sua mente. André pegou o celular e ligou para o pai contando o fato. Depois de desligar, disse:

− Meu pai vai vir até aqui com o carro do meu irmão para podermos viajar. Daqui ele levará este para a oficina. Bom, nosso passeio não foi para o brejo.

− Puxa, que situação chata.

− Você sabe quem foi.

Ela gelou.

− Como?

− Você sabe quem foi a autora do crime – afirmou André, sarcástico.

Ante o silêncio da namorada, André foi mais taxativo ainda:

− Foi a Marcela.

− Será? – perguntou Laís em tom baixo.

− Aposto todas as minhas fichas. Eu não tenho dúvida nenhuma. Ah, se eu puser as mãos naquela garota...

Não demorou muito e o pai de André apareceu. Entregou as chaves do outro carro para o filho e os dois jovens pegaram a estrada. O fantasma de Marcela rondou a mente de Laís durante todo o passeio.

*

Propositadamente, Laís não contou nada aos pais sobre o ocorrido. Apesar de querer manter o fato escondido, foi André quem revelou tudo à família da namorada durante o almoço de domingo, em uma churrascaria.

− Meu pai vai gastar uma boa grana para arrumar a lataria do carro.

− O que houve com o carro de vocês, André? – Sandra quis saber, casualmente.

O garoto olhou para Laís e perguntou bem surpreso:

− Você não contou nada para eles?

Todos os olhares se fixaram em Laís. Quase engasgada com o pedaço de carne que trazia na boca, ela disse tentando fazer de conta que tudo o que se passara tinha sido normal:

− Eu... sabe que eu esqueci? O passeio foi tão legal que eu...

Sandra interrompeu:

− O carro deixou vocês na estrada?

− Nada disto. Quando descemos para pegar o carro do meu pai encontrei a lataria completamente arranhada do lado do motorista.

− Isto que eu chamo de vandalismo – comentou Walter, balançando a cabeça.

Laís se sentia completamente constrangida, principalmente porque os olhos da irmã não saiam de cima dela.

− Mas vocês viajaram do mesmo jeito? – Renata perguntou curiosa.

− Não. Chamei meu pai e ele veio no carro do meu irmão mais velho. O outro foi levado para a oficina por ele.

Formou-se um silêncio esquisito na mesa e Laís estava ansiosa para trocar de assunto. Não teve tempo.

− Está com jeito de ter sido a Marcela – comentou Renata ferina.

− Também achei – André concordou com cara de poucos amigos.

Sandra encarou a filha mais nova mostrando-se preocupada.

− Ela ainda está importunando você, Laís?

− Nem um pouco. E estamos em turmas diferentes, lembra? Eu pouco a vejo.

− Não duvido de nada – Walter mostrava todo seu desagrado. – Abram o olho com esta garota. Nunca sabemos o que pode vir dela.

Laís não disse nada. Limitou-sea comer o churrasco, torcendo que todos estivessem enganados.    


Curtam minha página no Face! Deixem mensagens, conheçam minhas novidades, passem lá!

http://bit.ly/1qxO6yN

AMOR ENTRE GAROTASOnde histórias criam vida. Descubra agora