O fato de Marcela ter trocado de turma trouxe benefícios para Laís. Além não se verem muito, até o ambiente em sala de aula se modificou. Ela passou a participar mais das atividades, destacando-se entre os colegas. Com Fabiano, Laís conversava raramente e somente virtual. Quando se encontravam no corredor da escola ou na lanchonete, Fabiano fazia que não a conhecia. André achou ridículo o comportamento do rapaz e disse o que todo mundo sabia: Marcela influenciava negativamente Fabiano.
Certo dia, na lanchonete, André e Laís aguardavam na fila para serem atendidos. De repente, o rapaz roubou um beijo de Laís, surpreendendo-a. Encantada, a garota o beijou mais demoradamente, não se importando em estar em um lugar público. Quando o casal se desgrudou, sem querer os olhos de Laís pousaram justamente nos de Marcela. Ela era a última da fila e assistira de camarote toda a pegação dos dois. Marcela a fuzilou com o olhar mais gelado de todos os tempos. Laís desviou em seguida e se pendurou em André. Evitou dizer qualquer coisa a ele, limitando-se a ficar mais próxima do seu corpo, ansiando proteção. Marcela, ao assistir aquela cena de amor e tesão explícito, amassou a nota de dinheiro que trazia nas mãos e desapareceu da lanchonete.
Ela iria pagar. Cretina!
*
No sábado, Laís e André combinaram de dar um passeio até a praia. O garoto que completara 18 anos poucos meses antes acordou cedo para buscar a namorada. Animado, ele estacionou o carro nas proximidades do prédio de Laís e para lá se dirigiu. Sabia que antes de iniciarem a pequena viagem teria que ouvir uma série de recomendações de Sandra e Walter. Laís o esperava ansiosa. Seria a primeira viagem com o namorado e quem sabe, a primeira transa entre os dois. Depois de todos os discursos dos pais para terem cuidado na estrada, Laís puxou André em direção à porta, dizendo:
− Está bem, pai. Juro que nos comportaremos direitinho.
− Quero a Laís no máximo até às seis horas da tarde aqui em casa, André – enfatizou Walter.
− Sim, senhor. Eu a trarei sã e salva.
Empolgado, o casal saiu depois de se despedirem. De bom humor e aos beijos se dirigiram até o carro. Quando André deu a volta para abrir a porta do motorista, praguejou:
− Filha de uma puta!
Laís já estava colocando o cinto de segurança e olhou para André, espantada. O namorado olhava desolado para a lataria do carro, com as mãos na cintura e uma expressão sombria. Ela saiu imediatamente e foi até ele.
− O que aconteceu? O pneu furou? Nossa, mas o que é isto?
Toda a lateral do carro havia sido arranhada com algum objeto pontudo. O estrago tinha sido grande.
− Algum imbecil não tinha nada melhor o que fazer e arranhou todo o carro do meu pai.
− Será que o seguro cobre?
− Sei lá. Espero que meu pai não me culpe por alguma coisa.
− Não há porque ele responsabilizar você. Foi uma... fatalidade.
Fatalidade. Enquanto olhava desolada para a pintura danificada do automóvel, a imagem de Marcela era uma constante na sua mente. André pegou o celular e ligou para o pai contando o fato. Depois de desligar, disse:
− Meu pai vai vir até aqui com o carro do meu irmão para podermos viajar. Daqui ele levará este para a oficina. Bom, nosso passeio não foi para o brejo.
− Puxa, que situação chata.
− Você sabe quem foi.
Ela gelou.
− Como?
− Você sabe quem foi a autora do crime – afirmou André, sarcástico.
Ante o silêncio da namorada, André foi mais taxativo ainda:
− Foi a Marcela.
− Será? – perguntou Laís em tom baixo.
− Aposto todas as minhas fichas. Eu não tenho dúvida nenhuma. Ah, se eu puser as mãos naquela garota...
Não demorou muito e o pai de André apareceu. Entregou as chaves do outro carro para o filho e os dois jovens pegaram a estrada. O fantasma de Marcela rondou a mente de Laís durante todo o passeio.
*
Propositadamente, Laís não contou nada aos pais sobre o ocorrido. Apesar de querer manter o fato escondido, foi André quem revelou tudo à família da namorada durante o almoço de domingo, em uma churrascaria.
− Meu pai vai gastar uma boa grana para arrumar a lataria do carro.
− O que houve com o carro de vocês, André? – Sandra quis saber, casualmente.
O garoto olhou para Laís e perguntou bem surpreso:
− Você não contou nada para eles?
Todos os olhares se fixaram em Laís. Quase engasgada com o pedaço de carne que trazia na boca, ela disse tentando fazer de conta que tudo o que se passara tinha sido normal:
− Eu... sabe que eu esqueci? O passeio foi tão legal que eu...
Sandra interrompeu:
− O carro deixou vocês na estrada?
− Nada disto. Quando descemos para pegar o carro do meu pai encontrei a lataria completamente arranhada do lado do motorista.
− Isto que eu chamo de vandalismo – comentou Walter, balançando a cabeça.
Laís se sentia completamente constrangida, principalmente porque os olhos da irmã não saiam de cima dela.
− Mas vocês viajaram do mesmo jeito? – Renata perguntou curiosa.
− Não. Chamei meu pai e ele veio no carro do meu irmão mais velho. O outro foi levado para a oficina por ele.
Formou-se um silêncio esquisito na mesa e Laís estava ansiosa para trocar de assunto. Não teve tempo.
− Está com jeito de ter sido a Marcela – comentou Renata ferina.
− Também achei – André concordou com cara de poucos amigos.
Sandra encarou a filha mais nova mostrando-se preocupada.
− Ela ainda está importunando você, Laís?
− Nem um pouco. E estamos em turmas diferentes, lembra? Eu pouco a vejo.
− Não duvido de nada – Walter mostrava todo seu desagrado. – Abram o olho com esta garota. Nunca sabemos o que pode vir dela.
Laís não disse nada. Limitou-sea comer o churrasco, torcendo que todos estivessem enganados.
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AMOR ENTRE GAROTAS
Fiksi RemajaLaís muda de cidade e começa a frequentar uma nova escola. Novos professores, novos colegas e um novo... amor. Marcela, a garota de cabelos vermelhos virou a cabeça de Laís e transformou toda sua vida. Para o bem e para o mal. Acompanhe minha nova h...