Capítulo 31

247 13 6
                                    

Na verdade, Laís não estava se sentindo muito à vontade em ir à churrascada. Seria bem melhor que fossem somente os pais. Estava feliz de pelo menos o pai não ter sido excluído de nenhuma confraternização da empresa por causa dos últimos eventos. Mas... puxa, Laís não desejava nem um pouco ir. Contudo, a barra estava tão suja para o lado dela que não houve alternativa senão ter que aceitar a convocação. Seria no mínimo constrangedor se topasse com algumas pessoas que por acaso houvessem assistido o show de terror protagonizado por Marcela. Bem, o negócio era encarar.

A festa era na cobertura de um belo prédio do outro lado da cidade. Quando a família chegou, Laís conseguiu identificar rostos conhecidos de pessoas que haviam estado na festa anterior. Envergonhada, a jovem fez de conta que não era com ela. Baixou a cabeça, mal cumprimentou os demais e tentou se esconder atrás de Renata. Até levar um cutucão.

− Quer parar de se comportar como uma criança?

Laís olhou para a irmã e murmurou:

− Acho que estão todos olhando para mim.

− Olhando por quê? Por sua beleza?

− Não – respondeu Laís enfezada. – Você sabe o motivo.

− Então sinto lhe dizer que você está muito enganada. Ninguém aqui está prestando atenção na sua pessoa.

Ela até se sentiu mais aliviada. Foi quando o telefone tocou. E era Marcela. Naquele momento os pais estavam em uma rodinha conversando com alguns amigos e Renata a olhou estranhamente.

− Quem está ligando para você?

Laís não respondeu. Saiu de perto da irmã e foi para um lugar mais afastado para poder falar melhor. Sabia que o humor da namorada não devia estar dos melhores.

− Oi.

− Onde você está?

Sim, Marcela estava furiosa. A voz fria denunciava.

− Ora, na festa. Onde mais poderia estar?

− Aquela mulher está aí?

− Que mulher? Ah! Claro que não.

Laís não se deu ao trabalho de olhar em volta para checar a informação. Do outro lado da sala o pai fazia um gesto para que ela se aproximasse. Certamente queria lhe apresentar alguém.

− Tem certeza?

− Claro. Marcela, meu pai está me chamando.

− Mas eu não terminei de falar com você.

Walter a encarava aborrecido.

− Marcela, eu vou até ele. Acho que pretendem me apresentar para alguma pessoa.

Fez-se silêncio do outro lado da linha.

− Depois eu ligo – grunhiu Marcela.

− Está bem. Eu...

O celular ficou mudo. Tímida, Laís se aproximou do pai e do círculo de amigos e por ali ficou. Mais tarde subiram para a cobertura onde a vista para a cidade era maravilhosa. Ela ficou junto a mãe e Renata e mais algumas colegas de Walter. Apesar de a conversa estar animada, Laís não sentia a menor vontade de interagir. O telefonema de Marcela a incomodara. O ciúme da namorada era algo difícil de lidar.

Uma meia hora depois da primeira ligação Marcela voltou a entrar em contato. Suspirando, Laís pediu licença e foi para um lugar mais afastado da cobertura. Percebeu os olhos da mãe em cima de si.

− Oi, amor.

− E aí? Como estão as coisas?

− Bem.

− Está gostando da festa?

− Estou. Têm umas pessoas bem legais aqui.

− E ela?

− Ela quem?

− Aquela mulher chegou?

Laís suspirou.

− Não, Marcela. Ela não chegou e nem vai chegar. Pare de se preocupar com isto, está bem? Você não tem confiança em mim?

− Tenho certeza de que ela vai flertar com você novamente.

− Eu não vou dar bola se isto acontecer. Pare com esta besteira.

− Vou jantar agora.

E novamente Marcela bateu o telefone na cara de Laís. Quando ela retornou para perto da mãe, Sandra perguntou:

− Quem era?

− Marcela.

Sandra revirou os olhos e voltou a conversar com as outras mulheres. Renata sussurrou para a irmã:

− Até quando você vai aguentar esta maluca lhe controlando?

Uma voz conhecida fez Laís congelar.

− Boa noite, gurias! Como estão vocês?

Foi uma gritaria. Todas se voltaram para a Andréa, a poderosa chefe. Laís teve vontade de sumir. Se Marcela descobrisse, ficaria possuída. Teria que mentir caso ela ligasse novamente.

Laís cumprimentou Andréa com um leve aceno de cabeça e virou o rosto em seguida. Ela não estava disposta a encarar a mulher depois de tudo o que acontecera. O churrasco foi servido, alguém resolveu cantar e a bebida era farta. Depois de algum tempo, Laís relaxou e se divertiu um pouco com as piadas. Também era bom ver o pai tão integrado aos novos colegas.

Foi quando alguém propôs uma selfie.

Coisa mais chata, pensou Laís, pensando seriamente sair de fininho Porém, Andréa a puxou pelo braço e ambas acabaram ficando lado a lado durante a pose. A selfie saiu feita pelo pai que, imediatamente, tratou de marcar todos na foto e postar no Facebook. A animação aumentou e Laís aos poucos começou a sentir sono. Encostada em Renata ela tirou uma boa soneca.

Às duas horas da manhã os pais decidiram finalmente ir embora. Foi quando Laís reparou que havia três ligações perdidas de Marcela no celular. Ela não havia escutado nada devido à barulheira e ao sono. Laís sabia que a namorada deveria estar louca e isto a deixou um pouco preocupada. Porém seu sono era tanto que não teve tempo de se importar. Foi dormindo dentro do carro, chegou em casa e se atirou na cama, exausta. O sono foi pesado e sem sonhos.

AMOR ENTRE GAROTASOnde histórias criam vida. Descubra agora