Capítulo 36

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Apesar de os pais não terem sido favoráveis, Laís não abriu mão de passar a noite de sexta-feira com Marcela. Desde a briga durante o jogo de vôlei e o posterior pedido de desculpas, Marcela se mantinha tranquila. André, o pivô de tudo, continuava flertando com Laís, porém bem mais discreto. Ela não tinha certeza se Marcela havia percebido isto, mas pelo menos o comportamento da namorada vinha sendo exemplar.

Os pais de Marcela haviam ido viajar e só voltariam no domingo à noite. Os irmãos mais velhos praticamente não paravam em casa e segundo Marcela eles deveriam estar com as namoradas ou virando a noite em festas. Isto significava que o enorme apartamento onde Marcela morava era somente delas.

− Nunca entrei em um apartamento tão grande e bonito – elogiou Laís ainda na porta.

Marcela explicou:

− Minha mãe adora decoração. Ela passa garimpando coisas para enfeitar a casa. Nossos móveis são trocados uma vez por ano.

− Puxa, mas por que tão rápido? Nem dá tempo de estragarem.

Balançando os ombros, Marcela respondeu:

− Ela é assim mesmo. Enjoa fácil das coisas.

Marcela pegou Laís pela mão.

− Venha, quero lhe mostrar meu quarto.

Laís ficou encantada com o quarto da namorada. Era todo branco, uma cama de casal enorme e com pôsteres na parede de algumas bandas de rock. Do lado esquerdo havia uma prateleira cheia de bichinhos de pelúcia. Laís riu quando viu todos aqueles ursinhos coloridos e fofos.

− Ei, não sabia que você gostava de ursinhos!

Imediatamente Laís pegou um no colo e acariciou. Aquele tinha cheirinho de novo ainda.

− Ah, isto é coisa da minha tia – Marcela fez uma careta. – Ela é minha madrinha. Acha que vai me deixar mais feminina se me encher destes troços.

− Não fale assim, amor. Eles são todos uns fofos!

− Pode pegar para você. Só não estão cheio de pó porque a empregada deve passar um paninho.

Laís olhou o quarto ao redor e comentou:

− Puxa... e eu que achava o meu quarto legal. Adorei o seu.

− Sério?

− Claro. Muito legal mesmo.

− Venha morar aqui então.

Laís deu uma gargalhada, mas depois viu que Marcela não estava brincando.

− Bem, eu... Você sabe que não posso. Meus pais não deixariam. E acho que os seus também não.

− Meus pais talvez nem percebessem. Eles mal param em casa.

Houve um silêncio um pouco constrangedor. Marcela dificilmente falava sobre os pais, mas desta vez Laís percebeu algo mais. Os dois eram ausentes. Talvez nenhum se importasse com a filha. O comportamento agressivo de Marcela poderia ter raiz na falta da presença dos pais em sua vida.

− Está com fome? Estou a fim de inventar uma pizza. Aliás, é a única coisa que eu sei fazer mesmo.

As duas riram e foram para a cozinha. Marcela fez uma pizza de calabresa e comeram chocolate de sobremesa. Depois, mais tarde, elas foram para a salinha de vídeo ver um filme. Laís suspirou:

− Nossa... Acho que engordei uns três quilos.

− Eu também. Parece que estou grávida de um elefante.

Laís adormeceu por alguns minutos sem se dar conta. De repente despertou com Marcela sobre si.

− O que foi, amor? – gemeu ela.

A garota sentiu os lábios da namorada no pescoço.

− Vamos transar... Estou com saudade...

Na verdade, Laís não se sentia com muita vontade de fazer amor. Porém, se negasse, Marcela podia ficar magoada. No fim as duas transaram e terminaram por dormir entre as almofadas da sala de vídeo. Eram dez horas da manhã quando Marcela deixou Laís na frente do prédio.

− Vamos nos ver mais tarde? – perguntou ela.

− Que tal irmos dar uma volta de bicicleta?

− Está bem. Eu ligo para você.

− Certo.

Asduas trocaram um beijo apaixonado e Laís entrou no prédio. Que Deus conservassesua namorada bem calminha. 

AMOR ENTRE GAROTASOnde histórias criam vida. Descubra agora