Naquela noite Laís e Renata não conversaram mais. Sequer se olharam. Os pais perceberam que algo havia acontecido, mas decidiram ficar quietos. Mais cedo ou mais tarde ambas resolveriam suas diferenças.
No entanto a bomba explodiu no dia seguinte, durante o café da manhã. De ótimo humor, Walter anunciou:
− Garotas, hoje estou com mais tempo. Querem uma carona?
− Sim, pai - concordou Renata, olhando de soslaio para a irmã.
Por sua vez, Laís disse:
− Obrigada, pai. Mas eu vou com a Marcela.
Sandra comentou um pouco irônica:
− Não sabia que Marcela tem carro.
− Ah, ela não tem - respondeu Laís calmamente comendo um pedaço de pão. - Nós vamos a pé.
− Bem... − Walter ainda insistiu. - Vocês não querem um carona? Ainda não conheço esta sua amiga.
− Preferimos ir caminhando, pai. Assim teremos mais tempo para nos curtir.
A mesa ficou em silêncio. Renata teve vontade de se esconder embaixo da mesa quando se deparou com os olhos surpresos dos pais. Sandra foi a primeira a se manifestar:
− Como assim? Não entendi o que você quis dizer. Curtir?
− Mãe, pai - e Laís encarou a ambos. - Estamos namorando.
Walter tentou manter a serenidade, ainda que o café da manhã quase estivesse lhe engasgando.
− Namorando quem?
− Marcela. Eu e a Marcela estamos namorando.
− Desde quando? - Sandra indagou voltando-se para a filha, brusca
− Oficialmente desde ontem.
Silêncio. Sandra fez menção de falar alguma coisa, mas Walter fez um sinal para que ela silenciasse. O restante da refeição foi feito com todos calados. Laís se sentia aliviada por já ter contado tudo. Quanto mais demorasse para revelar o relacionamento, pior seria. Agora, no entanto, tudo estava resolvido. Ela se levantou para ir ao banheiro, escovou os dentes, passou um pente nos cabelos e ajeitou a roupa. O interfone tocou. Laís correu para atender sob o olhar atento da família.
− Quem é? Ok, já estou descendo.
Pegando a mochila e com um sorriso nos lábios, Laís se despediu de todos já correndo em direção à porta:
− Tchau, gente!
− Ei, espero você para almoçar em casa hoje! - alertou Sandra sentindo-se muito desconfortável com aquela situação.
Laís nem respondeu. A porta bateu com força, deixando Renata, Walter e Sandra se encarando surpresos.
− Como é esta tal de Marcela, minha filha? - perguntou Walter curioso, mas também descontente.
− Bem, pai - Renata tentou escolher as melhores palavras possíveis para não chocar nenhum dos dois. - Ela é uma criatura esquisita. Não é nada feminina. E também não tem um comportamento bom.
− Claro que não tem! - exclamou Sandra empurrando a xícara para o lado sem fome nenhuma. - Esta delinquente acertou uma voadora em um colega semana passada e pegou dias de suspensão. Mas eu não imaginava que o relacionamento delas era amoroso!
− Vamos ter calma, meninas - ponderou Walter. - Pode ser fogo de palha. Depois esta empolgação passa.
Renata encarou o pai e disse:
− Não sei se passará tão cedo. Laís está impressionada com a Marcela desde o primeiro dia de aula. E digo mais. Me contaram que esta garota é meio maluca. Há uns dois anos ela teve uma namoradinha também. Quando a outra não quis mais nada com ela, Marcela fez um barraco. Foi muito chato. A ex-namorada teve que trocar de escola.
Sandra ficou pálida.
− E agora, Walter? O que vamos fazer?
Nem ele sabia o que dizer.
− Vamos ver como as coisas ficam. Se for o caso, vamos intervir.
− Desde já aviso que sou contra este namoro. Não apenas por Laís estar namorando uma garota, mas por ser uma desajustada conforme Renata falou. Estou preocupada. Muito preocupada.
− Calma, mãe. Como disse o papai, vamos dar tempo ao tempo. Vai que a coisa não fica tão ruim assim?
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AMOR ENTRE GAROTAS
Ficção AdolescenteLaís muda de cidade e começa a frequentar uma nova escola. Novos professores, novos colegas e um novo... amor. Marcela, a garota de cabelos vermelhos virou a cabeça de Laís e transformou toda sua vida. Para o bem e para o mal. Acompanhe minha nova h...