Fraco.

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"A lua olhou para o sol e notou a sua beleza incomum.

Em um tom indiferente, ela pronunciou as palavras: "Você é fraco".

E fechando o seu coração, o sol decidiu se tornar forte".


O vento batia com força contra os pelos brancos de Dmitry ao tempo em que ele corria por meio das árvores da floresta. A sua pele estava sendo machucada por causa dos galhos de ponta fina e a sua respiração acelerava ainda mais a cada passo, pulando entre as pedras e escalando os troncos firmes daquela mata extensa e sombria. As suas patas doíam e pediam por um descanso, mas a mente do animal estava a mil, vibrando.

Já era de noite. A lua estava posta no céu e as estrelas estavam escondidas embaixo das enormes nuvens pesadas e cheias d'água. A chuva fraca aos poucos tornou-se em uma tempestade momentânea, com raios e relâmpagos ao alto e com o cheiro forte de grama molhada cercando todos os arredores.

O cheiro embriagou Dmitry, que ainda corria e bufava, sem desviar a sua atenção de um caminho sem saída. Ele uivou alto e ao ver que estava perdido, deixou-se cair em um lugar desconhecido, a sua pelagem molhada tombando sobre o chão e a sua barriga ficando à mostra, exposta para que qualquer um pudesse ver.

Fechando os olhos pequenos por causa do sono, o lobo bufou mais uma vez e não demorou a espirrar devido ao seu focinho estar úmido demais graças ao tempo frio. Sentindo as suas entranhas se revirarem e os seus pensamentos percorrerem por toda à sua mente, o ômega abriu os olhos novamente e rosnou de forma fraca ao ver uma fonte de água.

Dmitry não sabia onde estava e muito menos como tinha parado ali, mas se sentia sortudo pela vista tão satisfatória. Não muito distante de onde se encontrava descansando, uma imensa nascente de água jazia uma beleza extraordinária, com uma cachoeira esvoaçante e com rochas musgosas, enfeitadas por flores aromáticas, como rosas e lavandas. A paisagem era natural, vinda das montanhas.

Querendo se rastejar em direção ao olho-d'água, Dmitry rugiu ao sentir uma pata prendendo o seu corpo contra o chão. Erguendo a cabeça, ele rosnou com toda a sua rigidez ao ver outro lobo, desconhecido e assustador, cheirando a sua barriga. E, então, não demorou muito para que ficasse em pé e para que a sua força voltasse, empurrando o lobo estranho e o fazendo bater as costas contra o tronco de uma árvore.

Batendo a sua pata contra o chão e rosnando, Dmitry uivou.

— Eu te achei de novo, falso alfa — disse o lobo, fazendo com que Dmitry o reconhecesse finalmente, rosnando. Aquele era o lobo que encontrou há semanas, que o incomodou. — Como ousa erguer a cabeça para mim? — perguntou em um fio de voz, a saliva escorrendo de seus caninos afiados e longos.

— Você fede, cachorro. — Dmitry não se importou de dizer, fazendo uma careta. O seu focinho estava sendo machucado pelo cheiro agressivo que o alfa liberava. Ele estava muito forte e preenchia todo o local. — É incrível como você é fraco, como não consegue se controlar. Você é podre.

O lobo desconhecido debochou, grunhindo.

— Eu sinto o seu cheiro, ômega medíocre. Ele é mais forte do que o meu.

Dmitry engasgou, porque aquilo não era verdade. Aquilo não podia ser verdade. Ele não tinha cheiro, ninguém podia senti-lo. Ninguém podia.

— Mentiroso.

E partindo para cima do alfa, o ômega não se importou de agarrá-lo, montando em seu pescoço e derrubando-o no chão, começando a mordê-lo com as suas presas amoladas. Ele não demorou a ser jogado para longe, mas isso não o machucou. Novamente, Dmitry ficou em pé, partindo para cima do lobo preto, sendo manchado pelo sangue que saiu de suas costas ao ser arranhado.

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