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Levei a mão ao lado esquerdo da mandíbula quando senti um incômodo, e minha expressão provavelmente não foi a melhor, já que Max riu alto ao olhar para meu rosto.

— Dor de dente? — Perguntou ela de maneira debochada.

— Não. — Neguei imediatamente, mas ela se colocou de pé, pulando a fogueira entre nós.

— Pare de mentir. — Max virou o restante do conteúdo em sua garrafa, antes de jogá-la no chão. — Eu vi quando abriu seu Switchel com o dente.

Neguei com a cabeça, mas o incômodo latejante não cessava.

— Você disse há uns quarenta minutos que buscaria um abridor pra mim, e se eu fosse te esperar voltar sabe-se lá de onde, morreria de sede.- Beberiquei mais uma vez a garrafa, sentindo o prazer da bebida doce, picante e com um toque ácido. Switchel era inexplicável, mas por ser completamente natural, era minha favorita.

— Certo.— Max dançava com os ombros, e eu não precisava de nenhum outro indicador para entender que ela já estava bêbada, porque era tímida demais para dançar em qualquer outra ocasião. — Já volto.— Disse ela mais uma vez, me deixando sozinha na roda de seus próprios amigos.

Olhei em volta, agora sentindo a brisa fresca que vinha das árvores e açoitava meus cabelos. O local da festa em si que estávamos ficava perto da trilha de Downton Connector, algo entre o rio Scioto e a rodovia de W Spring. Eu ficava constantemente observando cada detalhe do local, como se tivesse medo da reserva se mudar de lugar e ficarmos perdidas para sempre.

A realidade é que, embora eu soubesse muito bem o caminho de volta, morria de medo de um erro no GPS me fazer errar a estrada e chegar tarde demais em casa. Meu pai odiaria, e seria embaraçoso demais explicar a ele que eu não estava retiro da igreja como o havia informado.

— Ah, tá bom.— Um sotaque britânico chamou minha atenção enquanto eu soltava ao meu lado outra garrafa vazia de Switchel. O rapaz loiro se sentou de frente para a fogueira, no tronco em que Max estava, e conversava com dois amigos. — Isso se supostamente você tivesse essa jurisdição pra essas coisas. O que eu acho difícil. Em uma guerra de zumbis, o Chefe de Estado ainda teria o controle do exército, e você não conseguiria nenhum apoio deles  sendo sonegador e comunista. — O trio de amigos parecia ter um assunto muito privado e restrito, com piadas internas, e então sorri antes de abrir outra garrafa.

— O Secretário de defesa tem o controle.— Falei baixinho, apenas para mim, como se lembrasse de uma das frases de efeito da minha série favorita.

— O que você disse?- O rapaz falou, me olhando nos olhos através das labaredas alaranjadas. Ele tinha cabelos encaracolados e curtos, e, do ângulo que eu via, parecia um pouco loiro. Seu olhar intenso me queimava de dentro pra fora.

— Nada. — Respondi de forma rápida. — Pensei alto, desculpe.

Os amigos do britânico pareciam o estilo bad boy que todo mundo tem medo. Ele, apesar de ser menor, gesticulava de forma mais intimidadora do que todos os outros. Certo, eu já tinha vinte anos e um trio de rapazes em uma festa de universitários no meio do nada não deveriam me assustar, mas eu estava vulnerável. Primeiro, o ensino médio não foi o mais gentil comigo em termos de bullying. Segundo, a única pessoa que eu conhecia ali era a universitária bêbada que se dizia minha melhor amiga, mas que não me servia como apoio em caso de defesa.

— Você está certa.— O rapaz sorriu de lado, e uma covinha se exibiu do lado direito de seu rosto. — Realmente, o controle do exército está nas mãos do Secretário de Defesa do país. É. — Aqueles que o acompanhavam aparentavam não estar mais interessados na conversa, já que ambos riam de algo nos telefones que acendiam o tempo inteiro com notificações.

As Órbitas do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora