Sete semanas haviam se passado desde o incidente da festa de universitários da trilha de Downton Connector, e nada de muito efetivo havia mudado. Max e eu conseguimos manter nossas duas versões da história sem maiores complicações, e depois de tanto tempo, nem nós nem nossos pais se lembravam do assunto para que ele fosse questionado.
O único rastro que me entregaria era aquele que eu não conseguia deixar para trás: Blake Dempsey.
Neste momento, eu trocava mensagens com ele, e não pude evitar de soltar uma risada fora de hora quando ele me mandou um áudio cantando de forma desengonçada a música "Only you".
— Permita-me advinhar.— Max soltou o rodo em um canto qualquer, cruzando os braços. — Estamos rindo por causa do "Tenente Dempsey"— Ela revirou os olhos.
— Não é tão legal quando você fala.— Resmunguei, colocando o celular no bolso traseiro da calça. — Mas tudo bem, é uma piada nossa mesmo.
— Andrea, pelo bem de nós duas, você sabe que devia parar de falar com esse cara. — Torci o pano em um balde e devolvi para ela, devolvendo-o seco para o chão, antes de olhá-la.
— Ele não tem nada a ver com a confusão que arrumamos. — Declarei. — E o Blake é muito legal. Não consigo me desfazer disso.
Max me encarou por alguns instantes antes de pegar outro pano para limpar as cadeiras. Nós duas sempre limpávamos a igreja aos sábados, então fazíamos as coisas no automático.
— Você vai conhecer muitos caras legais, Andie. Não é por causa de uma noite que você...
— Sh...— Eu a bati nas pernas com o cabo do rodo, e Max saltou com o susto. — Está maluca? Aqui não!
— Como se Deus não soubesse o que você fez!— Max fez um movimento rápido de perdão diante da cruz. — O que eu quero dizer é que ainda não vejo o que Blake quer com você. E no que você pode acrescentar a ele.
— Você também aprontou muito naquela noite, viu?— Sussurrei, ainda que nossa conversa ecoasse pelo vasto salão. Ainda bem que estávamos sozinhas. — E como assim "o que quer comigo"? Acha que não sou atraente, Max?
— Ah, eu...— Ela se enrolou, enquanto continuava sua incansável tarefa de limpar os bancos. — Não foi isso que quis dizer. Você sabe! Garotos como ele, fazem faculdade e conhecem uma garota diferente a cada festa. Só não quero que se machuque.
Joguei o pano novamente no balde, satisfeita com a limpeza concluída do chão.
— Não há porquê me machucar. Não é como se eu estivesse apaixonada. Só estamos conversando, não nos vemos desde aquela noite, então, o que há de errado nisso?
Max bufou, tirando o celular do bolso e mexendo no telefone.
— Certo. Sei como ocupar sua cabeça!— Ela rolou mais um pouco a tela do celular, antes de encontrar o que procurava. — Que tal fazer esse vestido pra mim? Quero usar no próximo...— Ela olhou em volta, os olhos castanhos procurando por alguém. — Evento da faculdade.
Peguei o telefone para enxergar melhor.
Era uma foto do instagram, onde uma das várias influencers de Columbus posava em um bonde de rua todo decorado para o festival das flores. A peça em questão era um vestido azul com estampa de bolinhas, decote em "V" e um laço na cintura com algumas voltas.
— É bonito...nela.— Falei, devolvendo o telefone.— Mas vai ficar muito vulgar em você. Olha o tamanho dessa fenda na perna, não, vou ter problemas se fizer esse vestido. — Max fechou a cara pra mim. — Sinceramente, você devia parar de idealizar sua vida como a dessas garotas que você segue. Elas são ricas, Max. E isso faz uma baita diferença entre você e ela.
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As Órbitas do Sol
Non-Fiction- Beatrice é como o sol. Quente, central e atrativa. Nós somos as estrelas que habitam o seu sistema, mas assim como ele, contamos histórias através do tempo. ________________________________________________ Este livro é derivado da duologia "Onde...