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Diane e eu pegamos uma chuva terrível desde o encontro na lanchonete com as meninas. Agora, estávamos encolhidas no ponto de ônibus, na falsa esperança de que ele decidisse passar mais cedo.

— Então é isso.— Diane foi a primeira a começar a falar, depois de tanto silêncio. — Andrea está grávida, uau. Você já sabia?

— Não, ela não tinha se sentido confortável para me contar. — Sorri. — Mas estou muito feliz por ela.

A garota Madison pareceu me avaliar um pouco antes de prosseguir.

— Está mesmo?— Perguntou.— Digo, porque, bem, vai ter uma criança na sua casa. Uma criança que não é sua. Está tranquila com isso?

Fiz que sim.

— Sei que tem poucas semanas, mas eu realmente gosto da Andrea. Sinto que nós todas estávamos destinadas a nos encontrarmos, sabe? — Ela concordou, tentando prender o cabelo molhado em um coque. — Não acho que a criança será um problema, mas, se quer saber, Andrea não vai morar comigo por muito tempo.

— Acha que o pai dela vai acolher ela agora que está grávida?— Diane arregalou os olhos verdes.— Jura, ela quer isso?

— Não. Estou falando de Blake.— Assumi.— Ele foi ontem lá em casa, não tivemos tempo para conversarmos mas tenho certeza que os dois ficarão juntos.

Ela me cutucou com o pé, sorridente.

— Está dizendo que vai preparar uma operação cupido?

— Isso tem mais cara da Beatrice. Viu como ela enfiou a Scarlett dentro da caminhonete daquele cara?— Nós duas gargalhamos.— Não, mas não vai ser preciso fazer nada. Os dois se gostam, vai dar certo.

— Então você tem o feeling do amor? — Ela parecia empolgada.

— Eu só sei reconhecer quando uma coisa foi feita para acontecer.— Expliquei.— Acredite, Andrea não vai ficar na minha casa por muito tempo depois que o cara souber da gravidez. Não mesmo.

Diane Madison se esquivou para meu lado quando um carro passou em alta velocidade e jogou um pouco de água da chuva nela.

— Ela disse quando vai contar pra ele? Estou ansiosíssima por esse desfecho.

Sorri. Diane era uma das novinhas do grupo, ao lado de Beatrice e Lilli, ambas tinham dezesseis anos. Era perceptível como as três tinham a visão do mundo diferente da nossa, que infelizmente já fora corrompida pela vida adulta e as consequências dela. Naquele momento, vendo os olhos dela brilharem apenas por fantasiar um clichê de filmes, senti que eu realmente precisava da inocência e doçura delas por perto, porque eu sentia falta de ser assim.

— Ela foi da lanchonete direto para uma entrevista de emprego ali nas redondezas, mas já pediu para encontrar Blake hoje. Acredito que ele vai buscá-la na entrevista e eles vão para um café ou algo do tipo. — informei, e Diane bateu palminhas.

— Legal.— Percebendo que a chuva começava a estiar, a menina desceu as pernas do banco.— E você, o que vai fazer hoje?

— Considerando que é meu dia de folga...vou dormir.— Nós rimos.— E depois vou arrumar a casa, nada demais.

Assim que terminei a fala, um ônibus encostou com todo cuidado logo a nossa frente.

— Bom, esse é o meu.— Diane se pôs de pé.— Preciso estudar para alguns testes então, qualquer novidade, me mantenha informada, por favor.— Fiz que sim, e então ela se inclinou para o meu lado como se fosse me abraçar, mas pareceu desistir no meio do caminho, como se preocupada com o que eu acharia. Me levantei então e a abracei.

As Órbitas do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora