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Depois dos fatos acontecidos daquela noite, por incrível que pareça, percebi que eu tinha sorte e estava casando com o cara certo. Aquela fora nossa primeira briga. Felizmente, depois de ter me dado as costas e saído do hospital, descobri que Jordan era muito melhor do que eu, e aquela era minha sorte. No lugar dele, eu teria ido embora com rancor e orgulho e provavelmente entraria em contato depois de três ou quatro dias, mas não foi isso que ele fez. Jordan Hammar voltou cerca de duas horas depois, com flores e chocolate, dizendo que se sentiu um grande idiota por discutir comigo enquanto eu estava no hospital e que odiou profundamente nossa primeira briga. Naquele momento, eu estava em observação após um breve desmaio, mas fui liberada pra casa durante a madrugada e fui muito, muito mimada por ele.

Agora, eu me olhava vestida de noiva e todas essas coisas passavam por minha cabeça. Era primeiro de Setembro. Faltavam quinze dias para meu casamento mas, com a correria do trabalho, organização do casamento e as visitas para a casa nova, aquela era a primeira vez que consegui vestir meu vestido. Respirei fundo. Eu nunca havia idealizado um casamento, nem mesmo quando era pequena. Mas agora, eu me encantava com os nós bem dados que o destino ajeitava em nossas vidas, que encaixavam tão bem como aquele vestido. As coisas foram acontecendo de maneira desplanejada e simples e, quando vi, eu não só estava apaixonada por um cowboy como planejava uma vida com ele, em questão de meses. Se eu dissesse isso para mim mesma há um ano, pareceria uma loucura descabida, mas eu nunca trocaria uma única vírgula da história nova que eu construía.

一 Scarlett.一 Briella abriu o provador, colocando o rosto para dentro da cabine.一 Ah, nossa, uau, você está linda.一 Ela sorriu de canto, mas logo depois seu semblante fechou e Brie balançou a cabeça.一 Acho que foi uma péssima ideia trazer a Bea e a Diane no mesmo horário. Acho que elas estão brigando.

一 O quê?一 Imediatamente, me coloquei para fora do provador, os olhos vasculhando a loja. Eu havia até mesmo esquecido que usava um vestido de noiva, então puxei o tecido para cima, tentando não amarrotar.一 Onde elas estão?

Encontrei, há quatro cabines da minha, um cabelo loiro e outro vermelho encostados em uma porta. Reconheci de longe que eram Lilli e Andrea, e deduzi que as outras estivessem fechadas dentro de uma dessas.

一 Ei!一 Cochichei, fazendo sinal para que as duas curiosas corressem até mim, tentando não me movimentar tanto com aquele vestido caro.

一 Eu amo a Diane mas acho que ela apanharia muito.一 Comentou Briella ao meu lado, e dei uma cotovelada entre suas costelas.

Andrea e Lilli vieram até nós.

一 O que elas estão falando?

A mãe das trigêmeas tinha os olhos marejados, e Lilli estava boquiaberta.

一Você sabia que o pai da Diane sequestrou ela quando ela tinha cinco anos, colocou drogas na mochila dela e depois morreu em um confronto com a polícia na fronteira da Virgínia?

Briella, ao meu lado, levou as duas mãos à boca.

一 Ai meu Deus, tadinha da Di.一 Sussurrou.

一 Sim, eu sabia.一 Inspirei, sem desviar a atenção da cabine que não aparentava nada grave. Escutava-se apenas murmúrios, mas eu não conseguia entender. As meninas fizeram uma expressão feia para mim.一 O quê? Ah, gente, sou policial, acha mesmo que não procurei registros da família de todas vocês?

Foi a vez de Briella me devolver a cotovelada na costela, e não tive o direito de reclamar.

一 V..vo..você, o quê?一 Lilli me olhou, trêmula. Ela tinha certeza que o segredo do abuso que sofrera do tio estava guardado a sete chaves, e mesmo que eu nunca tivesse tocado no assunto antes, de certo modo, fiquei feliz em transmitir a ela um olhar de conforto. Sem que as outras duas percebessem, agarrei a pequena mão dela e fiz um carinho por de trás do volumoso vestido.

As Órbitas do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora