Chegava a véspera da véspera de natal na casa dos Miller e de última hora dava pra ver duas pessoas atordoadas em volta da árvore recém chegada. Exatamente, Joel e Tommy deixaram para comprar o principal símbolo do feriado dois dias antes dos preparativos para as festas começarem.
Sarah, que todo dia implorava para comprar a árvore, declarou guerra contra o tio e o pai. "Eu disse pra comprar antes, agora vocês que façam tudo isso sozinhos."Joel mexia em algumas caixas descidas do sótão da casa tentando desenroscar os piscas piscas. Sem paciência, o homem puxava os fios com força, quebrando três ou mais luzinhas de natal. "Porra. Mas que merda." Reclamava ele ao ligar na tomada e ver que quase nenhuma prestava mais. "Caralho, cara." Tommy olhava ele com as mãos na cintura e a boca entre aberta, indignado. "Nem funciona mais."
Joel soltou um suspiro pesado, baixando os ombros quase desistindo de decorar a árvore. Mas então se lembrou do suborno da mulher que morava com ele e se levantou do chão, convencido de que antes dela chegar da rua teria terminado o serviço ali. "Me ajuda aqui Tommy." Ele jogou um festão roxo na direção do irmão e mandou ele rodar, fazendo assim a árvore ficar bem no meio daquela coisa cintilante. Joel e Tommy pararam do lado um do outro vendo o começo de algo.
"Que horror." Sussurrava Sarah para si mesma. Ela batia algumas claras com um garfo a pedido de Ana para o cheesecake, sentada na poltrona da sala assistindo ao seu novo show de natal preferido: "Como arruinar a decoração de natal, estrelando um pai puto e um tio perdidaço." Sarah não conteve o riso ao ver Tommy jogar pra cima algumas bolas fazendo malabarismo, sem saber que eram de cerâmica, e em poucos segundos ouvir xingamentos nada leves por as ter despedaçado.
Não era algo muito fácil trabalhar em dupla com Tommy. Joel o encarava repetidamente, balançando a cabeça em negação ou revirando os olhos. Contudo, ainda se segurava para não rir das piadas previsíveis do irmão. "Vocês sabem onde o Papai Noel gosta de ficar quando tá de férias?". Perguntava com os semblantes arqueados e as mãos entrelaçadas uma na outra. "No ho-ho-ho-hotel!". E lá ia ele de novo, rindo da própria piada.
"Nossa." Riu Sarah. "Deus!? Por que eu nasci no meio dessas pessoas? Por um acaso foi um castigo?". A menina parava de bater o garfo, falando para o céu fingindo se comunicar com aquele ser celestial.
Fazendo tudo o que Ana pediu, Sarah foi terminando as suas tarefas do feriado ao mesmo tempo que os dois finalizavam o que quer que estavam fazendo lá. No fim da tarde os três estavam jogados no sofá da sala, admirando a linda aberração da decoração natalina. "A gente conseguiu." Joel constatou vendo a obra. "Ficou uma merda, mas ninguém pode dizer que não tentamos." Tommy disse. Eles se entre olharam e depois só escutaram a respiração deles e o latido do cachorro do vizinho.
"Por que os elfos se sentem tristes?". Sarah e Tommy olharam torto para o mais velho ali. "Porque eles têm baixa elfo-estima." E de repente, seguindo o pai e o tio, Sarah não pode resistir a vontade de rir. O cômodo foi tomado por três gargalhadas incontroláveis que os deixaram sem fôlego e da cor de pimenta. "Que droga ah... Meu Deus pai."
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"O que é isso?" Sebastian encostou os dedos no papel de presente na mesa, vendo a filha embalar algo. "Um presente para Sarah." Disse, não se preocupando com a presença do pai.
Sebastian Wilson era ex fuzileiro naval da marinha, ele era um homem de respeito na cidade por ser veterano da guerra do golfo e por ter sido comandante. Se aposentou logo depois de ser dispensado com honras militares, quando Ana tinha só dez e a esposa começava a ser tratada por sua doença desconhecida pelos médicos. Ele não era um cara família, nunca fora, mas aprendeu a amar a mãe da filha e fez de tudo dentro do seu possível para dar uma vida boa para Ana.
Não tinham intimidade para falar qualquer coisa, mas eram pai e filha que se gostavam e entendiam o lado um do outro. Sebastian não era cristão, então quando soube que ela passaria mais um dos natais na casa de Joel, não brigou ou fez cena. Aceitou, era tudo o que fazia. Ele sempre soube que Ana se sentia bem na família deles e se martirizava um pouco, pensando as vezes que não tinha dado o que a filha precisou verdadeiramente, o seu amor.
"Hm." Sebastian se curvou na mesa, puxando a cadeira e sentando de frente para ela. Ele ficou a vendo por alguns minutos sem dizer nada, começando a bater as unhas na mesa, inquieto. "O que foi pai? Quer falar algo?" Ana levantou o rosto, parando o que fazia. "Eu só..." Ele coçou a cabeça repleta de cabelos brancos, calculando o que falaria. "Você...?". "Eu não me importo que você passe as festas na casa dos Miller, mas eu queria saber se essa noite eu poderia jantar com vocês?" Perguntou deixando a surpresa. "Ouhn."
Era a primeira vez que ele pedia para participar do natal deles, e não ache que ela queria excluir o pai ou coisa do tipo. Todos os primeiros três anos Ana perguntou, pediu, quase implorou para o pai participar do jantar, mas era sempre um 'não' diferente. Consequentemente ela foi parando de convidar já que nunca tinha uma resposta favorável.
"Mas se não der, tudo bem. Não precisa fazer mais comida ou coisa assim. Eu fico em casa mesmo." Ele tentou tirar as mãos de cima da mesa, mas Ana as pegou com as suas e apertou. "Claro que você pode ir, papai. Você sempre será bem vindo lá." Ana sorriu para o pai, o que foi para ele reconfortante. "Você diz isso como se a casa fosse sua." Ele disse rindo, o que a fez soltar um som ao contrair os lábios de forma convencida. "Aquela casa é tão minha quanto deles." E era mesmo.
Ana sorriu mais uma vez para ele e se voltou para o presente na mesa. Sebastian continuou no mesmo lugar, agora ajudando a filha e aproveitando o tempo que passava com ela.
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We Are Family - Joel Miller
Fanfiction𝗟𝗜𝗩𝗥𝗢 𝟭 | NÓS SOMOS FAMÍLIA 𝗘𝗟𝗔 𝗦𝗘𝗠𝗣𝗥𝗘 𝗘𝗦𝗧𝗘𝗩𝗘 𝗔𝗢 𝗦𝗘𝗨 𝗟𝗔𝗗𝗢 𝗣𝗔𝗥𝗔 𝗖𝗨𝗜𝗗𝗔𝗥 𝗗𝗘 𝗦𝗔𝗥𝗔𝗛. E Joel ganhou na loteria quando se deu conta que ela estaria também cuidando dele e do seu irmão Tommy. Ela era a babá d...