capitulo 18: Faces

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O silêncio  se estende como uma longa cortina de canto a canto, posta sobre luz criando não um véu negro, mas sim uma fina camada que toma de todos a visão. Retorcida e um tanto encolhida, onde em seu toque leve não se desmancha, sobre os pés a frente a ilusão se quebra. 

O ritmo da caminhada do trio estava  bem rápido, Dinis ficava incomodada de correr pela grama tão gasta sem suas botas, Cristóvão  mantinha sua expressão neutra, se guiava por meio do cheiro que sentia, a fumaça  negra junto ao seu corpo ajudava nisso. O menino ainda levava nas mãos a espada, tinha medo dela  acertar quem estava na sua frente ou atrás dele. Ela balançava de um lado para o outro, os olhos do pequeno se focavam um tanto em seu brilho, refletia um tanto da longa floresta escura e de quem estava nela. Mesmo sem uma aparente presença  de alguém além do trio, era bem visível que espalhado por ali tinha pedaços de roupas, armas e capacetes. O que acabava com o silêncio  era o som do rio que corria bem ao lado. Em meio de tanto caos sua água cristalina demonstra que pode haver um tanto de pureza, mesmo em um grande cemitério  cheio de coiotes que caçam aqueles que já se foram. 

O ritmo diminuía um tanto, a fumaça negra criada bem próxima ao rosto de Cristóvão pelo mesmo se  dispersava, as amostras que tinham algo errado estavam começando  a aparecer. A presença de armas se tornava maior, junto de máscaras  de cavalo marinho, as mesmas cobrindo o rosto de corpos ao chão. Sobre as peles tinha uma camada branca, essa que fazia os corpos brilharem. Todos espalhados  campo aberto, cada um mantinha para si uma posse, se olhasse de relance poderia pensar que eram estátuas. 

ao redor deles lírios. 

Isso chamou a atenção  de Dinis, ao tocar em um deles, percebeu que a camada era mais grossa do que pensava, não era simplesmente  algo visual, ou um tipo de decomposição  estranha. A mulher deu um soco sobre um corpo, mas ao mesmo não aconteceu nada, aquela camada era realmente resistente. Curiosa levou sua mão para retirar a máscara no rosto do corpo, diferente  do que pensava, puxar ela não foi nada complicado, mas isso trazia também um espanto, não havia rosto. 

Não era como se existisse  uma camada mais grossa branca, o rosto realmente não estava presente ali, só era um simples vazio sem nada. Cristóvão  tirou a máscara daquele perto de si, somente encontrou o vazio, o pequeno fincou a espada no chão e fez o mesmo, não havia nada ali também. 

— Nunca vi algo parecido com isso. Eu chamei vocês porque eu tinha encontrado o que eu achava ser umas esculturas bizarras, mas chegando mais perto era outra coisa. Será que eles foram atacados por algum Zelo estranho? É muito parecido com as coisas que eles expelem. 

— Segurou o braço com força. — Não, isso é muito perfeito para um ser irracional  criar. Parece que algo gastou muito tempo fazendo isso, talvez seja assim como os grifos uma criatura  única dessa floresta que usa o próprio  fogo dos Nobres para criar uma prisão. — Estalou os dedos. — Isso não é semelhante às suas habilidades, pequeno? 

— Pelo o que eu senti não. Parece uma habilidade bem única, assim como as de vocês. Talvez nem todos os Sancus sejam amigáveis como vocês dois. —  Abraçou a cintura de Dinis. — Você não quer descobrir quem fez isso? Ele parece ser um bom artista, isso não te daria muito dinheiro? 

— Se abaixou puxando o menino e colocando em seu ombro. — Acho que a moça não vai querer saber quem foi, para lidar com tantos máscaras de cavalo marinho ele deve ser bem forte. — Soltou um bocejo. — Isso pra mim tem cara de algo muito pessoal, assim como uma vingança. Essa pessoa não viu as coisas boas que a morte traz, não está  aceitando seu destino. Eu como um herói lendário desdenho pessoas assim. 

Dinis assentiu e viu escondida ao meio do arbusto uma bolsa, com passos rápidos chegou nela e abriu. 

— Isso é bem interessante! 

O ar era partido como fosse cortado com uma poderosa lâmina que o desfigurava  e ecoava mais seu som. Sua velocidade era imensa chegava de lado e ia para outro em um instante, seu corpo forte tornava tudo mais fácil, sua longa cauda tocava nas copas das árvores,  suas asas criavam um leque poderoso, suas garras atravessavam tudo a sua frente, seu bico criava um longo canto.. 

Fritz olhava de longe o grifo de grande porte, o maior de todos, com as penas mais brilhantes, a montaria do irmão de seu mestre, Dionísio. O corvo esperava o deus, enquanto isso bicava árvores atrás de um petisco, o resto do cervo deixou um gosto amargo.

 — Desculpe pela demora, eu estava terminando de enterrar alguns zelos. Essa floresta virou de cabeça para baixo em tão pouco tempo. — Assobiou, o Grifo pousou ao seu lado. — Hanz está bastante arisco, isso quer dizer que tem algo de errado em algum canto daqui. Incrível como os homens do toque de Midas conseguiram entrar aqui tão facilmente. 

— Surgiu na sombra de Dionísio. — Nem me diga isso, eu e um sacerdote de Apolo tivemos uma luta é tanto com um deles, esses seres foram criados de um modo artificial, mas tem muito poder. Estou com vontade de ir para a Orfeu. — voou ficando em cima da cabeça de um grifo. — Ainda não consigo acreditar que você realmente virou um coveiro, gosta desse trabalho? 

O deus chegou bem perto de Fritz, levando suas mãos em direção  ao grifo, abriu uma bolsa amarrada no animal e tirou uma ânfora, junto dela um recipiente.

 — É melhor do que ser babá  de órfãos, ou um erudito que por acaso parece que quer abrir uma escola estranha. Fico feliz com minha posição  atual, posso me embebedar o suficiente para mim esquecer das coisas que acontecem uma depois da outra. — Encheu um recipiente. — Quer molhar um pouco essa garganta seca? Sua garganta está mais seca que o comum. 

— Assentiu. — Eu com certeza quero! Pelo menos, posso  parar de pensar na Theodor. 

Dinis não poderia conter seu sorriso, em meio de papéis e mais papéis, se tinha uma boa quantidade de moedas e ouro. Cristóvão se interessou  mais nas coisas mais formais, livros e mais livros, o menino não viu nada de interessante, foi em direção  a sua espada e foi pegar sua espada  fincada no solo, abriu bem as bases e segurou firme no cabo a puxando, mas o mesmo não  conseguia a levantar. 

—  me deixa  te ajudar. 

Ao abrir os olhos depois de fazer muito força, se deparou com um homem com uma máscara de cavalo marinho, o mesmo chutou o menino para longe e tirou a espada da grama, o homem avançou contra o menino, mas antes que a lâmina chegasse ao seu pescoço, ela foi quebrada por um chute de Dinis. 

— Hey, essa é  a minha mercadoria preciosa! Não  ouse machucar o pequeno! Ele  pode perder bastante do valor assim! 

— Não me importo com o valor de nada! Vocês devem ser aqueles que acabaram com meus subordinados! Não pense que irão escapar. 

Dinis chegou mais perto, o líquido começou a escorrer de seu pescoço, antes de sua cabeça  se desgrudar por completo, sentiu ser amassada por uma mão, era Cristóvão.

— Eu fico para lutar com ele! Descanse um pouco. 

The Seven in ChainOnde histórias criam vida. Descubra agora