Capítulo 2

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Jully:

Hoje acordei com meu coração ansioso, nos meus 25 anos nunca me aproximei de uma favela, nem para olhar de longe, mesmo morando no Rio de janeiro e cuidando de crianças carentes e que necessitam de um novo lar, só atendo casos que chegam até nossa ONG, mas hoje irá ser diferente, vou ir atrás das crianças e lutar para tirar elas daquela realidade, de ficar usando drogas, com armas, servindo de aviãozinho para conseguirem comida para dentro de casa, as que sofrem violência física ou psicológica, as que crescem em um lar abusivo ou em meio ao abandono, as que roubam no asfalto para levar para casa, com ajuda da Luana vamos mudar essa realidade e dar uma nova família, onde elas terão estudo, comida e um futuro brilhante, ou se for o caso ajudar por meio de apadrinhamento, e apoio com psicólogas e clínicas terapêuticas, para ajudar a restruturar essas famílias.. Saio do meu pensamento com a Micaela me chamando dizendo que temos que sair logo, se não iremos perder nosso voo... Termino minha maquiagem e saio do quarto.

Mica: Como as pessoas vão acreditar se você não colabora(diz baixo assim que me vê)

Jully: rlx... Estamos no tempo previsto.

Pai: vamos que eu vou levar vocês no aeroporto (diz se levantando)

Jully: não precisa pai, você vai se atrasar pro seu plantão e além disso a Luana vai me levar. (Digo abraçando ele, meu pai é o meu amor, meu herói, mesmo que a gente discuta por ele não concorda com minhas escolhas referente a ONG, ele ainda é amoroso e um super paizão, mesmo não sendo tão presente por conta da sua profissão)

Pai: se cuidem, não exite em me ligar se acontecer alguma coisa, eu estarei em qualquer lugar para ajudar vocês. E se ligue nas companhias.

Jully: pode deixar... Vamos nos comportar (digo enquanto continuo abraçando ele)

Pai: você é meu orgulho, não me decepcione, ok?

Jully: jamais, jamais, eu te amo.

Pai: eu te amo, princesa.

Mãe: eu já disse que não concordo com essa viagem? Você está gorda para sair por aí viajando e levando o nome da nossa família, oque eles vão pensar sobre a gente? (Diz entrando na sala)

Reviro os olhos e vou em direção a Roberta que me encara com seus olhos cheios de água

Ro: não vai, por favor é perigoso (diz sussurrando em meu ouvido, enquanto me abraça)

Ela sabia a verdade, eu não iria conseguir mentir pras minhas irmãs, elas são meu mundo e jamais, faria algo escondido delas.

Jully: relaxa, vai ficar tudo bem, é rapidinho e embreve eu volto (beijo a testa dela)

Abraço a tia Maria (mãe da Micaela)

Maria: se cuidem, por favor (diz e nos abraça novamente)

Aceno para eles e me viro para sair.

Mãe: tá vendo Heitor, sua filha além de gorda, ficou mal educada, não sou mãe nem para ela me dar tchau. (Diz brava)

Pai: Cinthia calma, ela vai falar com você, não é Jully. (Diz com um tom autoritário)

Mãe: não precisa, tô cansada dessas ingratas.

Luana: nem começa que eu não fiz nada.

Pai: Jully, venha se despedir da sua mãe, e Cintia não começa.

Mãe: só falei a verdade (diz com uma voz falsa)

Olho para trás e coloco um sorriso falso no rosto enquanto vou abraçar ela.

Jully: tchau mamãe, prometo me comportar e fazer um monte de dieta, pra te agradar

(digo em tom debochado enquanto abraço ela)

Mãe: isso mesmo, aproveita e faz um regime, mês que vem temos uma convenção e não posso passar vergonha, já basta passar por que da sua irmã e da sua ONG para os pobres coitados  (Diz me encarando)

Pai: Cintia, para de provocação.  Vai com Deus filha e deixa ela falar sozinha.

Mãe: por isso suas filhas são assim, você só passa a mão na cabeça delas. (Diz já estressada)

saio de casa, sem responder nenhum dos dois.

30 minutos depois

Luana para enfrente ao morro do alemão e nos olha apreensiva

Luana: eu já vim aqui, devido ao trabalho e por isso escolhi esse morro pra vocês, vocês vão ficar na casa da Milena, ela é minha amiga e mora aí, então ela vai ajudar vocês, por favor não façam nenhuma besteira, se cuidem, e qualquer coisa me liga. Jully, não fala nosso sobrenome, papai é odiado por todos, então eles te matariam sem piscar.

Meu coração está acelerado, não consigo explicar o pânico que está na minha cabeça, mas fico neutra para Luana não mudar de ideia, aceno com a cabeça e a Luana avisa que a amiga dela já chegou para nos buscar.

Milena é simples, discreta e linda, assim que chega no carro vejo os olhares dela e da Luana um pouco estranho, mas não ligo.

Milena: oi meninas, oi lu

Luana: oi mi

Eu & mica: oi

Milena nos olha e balança a cabeça negativamente.

Luana: oque foi?

Milena: com essas roupas de granfinas vcs vão chamar muita atenção, não tinha nada mais "discreto?"

Eu olho para gente e estamos "normais".

Ela da risada, e diz para falarmos que viemos de outra cidade no sul, caso alguém pergunte, eu concordo.

Milena: dentro do morro, tudo tem que ser respeitado, então não façam nada sem que eu saiba. A realidade daqui é diferente da que vocês conhecem.

Concordamos e ela se vira pra falar com a Luana..

Luana: cuida delas, pfvr e qualquer problema me liga que eu venho e levo elas embora.

Milena: rlx, vai dá tudo certo (diz e da um beijo no rosto dela)

Luana: qualquer coisa, qualquer problema me liguem, não façam nada estupido, pfvr.

Micaela; pode deixar.

saímos do carro, Luana nos abraça e dar partida, na entrada Milena nós encara e nos dá mais uma dica.

Milena: vocês são minhas amigas de infância, assim como a Luana, aqui ninguém é confiável, então nunca conte a verdade. Não importa o quanto a pessoa pareça confiável, gente ruim não tem cara, apenas é.
 Assim começamos nosso primeiro dia no morro..

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