Os dias se passaram e a proximidade do casal era cada vez maior, via-se neles um amor e um companheirismo incomum naquela época. Geralmente aos finais de tarde eles caminhavam um pouco, não havia pessoa naquela cidade que não se admirasse com o belo casal.
- Terão belos filhos! – dizia uma senhora de cabelo grisalho à janela.
-Ah! Sim, terão belíssimos filhos! – Respondia a outra. – Com certeza essa senhorita terá um casamento muito mais bem sucedido que o meu! Imagine só, eu na idade dela tinha cabelo tão claro quanto os dela, e olhos quase cinza! Casei-me com aquele monstro, podia ter me casado com alguém bem mais rico, bem mais bonito, bem mais gentil. – Resmungava baixinho enquanto o casal já sumia no horizonte.
- Ora! – disse severa – Deixe de besteira, agradeça por não ter morrido solteira, ninguém queria casar com você! – riu – No meu caso, sim, podia ter me casado com alguém bem melhor, mas fui burra o suficiente pra me apaixonar e acabei por perder meu primeiro noivo. Fiz ele se apaixonar pela minha melhor amiga, uma servente da minha casa, eles se casaram. Meu pai ficou enfurecido quando ele rompeu o noivado, eu apoiei. Em seguida fui contar o ocorrido pro meu amado, ele estava com outra nos fundos da minha casa. Ele era nosso jardineiro. Mandei que demitissem ele, antes disso ele contou nosso caso secreto para meu pai e como eu havia feito de tudo pra desfazer meu noivado. Imagine só, quase fui expulsa de casa. – Ela riu baixinho – Minha mãe o convenceu a me deixar ficar. Quase que por vingança, me casou com um homem velho, incapaz de ter filhos, e com uma péssima reputação. Ele era muito rico e se rendeu a minha beleza a principio. Depois de um mês tratou-me como empregada, não queria gastar dinheiro. Eu que sempre fui rica não sabia cozinhar ou lavar ou qualquer atividade domestica. Ele gritava comigo e me batia, certa vez até quebrou meu braço.
Eu, cansada de tudo, saia escondido pra ver outro homem.
- Meu deus! Isso é adultério! – dizia espantada a segunda senhora. – Que vergonha!
- Ah me entenda, – dizia ainda sorrindo – eu era uma moça jovem, queria tanto ter um filho! E Meu marido não podia me dar nem essa alegria, por vezes tentei fazer que ele considerasse a adoção, ele não quis. O que eu podia fazer?
- Tudo bem. Pensando assim, acho até aceitável. – disse ainda assustada com a revelação da amiga. – Termine de contar isso! Quero saber o resto da história conseguiu ter o filho? E o que seu marido fez? Ele não podia ter filhos!
-Realmente, ele não podia ter filhos e obviamente ficaria sabendo. Depois de um mês tentando, finalmente engravidei, mas meu marido não podia saber então uma antiga amiga minha me ajudou. – dizia olhando para o horizonte - Ela me deu um frasco com veneno, eu coloquei na comida dele naquela noite. O veneno causava um ataque do coração, ninguém desconfiaria, ele já estava muito velho. Então ele morreu, e minha barriga começou a crescer. Eu dizia a todos que o filho era dele, que ele havia me deixado esse presente antes de morrer, que era um milagre! Todos acreditaram, ele hoje é um jovem lindo e forte, toca violino em Londres! Eu fiz os negócios de meu falecido marido prosperar e mandei matar o antigo jardineiro.
- Virgem Maria! – fez o sinal da cruz espantada – Você o matou! Não tem medo de ir para o inferno não?
- Confesso que tenho, mas tudo que importa pra mim é meu filho, ele é tão jovem! Tem a idade de Louis Woods. Conversei com ele uma vez sobre se casar com Rose Willians, mas ele disse que prefere ficar em Londres do que vir pra esse fim de mundo e ficar preso a uma menina sonsa como ela.
Claro que antes de contatar meu filho sobre isso, falei com Andrew Willians, ele sorriu com a proposta e a achou excelente! Que menino tolo esse meu filho!
- Eu nunca o vi, qual o nome dele?
- Matheus.
* * *
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Os Espinhos da Rosa
Historical FictionRose é uma menina mimada, linda rica e gentil. Louis é um homem rico, educado e cheio de encantos. Pessoas perfeitas formam casais perfeitos, pelo menos é o que se espera. Mas ninguém vê os espinhos da rosa, ninguém vê a maldade em doces palavras.