room 202 · jaeyong

seis

Quando Jaehyun apareceu no quarto domingo à tarde, eu estava sentado perto da janela aberta tragando um cigarro que ainda não havia chegado na metade.

Ele sentou do meu lado no chão, tomou o cigarro da minha boca e tragou pela sua própria. Devo dizer que ele fica extremamente atraente fumando. Logo, estendeu a mão para mim sem olhar em meu rosto.

-Proponho uma trégua.

-De?

-Paro de encher o saco.

-E qual seria meu lado?

-Pode ser meu amigo, sem segundas intenções nem nada.

-Posso saber o que te levou a isso?

-Passei o final de semana com meu amigo Johnny e meu primo Jaemin. Ele pode ser uma criança, mas entende mais da vida do que eu. Depois daquilo, contei a eles o que você disse, eles riram, zoaram da minha cara e disseram que você tem razão. Então, eu pensei pra caralho sobre isso e cheguei à conclusão de que preciso tomar jeito. Quer me ajudar? - Tragou mais uma vez o cigarro.

A vontade que eu tinha de dizer um "não" bem bonito na cara dele era enorme, mas é necessário uma boa convivência para eu não surtar de vez. Apertei sua mão esquerda com a minha direita pela posição em que estávamos e notei uma covinha aparecer em sua bochecha quando ele sorriu.

-Que foi? Você tá sorrindo como se eu tivesse acabado de assinar um contrato com o diabo. - Murmurei.

-É que sua mão é macia. - Fez ondinhas com o polegar na parte de trás da minha mão.

-E o que que tem?

-Posso continuar segurando ela?

-Ah, não tem mais nada pra fazermos mesmo.

Dei de ombros e o observei fumar enquanto entrelaçava nossos dedos e olhava para o céu, a fumaça escapando pela sua boca e nariz. Ele passou o projeto ruim de tabaco pra minha boca e pareceu hipnotizado quando inalei a droga.

-Que foi agora? - Soltei a poluição junto da fala.

-Você é bem bonito. Faz skin care? - Se virou totalmente pra mim.

-Faço, na verdade. - Ri, ele passou dois dedos pela minha bochecha, seguindo-os com os olhos. - Você tá chapado?

-O que você acha de cigarros depois do sexo?

-Tá falando da banda ou...? - Olhou no fundo da minha alma.

-Você sabe muito bem do que eu tô falando. - E foi assim que ambos os dedos que estavam em minha bochecha foram parar dentro da minha boca.

Só queria saber pra onde foi aquele papo de não ter segundas intenções.