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Tripla?

Onze meses antes. 

Louis Tomlinson. 

Minha cabeça está cheia e dolorida. 

Sinto pontadas na nuca, fortes e frequentes. Aquele tipo de sensação de que estou a um passo de colapsar ou sofrer um infarto. Nessa altura, não duvido de mais nada. 

Só queria um momento a sós comigo mesmo. Só queria ficar sozinho, em paz. 

Preciso colocar meus pensamentos turbulentos em ordem. Estou uma bagunça completa. 

Na maioria das vezes, costumo ser calmaria, mas Harry, por algum motivo, faz-me tornar furacão. E eu não gosto de me sentir assim, já que isso me desestabiliza emocionalmente. 

Olhando para a parede branca, alcanço a mesa e pego o maço de cigarro e o isqueiro. Acendo um cigarro e trago lentamente, sentindo a fumaça penetrar os meus pulmões, inundando-os de nicotina.

Por sorte, ninguém ousa dizer nada, nenhuma palavra, nenhum pio, então, aprecio o silêncio quase raro que penetra os meus ouvidos.

Eu não deveria ter estourado com Harry dessa maneira, mas ele me leva ao limite. Harry consegue fazer coisas comigo que pouquíssimas pessoas conseguem: ele consegue me tirar completamente do sério.

Falhei com ele. Sei disso.

Mas, naquele instante, com a arma em mãos, a memória do rosto de Hugo se mesclando com o seu me descontrolou completamente. Saber que era Harry que estava ali, dependendo de mim, fez com que o sonho viesse vívido à minha mente e eu paralisasse.

Eu não consegui compreender a mensagem que o sonho quis me passar, se é que quis me passar uma.

Não consigo entender porque ambos se mesclaram se não se conheceram. Eu conheci Harry há dias. Não havia porquê isso acontecer. 

Eu não consigo entender e isso está me atormentando desde a manhã; desde o momento que despertei.

Faz muito tempo que a memória de Hugo não me assombrava. Havia meses que não sonhava com ele. Não pensava nele. Não me lembrava mais do seu rosto.

Passei tantos meses tentando não me lembrar dos meus traumas passados. Passei tanto tempo me curando disso que tinha me esquecido como é ruim ter essa sensação novamente.

Mas hoje percebo que não é porque uma ferida não dói mais, que já esteja cicatrizada. Talvez eu apenas tenha me acostumado com a dor. Mas a ferida ainda está ali. Latejante.

Talvez nunca passe.
Talvez jamais cicatrize.
Talvez isso me assombre para sempre.

Termino o cigarro e o apago sobre a mesa. Passo a mão pela nuca e solto um suspiro, no entanto, um estrondo me pega totalmente desprevenido e eu me alarmo. Me viro de prontidão e percebo que é Harry, socando a parede.

Fico olhando para as suas costas por um instante, sem entender, mas quando ele apoia a cabeça logo acima de onde socou, escuto o seu choro, alto e desesperado.

O que está acontecendo com ele?

Não tenho tempo de avaliar nada e nem de me comunicar com os outros, porque no mesmo instante, Harry corre até a porta, tentando abrir a maçaneta.

ㅡ Eu quero sair ㅡ ele grita, aos prantos, enquanto bate fortemente à porta. ㅡ Estou me entregando.

Me espanto completamente por sua atitude e por impulso, corro até ele, o segurando pela cintura, o puxando para trás.

CARDINAL [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora