CARDINAL [L.S]

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It's my birthday ✨🎉
Parabéns pra mim.

Três meses antes.

Harry Styles

Faz três semanas que Louis recebeu alta do hospital, e até hoje eu não sei como lidar com toda a situação de forma natural. Parece que tenho pisado em ovos desde que ele voltou para casa.

Sei que não sou o único a me sentir dessa forma, já que os outros também têm agido com uma certa cautela.

É delicado.

Não queremos que ele se sinta constrangido ou desconfortável, mas não conseguimos evitar. Sinto que desde que Louis voltou, nós meio que vigiamos ele de forma indireta. Nunca o deixamos sozinho, em hipótese alguma, e revezamos quando precisamos sair.

Meu coração nunca mais teve paz, e o pavor sempre me atinge quando estou prestes a chegar em casa. Tenho medo de não encontrá-lo. Tenho medo de encontrá-lo de uma maneira que não gostaria. Sempre tenho medo que o pior possa voltar a acontecer. Então, toda vez que viro a chave do apartamento, com o peito acelerado, Louis é a primeira pessoa que procuro.

Na maioria das vezes quando Louis diz que vai dormir ou descansar um pouco, e vai para o quarto, eu dou um jeito de inventar alguma desculpa para perguntar algo ou conversar sobre algum assunto, apenas para conferir se ele está bem.

Ele sabe que eu não sou assim, e, não sei se ele se sente sufocado, mas é mais forte do que eu. Estou meio que traumatizado. Ainda mais se tratando do meu ponto fraco que é Louis.

Não tivemos muita interação afetiva nas últimas semanas, e eu sinto uma falta tremenda disso, mas sei que não temos cabeça para conversar a respeito de todas essas coisas no momento. Tento dar a ele o espaço que ele precisa para colocar os pensamentos no lugar, mesmo que vez ou outra, quando Zayn está fora e Liam está ocupado, eu não resista e fuja para a sua cama, deitando e abraçando seu corpo por trás.

Não dizemos nada, ㅡ e nem é preciso. Apenas trocamos carícias, enquanto eu beijo a sua nuca, sentindo seu perfume. E, mesmo sonolento, todas as vezes que me deito com ele, Louis  pega a minha mão e a leva até o peito, entrelaçando nossos dedos. E assim permanecemos, sem dizer uma só palavra, até o amanhecer, quando me levanto e vou para o meu quarto.

Quero que ele saiba que estou aqui. Mesmo não sabendo lidar com essa situação. Mesmo não sabendo como me expressar direito. Mesmo estando a um passo de surtar completamente toda vez que olho para ele.

Ele está seguindo o tratamento, tomando os remédios e visitando a psicóloga algumas vezes na semana. Ele anda mais calado, mais lerdo, aéreo, parecendo estar no mundo da lua, mas sei que esse é um dos efeitos colaterais do remédio nas primeiras semanas. Eu pesquisei.

Niall ficou responsável por guardar os frascos e dar a ele os medicamentos todos os dias. E Louis não contestou nossa decisão. Acho que no fundo, ele sabe bem o que estamos tentando evitar, e aceita isso.

Eu tenho me sentindo desamparado. Voltei a beber. Intensamente. Todos os dias. E esse é o único momento em que consigo desligar minha mente por completo. É o único momento que me esqueço de tudo o que aconteceu e não penso em nada. Minha mente é um grande vão de absolutamente nada com álcool. E acho que é por isso que eu bebo tanto.

Além de todos os sentimentos que me povoam e que eu não sei como lidar, ainda há a preocupação com Heráclito.

Não ouvimos falar dela no último mês, e isso, de certa forma, me apavora. É necessário saber os passos dos seus inimigos e mantê-los por perto para saber como contra-atacar se necessário. Mas ela tem se mantido calada na escuridão, e é isso que me assusta. Não sabemos seu próximo passo, não sabemos o que ela está tramando, não sabemos de nada.