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Só pra lembrar que eu voltei e que ainda não estamos no ápice da história. Ainda há muita água para correr neste rio. Tenham paciência porque essa história vai ser longa. Espero que tenham tido um ótimo feriado. 💕

Quatro meses atrás.

Louis Tomlinson.

Eu senti medo pouquíssimas vezes na minha vida.

Me lembro perfeitamente de duas ocasiões. A primeira foi quando vi Hugo caído em meus braços depois do bombardeio na base.

Tive medo de como seria minha vida daquele momento em diante. Tive medo de tentar imaginar como seguiria sem ele e como eu lidaria com a sua ausência permanente. Naquele instante, com Hugo morto em meus braços, no meio do fogo cruzado, eu tive muito medo.

A segunda vez foi quando comecei a perder os sentidos após tomar os comprimidos.

Eu agi por impulso, em desespero, porque me vi sem saída, porque decepcionei aqueles que contavam comigo, porque não consegui cumprir com a minha palavra, porque cheguei ao limite.

Quando comecei a apagar, eu caí em mim do que tinha acabado de fazer. E tive medo.

Eu não queria morrer.
Eu queria me libertar de alguma forma.

Eu tive medo do desconhecido, tive medo do que viria depois, de como é o pós vida ㅡ se é que existe um.

Isso me fez pensar se Hugo sentiu medo quando foi atingido. Talvez ele não tenha nem se dado conta e morreu antes mesmo de pensar em algo, ou talvez, o último sentimento que ele teve ao dar o último suspiro também foi o medo.

Afinal, foi como eu me senti quando achei que a morte me arrastaria com ela.

Tive medo que meus companheiros pensassem que fui covarde, que os deixei para trás com a bomba nas mãos. Tive medo de que Harry pensasse que eu o tivesse abandonado. Eu não queria tê-lo abandonado. Eu prometi que o protegeria a qualquer custo, e foi mais uma promessa que eu quase quebrei.

Sei que só fiz o que fiz porque foi uma atitude desesperada e totalmente impensada. Eu só queria ter cumprido com a minha palavra de que todos nós sairíamos dessa, juntos e salvos, e quando eu percebi que havia errado em dar a eles essa esperança, eu simplesmente me deixei levar.

Eu não queria morrer. Acho que ninguém que tenta o suicídio realmente quer. Apenas querem se livrar de algo que consomem até seus ossos. Seja qualquer sentimento: tristeza, solidão, angústia, culpa, desolação…

Me sinto envergonhado por ter falhado.
Duas vezes.

Me sinto culpado por ter tentado.
E me sinto culpado por não ter conseguido.

Não me lembro muito bem dos eventos que aconteceram depois que tomei a medicação. Me lembro apenas de ver os olhos grandes, verdes e brilhantes de Harry e depois, apagar completamente. Acordei no hospital, quando o médico me explicou que havia feito uma lavagem e que eu precisaria ficar alguns dias internado.

E aqui estou, quatro dias depois da tentativa, sendo avaliado de perto por uma psicóloga e uma psiquiatra.

Eu sabia que se sobrevivesse e se me trouxessem para o hospital esse seria um procedimento inevitável.

ㅡ Você já teve pensamentos como esses antes, Tomlinson?

Antes de responder, passo os olhos por seu crachá e vejo o seu nome estampado juntamente com a sua profissão: Rose, psicóloga. Depois, movo os olhos para a outra mulher, sentada à minha frente, e leio: Nataly, psiquiatra.

CARDINAL [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora