Eu estava tremendo, Nicolas andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça e Any olhava pro tornozelo.

Não era pra tá acontecendo isso, não com ela.

Eu: Any, querida, você... você tá sentindo alguma coisa ?

Perguntei com a voz falha e ela me olhou.

Any: só o dodói.

Ela apontou pro tornozelo e Nicolas parou de andar, eu ouvi ele suspirar e então saiu do refeitório.

Eu fiquei olhando pro tornozelo da Any pensando em alguma possibilidade de salvar ela, mas não há, não tem cura.

Any: eu vou virar um daqueles monstros, titia ?

Eu: claro que não, não vamos deixar isso acontecer.

Eu falei com um pequeno sorriso e acariciei seu rosto.

Nanda: Any, minha menina.

Ela entrou no refeitório de pressa e sentou ao lado da menina, olhou pro ferimento e logo sorriu.

Nanda: você é corajosa.

Any: só um pouquinho.

Juan: baixinha ?

A chamou logo entrando, eu me levantei e comecei a caminhar pra fora dali, fui em direção ao corredor mas parei de andar na metade do caminho e me encostei na parede logo deslizando pro chão, dobrei os joelhos e os abracei logo começando a chorar.

Ouvi passos mas não parei, apenas precisava por aquilo pra fora.

Senti alguém sentar do meu lado e me puxar pra seu colo, percebi que era Nicolas, me aconcheguei em seu colo e continuei a chorar contra seu peito sentindo ele me abraçar forte.

Ficamos um bom tempo ali no chão abraçados, eu percebi que ele também derramou algumas lágrimas.

Nicolas: qual é o próximo passo ?

Ele perguntou quando o olhei.

Eu: ela vai virar um andante até amanhã.

Nicolas: e não tem como reverter ?

Neguei com a cabeça e ele suspirou.

Eu: não tem remédio, cura, nada, só... esperar ela virar ou acabar com isso logo.

Ele desviou o olhar de mim.

Nicolas: eu não vou matar uma criança.

Eu: então vamos esperar ela virar um deles ?

Nicolas: eu não quero isso pra ela, caramba, ela é só uma garotinha.

Ele disse passando a mão pelos cabelos.

Nanda: Agatha ?

Me virei e ela caminhava pelo corredor em nossa direção, ela andava de vagar e os olhos estavam vermelho, ela sentou na nossa frente.

Eu: como ela tá ?

Perguntei baixo a vendo encostar a cabeça na parede e fechar os olhos.

Nanda: com medo e dor, o Juan está tentando distrair ela até a gente tomar uma decisão.

Eu: decisão ?

Perguntei olhando Nicolas e ele passou a mão no rosto suspirando.

Nicolas: eu não sei, isso é demais, ela é só uma criança.

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