12º Capitulo - Quem é a vitima?

198 22 0
                                    


Na manhã seguinte acordei cedo e fui direto para o chuveiro e tomei um longo banho, sequei meus cabelos depois com o secador, me vesti como uma professora do jardim de infância, uma blusa de lã de gola alta, uma saia que batia no joelho, e com um sapato de salto baixo. 

Como não tinha nada para comer na geladeira desde ontem à noite fui tomar meu café da manhã na padaria que fica a uma quadra do apartamento, sabendo que seria seguida pelos meus guarda-costas. 

Por algum milagre as nuvens decidiram tampar o sol e deixar que os vampiros andassem a luz do dia sem serem expostos. Com a barriga cheia voltei para o apartamento e dei uma arrumada básica, eu não podia viver em um chiqueiro né? Eu saía com a realeza dos vampiros, tinha um padrão de etiqueta a seguir, embora eu ignora-se boa parte, a limpeza do ambiente era necessário para o convívio e para a saúde, ao contrário de todos os Volturi eu era humana, ficar doente é bem fácil para minha espécie. Claro que eu limpei tudo com uma musica para acompanhar, nada como fazer algo desagradável com algo agradável, precisava do equilíbrio.

Ao som de Beyoncé dei uma geral no apartamento, no fim tudo ficou cheirando a lavanda e então pude finalmente organizar meus novos livros de magia. Tinha uma estante vazia no meu quarto, foi onde eu arrumei os livros e meus equipamentos de poções, a varinha ficaria comigo o tempo todo, ainda pensava em como oculta-lá, talvez devesse usar calças com botas de cano alto para esconder na meia. Depois eu pensava melhor, eu podia fazer magia sem varinha, como o feiticeiro Magnus, só precisaria adaptar os feitiços que usavam varinha para o estilo que ele me ensinava.

Usando o tempo da manhã eu decidi praticar algumas magias dos livros de feitiço para o primeiro ano da escola de magia e bruxaria de Hogwarts, resolvi que almoçaria fora também então dava para praticar. 

O primeiro feitiço que eu tentaria seria um simples feitiço de levitação, meu erro foi começar com um copo de vidro, quase me cortei no processo e perdi um copo, depois de aprender com o meu erro passei a tentar com um copo de plástico. 

Como eu estava acostumada com magia só pratiquei um pouco de sutileza já que levitar eu conseguia, o que eu não conseguia é impedir o copo de virar um bumerangue, mas no fim eu consegui, mas meu tempo tinha acabado e estava na hora do almoço, então peguei meu casaco e minha carteira e fui até um restaurante que conheci quando fui comprar roupas com o Marcus. Comi algo substancial para me encher de energia para eu poder praticar novamente.

Em quanto eu volta ao apartamento pensei em visitar o Magnus, já tinha um tempo que não nos víamos. Assim que eu entrei no meu quarto fui para frente do espelho. Não teria mal se eu visita-se o Magnus por alguns minutos né? Eu estaria seguro com ele. Eu preciso muito de um pouco de privacidade. Não é como se eles me sufocassem, mas caralho eles me ouviram pagando boquete no Marcus! Não tem nada mais constrangedor que isso. Visualizei a sala do Magnus e atravessei o espelho. Tive uma surpresa desagradável quando cheguei ao outro lado, não estava no apartamento do alto feiticeiro do Brooklyn, estava na minha casa, no meu quarto.

Durante todo o meu tempo na Itália evitei pensar no que tinha deixado para trás, a presença do Marcus ajudou bastante nisso, mas agora eu estava aqui. Eu não sou uma pessoa insensível, eu amo minha mãe, mas eu nunca tive motivos para querer voltar para cá, ela é advogada, nunca teve muito atenção para mim, mas era porque ela precisava ser a fonte de renda para casa, eu entendia isso, por mais difícil que foi para nós duas no divorcio, mas agora eu segui em frente com a minha vida, como ela estava seguindo com a dela ao convidar seus peguetes pra nossa casa.

Meu coração acelerou e comecei a sentir falta de ar, estava sentindo que estava para ter uma crise de ansiedade. Precisava me distrair.

- Se eu não pensar eu não sinto. – Comecei a repetir como se fosse um mantra. Nunca pensei que teria essa chance então liguei o computador e peguei meu pendrive no porta joia do lado do monitor e pluguei na CPU, pegaria um dos meus bens mais preciosos, minhas histórias.

Em quanto o computador iniciava fiquei separando algumas roupas que eu gostaria de levar para o apartamento do Marcus, sentia falta das minhas coisas, separei tudo em uma bolsa que usava para viagens, ao terminar pude colocar minhas histórias no pendrive, desliguei o computador e guardei o dispositivo na bolsa. Será que eu deveria deixar um bilhete? Avisar que eu estava bem e seguindo com a minha vida, tinha que criar uma desculpa muito boa para ela não surtar. Ou só algo que pudesse acalmar ela para que não achasse que eu tinha sido sequestrada ou morta.

Peguei meu celular ao lado do monitor e fiz um vídeo dizendo que eu havia surtado e que me sentia sufocada naquela casa vivendo uma rotina solitária e que havia decidido ir a uma aventura para me encontrar, pedi inúmeras desculpas por tê-la preocupado com o meu sumiço. – Afinal não sabia quanto tempo tinha ficado fora para ela. – E que eu estava bem, vivendo uma vida boa, longe de problemas e que não pretendia voltar para casa e que ela seguisse a vida dela, porque eu estaria seguindo a minha. 

Minhas ultimas palavras foram "eu lhe amo muito". Finalizei a gravação e salvei o vídeo, deixei o celular em cima da cama, para ela saber que ele tinha sido mexido em quanto ela estava fora. Peguei a bolsa e fui para frente da porta do meu armário, que era um espelho. Ao tocá-lo não senti a energia estática que arrepiava os pelos dos meus braços e os meus cabelos, e nem consegui atravessá-lo, alguma coisa estava errada.

- Você esta presa aqui. – Disse uma voz atrás de mim. Eu a conhecia, dos meus sonhos.

- Loki. – Ao me virar vi a deusa ruiva sentada na minha cama, olhava curiosa para o meu celular. – O que quer dizer com isso?

Loki deu um sorriso cínico se divertindo com o meu desespero iminente.

- Eu fui libertada da minha prisão, não graças a você. – Prendi o ar. Ela queria vingança?

- Pensei que fosse sua favorita – Apelei.

- Ah, você é, mas isso não a poupa da minha raiva. – Ela ia me matar, aquele olhar dizia bem suas intenções. Engoli em seco em quanto Loki deixava a minha cama e se aproximava de mim, me encurralando contra o espelho.

- Você me tirou do meu mundo e esperava que eu seguisse sua vontade? – Não sei da onde tirei coragem para falar o que tinha dito. – Sabe o desespero que senti quando me vi em outro mundo?

- Você não sabe o que eu senti por todos esses séculos! – Gritou Loki, me assustando. Tentei recuperar o fôlego, mas o medo que eu sentia era enorme e a aproximação de Loki dificultava as coisas. – Fui banida da minha casa e presa por correntes feita das tripas dos meus filhos! Tendo uma cobra soltando veneno no meu rosto, minha esposa foi à única que tentou me ajudar e ela foi assassinada diante dos meus olhos sem que eu pudesse fazer nada. E você se acha a vitima?

Meus olhos jorravam lagrimas, eu só queria poder ir embora. Temia pela minha vida. Nunca tinha visto Loki daquele jeito, nunca tinha visto aquele olhar homicida em seus olhos. Naquele momento senti medo de morrer. Um soluço escapou da minha boca.

- Se quiser ver seu namoradinho novamente vai fazer o que eu mandar e quando eu mandar estendeu? – Não tive coragem de responder em palavras então só confirmei com a cabeça. – Se pensar em me desobedecer ou me questionar eu lhe tirarei o que você mais ama, o Marcus.

- Farei o que mandar. – Faria qualquer coisa para voltar para o Marcus.

- Começando com Bree Turner, não deixe que os Volturi a matem. – Da mesma forma que ela apareceu, ela se foi. Dei as costas para o quarto e consegui atravessar o espelho.

Minha mente foi invadida com informações de uma vampira de cabelos escuros, lutando em uma montanha coberta pela neve. Havia dois grupos de vampiros, os olhos vermelhos contra os olhos amarelos, e junto dos olhos amarelos havia lobos. A jovem vampira de olhos vermelhos se escondia da batalha, ela era Bree Turner.

Ao voltar para o meu quarto na Itália eu cai de joelhos no chão e comecei a chorar sem parar, meus guarda-costas estava atônicos, sem saber como reagir, eles haviam falhado em me proteger, e a culpa era minha. Abracei a vampira mais perto de mim, e ela me consolou sem fazer perguntas e dispensou seus colegas dando instruções a seguir, em um tom que ouvidos humanos são incapazes de ouvir.

UMA INTRUSA EM CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora