Capítulo 2

70 4 2
                                    

P.O.V Mickey Milkovich

Não conseguia acreditar que quase tinha sido pego roubando aquela lojinha do ridículo do Kash. Aquela mulher dele tinha realmente tido a coragem de ameaçar chamar a policia só por conta de uns snickers idiotas.

— Pela sua carinha, parece que se deu mal. - Eu revirei os olhos pro tom de zombaria da minha irmã.

— Se manca, sua vadia, não foi você que teve que lidar com Linda.

— Ela realmente assumiu as rédeas daquela loja, né. - Eu bufei.

— Assumiu! O que é uma porra, já que vai ser bem mais difícil de roubar de lá. - Precisava pensar num plano B, já que Terry logo sairia da prisão e a gente precisaria se cuidar o dobro para sobreviver.

— Ig já chegou? - Perguntei pra Mandy.

— Não, deve estar em algum esquema com Jamie. - Ela respondeu, parecendo mal humorada.

Eu sabia o porquê disso e até tentei diminuir esse mal humor. Tinha tentado roubar alguns doces que Mandy gostava porque sabia que hoje era o aniversário dela, mas não tinha dado certo e eu tinha que tentar outra coisa.

Nesses momentos eu não conseguia sufocar a saudade que eu sentia da minha mãe... ela estava sempre lá, mas nessas situações se tornava ainda mais latente.

Eu lembro de quando éramos pequenos e em seus momentos de sobriedade, ela se esforçava para que tivéssemos momentos normais. Uma vez, ela se esforçou para fazer um bolo pra Mandy e nos cantamos parabéns baixinho, em sinfonia com o ronco do nosso pai. Eu roubei uma Barbie para ela naquele ano e Mandy parecia genuinamente feliz naquele aniversário... era quase como se fôssemos uma família normal.

Naquela época, eu e Mandy éramos mais unidos, mas com o tempo, fomos contaminados pelas merdas da família Milkovich também.

Ela terminou de fumar e entrou em casa, parecendo ainda mais triste do que o normal. Nesse momento, ela parecia mais com a nossa mãe, nos seus últimos anos de vida.

Me forcei a parar de pensar nesses momentos e foquei a conseguir algo pra tirar o cu que minha irmã tinha fixado naquela cara.

Eu já tinha tirado dinheiro dos nerds da escola, mas não era suficiente nem pra comprar um pedaço de bolo. Fiquei pensando no que fazer e no fim acabei decidindo fazer algo que eu nunca pensei que faria. Fui até a casa da minha tia.

Ela não morava longe, então não demorou para que eu chegasse na casa dela.

— TIA! - Gritei, esperando que ela tivesse em casa e não demorou para que ela aparecesse, armada com a sua famos espingarda de sempre.

— O que você quer aqui, moleque do Terry?! - Ela perguntou com o mesmo desprezo de sempre, o que não me impressionava, já que a única Milkovich que ela gostava era Mandy.

— Vim pedir um favor. - Isso tirou uma risada amarga dela.

— O que um moleque deliquente como você poderia me pedir?

— Preciso de dinheiro ou não sei, qualquer porra de presente que se dê pra uma garota. - Ela me encarou estranho, apontando a espigarda pra mim, o que me causou uma sensação estranha. Apesar de estar acostumado ao som dos tiros e das armas que eram uma coisa constante na zona sul, eu nunca gostava da sensação de ter uma arma apontada pra mim, me fazia sentir um aperto no peito que me tirava a capacidade de respirar e minha mente começava a ficar tumultuada, repleta de sons que eu não conseguia entender.

— Teve a coragem de vir aqui só pra pedir ajuda pra conquistar uma garota? - Tive que conter uma careta. Só a ideia de conquistar uma garota me fazia querer dar risada... mas esse era um pensamento que eu tinha que manter escondido até de mim mesmo, pelo menos, se eu quisesse continuar vivo.

For all our lives Onde histórias criam vida. Descubra agora