Capítulo 4

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P.O.V Mickey Milkovich

Eu tava fodido de cansaço por conta dessa viagem. Depois de horas no ônibus, eu tive que pegar mais um trem e fiquei me questionando sobre o porquê dessa gente ter ido morar justamente no fim do mundo... nem tinha saído direito da zona sul, mas já sentia falta daquela sensação de familiaridade.

Quando eu finalmente cheguei, lembrei do que V disse e peguei meu celular, entrando em contato com o tal de Carl.

"Cheguei". Mandei a mensagem, esperando que ele me respondesse logo, mas nem precisei esperar muito, porque vi o tal Carl Gallagher se aproximando com o nome dele escrito na placa...

Quando ele se aproximou, comecei a sentir uma sensação estranha, como uma espécie de deja vu e fiquei tentando me lembrar se já conhecia esse cara de algum lugar... pela cara de chapado, ele poderia ser facilmente um dos largados que viviam caídos no Álibi...

A porra da minha cabeça começou a doer e eu desistir de tentar lembrar desse cara, não era como se fosse importante também!

— Mickey? - Ele chegou perto de mim me encarando como se tivesse tentando fazer a porra de uma análise.

— Eu mesmo. - Respondi seco, tentando entender se tinha algo engraçado na minha cara.

— Eu sou o Carl. - Ele continuou me olhando, o que me fez sentir muita vontade de dar um soco na cara dele. — Tatuagem maneira. - Ele disse, olhando pros meus dedos.

— Gosto da mensagem que ela passa. - Respondi, o que fez ele abrir um sorriso.

— Sinto falta da zona sul. - Ele falou de repente, o que me fez simpatizar um pouco com ele. Olhando em volta, dava para perceber que estávamos num lugar completamente diferente.

— Acredite se quiser, eu também.

Segui Carl até o carro dele, num silêncio que eu esperava que não fosse quebrado. Nunca gostei de conversa mole e não ia ser agora que eu ia começar a gostar... só esperava conseguir dar um jeito de me virar nessa cidade o mais rápido possível pra não ter que ficar dependendo da boa vontade da família amiga de V.

Chegamos na cidade em pouco tempo e eu fui observando o lugar. Eu não sabia o motivo, mas me sentia agitado, com uma sensação de dejá-vu.

Quando finalmente chegamos na casa que era desses Gallaghers, me deparei com a porra de uma mansão. Como esses filhos da puta, que de acordo com V, viviam na merda até para os padrões da zona sul tinham conseguido um lugar como esse?!

— Para de babar na casa e vamos logo. - A voz de Carl surgiu do nada.

— Vai à merda! - Tentei me conter lembrando que eu estava indo de viver de favor na casa desses caras.

— Vai ser divertido ter você por perto. - Revirei os olhos pro projetinho da zona sul. V disse que essa gente se mudou faz muito tempo, então ele não via a zona sul há anos e ainda assim tentava colar esse papinho pra cima de mim.

Ele tocou a campanhia e não demorou muito para a porta ser aberta por uma mulher que eu não conhecia.

— Oi, Mickey, pode entrar. - Ela me disse num tom cordial, me dando passagem. Mas apesar da simpatia, não era difícil ver na cara dela que V não tinha contado muitos detalhes sobre mim.

Entrei na casa, mais uma vez sentindo como se eu já tivesse estado lá... tudo parecia tão familiar, o que não fazia sentido nenhum...

Meu cérebro de merda começou a me tirar pra otário.

— V me falou que você precisava sair da zona sul, mas não me deu muitos detalhes...

— Meu pai quer acabar comigo e não vai descansar enquanto não me ver morto. É isso que eu posso te dizer. - Fui direto, esperando que ela não iniciasse a porra de um interrogatório, não queria conversar.

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