Capítulo 5

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P.O.V Ian Gallagher

Quando eu cheguei em casa e escutei o barulho no ateliê, meu corpo se moveu automaticamente e por mais estúpido que fosse, eu corri pra lá, esperando de alguma forma que Noel estivesse lá. Mas quando eu entrei, não foi ele que eu vi e sim um cara jovem, com roupas largas, parecendo todo desleixado... ele estava perto do retrato que Noel tinha feito pra mim e quando a minha ficha finalmente caiu de que não era o amor da minha vida e sim um estranho, a fúria tomou conta de mim.

— Que porra você está fazendo no meu ateliê?! - Eu exclamei sem conseguir me conter e o cara ainda teve a coragem de me responder. Por pouco eu me controlei pra não arrastar ele pra fora à pontapés.

Quando ele finalmente saiu, eu me senti mais aliviado, não queria que ninguém pisasse no ateliê do Noel, principalmente alguém que eu nunca tinha visto na vida.

— Ian, que porra aconteceu?! - Lip apareceu na porta do ateliê.

— O tal cara que você trouxe teve a porra da  audácia de entrar no meu ateliê! - Eu respondi, sem prestar muita atenção no meu irmão. Estava focado em observar o lugar pra verificar se ele não tinha estragado nada ou mexido em algo que não era pra tocar.

Mas foi prestando atenção no ateliê que eu notei algo estranho... o cheiro... o cheiro do Noel estava exalando no ar.

— Ian? - Lip me perguntou, mas tudo o que eu conseguia focar era no fato do ateliê estar diferente... no cheiro que eu amava e que mal tinha sentido há mais de 20 anos e que de repente estava exalando no ateliê, mais forte do que nunca...

— Que estranho... - Eu murmurei.

— O que foi, Ian? - Sabia que não tinha como contar para Lip que eu estava sentindo o cheiro e a presença de Noel sem que ele me achasse maluco.

— Nada, só tive uma impressão estranha.

— Enfim, o que aconteceu entre você e o Mickey? - Eu bufei com o nome.

— Então esse é o nome daquele filho da puta?! Mickey?! - Lip me encarou esperando uma resposta. — Ele entrou no meu ateliê.

— E você perdeu a cabeça por isso?

— Eu deixei um estranho entrar no meu apartamento porque você pediu, fico encarregado de ajudar ele a arranjar um emprego e na primeira oportunidade ele se enfia aqui! Justamente no ateliê do Noel. - Lip revirou os olhos pra mim, como se eu tivesse fazendo drama atoa.

— Longe de mim defender esse Mickey, porque eu nem sequer fui com a cara dele, mas você exagera em tudo o que envolve o Noel.

— Não gostei dele ter entrado no meu ateliê! E ele ainda teve a cara de pau de ficar bravo comigo, como se eu fosse o errado por não querer ele vasculhando a porra da minha casa. - Revirei os olhos, sentindo minha irritação aumentar só de pensar nesse cara. — Muito intrometido e mentiroso... ainda disse que entrou aqui porque ouviu a porra de uma música, como se eu fosse algum otário.

— Ian, eu sei que você está puto, mas o garoto é da zona sul, você tem que entender que velhos hábitos demoram a morrer. Ele nem tinha como ter ideia que estava entrando no túmulo do seu amado. - Senti vontade de dar um soco na cara do meu irmão.

— Não fala assim!

— Que seja, Ian. O que eu preciso saber é se você vai arranjar o emprego pra ele... eu preciso me livrar desse problema e pra ser sincero, quanto mais cedo esse cara conseguir andar com as próprias pernas e se afastar da gente, melhor. - Lip realmente tinha criado uma antipatia instantânea pelo cara.

— Que bela pessoa a V foi enfiar na nossa vida, hein? - Resmunguei amargo e suspirei, decidindo ajudar o tal Mickey. — Pode dizer a ele que eu ainda vou ajudá-lo, mas depois disso, não quero mais lidar com ele.

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