P.O.V Mickey Milkovich
Saí daquele apartamento praticamente cheio de raiva, mas também com muita vontade de fugir... fugir da porra do desconforto que estava se acumulando no meu peito durante a briga com aquele ruivo idiota. Não sabia exatamente o porquê, mas tudo estava me deixando a flor da pele desde o primeiro momento em que eu pisei nessa cidade e de alguma forma, encontrar esse cara estava amplificando as coisas.
Quando eu pisei naquela sala com o piano e os quadros e vi o retrato dele... eu não sabia que porra tinha dado na minha cabeça, mas por algum motivo, eu queria tocar na merda do retrato, eu senti algo diferente... a mesma sensação que eu senti quando pisei na igreja que eu desenhei e reconheci que era a mesma dos meus sonhos.
De alguma forma, eu sempre sonhei com esse lugar e eu sentia que conhecia cada pedaço daqui mesmo sem nunca ter vindo aqui antes. Mas toda vez que eu tentava procurar um motivo para saber porque eu sentia isso, minha cabeça começava a latejar e as fisgadas surgiam, como se tivesse algo bloqueando a porra do meu cérebro.— Porra, Mickey, enlouqueceu?! - A voz do merdinha interrompeu a minha tentativa de colocar os pensamentos em ordem.
— Devia perguntar isso pra porra do seu irmão! - Respondi, sem muita paciência. Era só o que me faltava ter que ouvir lição de moral de um cara que se chama "Lip".
— Porra, ele vai te ajudar a arrumar um emprego, o mínimo era tentar não agir como um idiota!
— Não fode, ele que começou com essa porra! - Eu exclamei, esperando que ele não começasse a encher a porra do meu saco.
— Mas foi você que foi lá pedir um favor! Te deixei cinco minutos sozinho e você invadiu o ateliê dele e ainda falou daquele maldito retrato. - Eu revirei os olhos pro idiota.
— Aí, porra, não enche. - Tudo o que eu menos queria era gente martelando na minha cabeça agora. — Se ele fica tão ofendido com pouca coisa, não deveria ter começado a brigar e me acusar de querer roubar algo de lá, até porque nem tinha nada de valor pra ser roubado.
— Aquele ateliê tem um valor sentimental muito forte pro meu irmão. - Lip disse, mas não concluiu o raciocínio. — Bem, isso não importa mais, o que realmente importa é que ele vai te ajudar a se firmar e depois de um tempo, você não vai ser mais responsabilidade nossa.
— Eu nunca pedi pra ser responsabilidade de ninguém, pode acalmar seu cu. - Eu resmunguei, entendendo o recado implícito do idiota, que queria me ver longe o mais rápido possível.
— Pra quem precisa de ajuda, você é bem arrogante. - Revirei os olhos pro idiota.
— Eu só não vou ficar lambendo ninguém, mas eu não vou ser um incômodo pra sua família por muito tempo.
— Ótimo, fico feliz que estamos tendo a mesma linha de raciocínio. Vamos voltar? Vou pedir pra Debbie te ajudar com o seu currículo. - Eu bufei e entrei no carro.
Não demorou muito pra gente voltar para aquela casa ridiculamente grande em que essa família vivia... era até difícil imaginar que essa gente já morou na zona sul.
— Debbie! - Lip gritou assim que entrou.
— O que foi? Eu tô na cozinha, não precisa gritar. - Veio uma ruiva da cozinha e me encarou.
— Ah, é você o mais novo morador da casa Gallagher?— Não por muito tempo. - Resmunguei, mas ao invés de ficar mal humorada, ela riu.
— Você é todinho da zona sul.
— Debbie, você pode deixar a confraternização pra depois, preciso que ajude Mickey a montar um currículo e que envie pro Ian.
— Tudo bem. - Ela me encarou e fez sinal para que eu a seguisse.
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For all our lives
Fanfiction"Uma história tão antiga quanto o tempo... Existe uma lenda que dizia que antigamente o ser humano era composto por quatro braços, quatro pernas e duas cabeças. Mas ao enfurecerem o criador, foram divididos em dois, condenados a vagar pelo mundo pr...