Leonardo: Frustração

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   Quando Leonardo olhou para Sofia, seu coração se acelerou e ele ficou agradecido pelo fato de estar apenas com a cabeça para dentro daquele quarto, pois assim não teria como amostrar como sua respiração ficou ofegante. Ele apenas conseguia puxar o ar com violência, sem que fosse percebido e ao avistá-la, sentada naquela cadeira ao lado de sua avó, paralisada e de olhos arregalados, foi o suficiente para que ele soubesse que tinha chegado a hora de ambos se acertarem e não apenas em relação à empresa, mas sim em relação aos corações que foram partidos há 5 anos, onde ele não conseguiu acreditar no que Sofia havia lhe contado sobre sua mãe, assim como ainda não conseguia acreditar neste fato, mas sabia de uma coisa: Sofia nunca deixaria de fazer o coração dele se acelerar...

   -Olá! Posso entrar? – Ele finalmente tinha recuperado sua voz e quebrou o silêncio, enquanto Sofia continuava tentando se recuperar.

  -Entre querido! Estava com saudades do meu neto, vem dar um abraço na sua avó! – Dona Ana sempre sendo gentil, mesmo depois de tudo o que tinha acontecido, ela continuava dando carinho a ele e isso o fez ir direto ao encontro de sua avó, de consideração, abraçá-la e matar a saudade e por isso não notou quando Sofia se levantou, apenas depois que ela pigarreou que ele a viu em pé e antes que ela pudesse dizer algo, seus olhos a percorreram de cima em baixo, notando que ela tinha se tornado uma mulher elegante e deixado de ser uma garota desesperada para acordar de um pesadelo.

   -Boa tarde, Leonardo. – Ela o cumprimentou com toda a formalidade do mundo, dando para perceber que ele teria que ter muita força de vontade para quebrar a barreira que tinha sido erguida sobre eles e só depois desta guerra, começar a batalha dos sentimentos que eles ainda sentiam um pelo outro.

  -Boa tarde, Sofia. Como vai? – Ele foi o mais formal que podia ser.

  -Bem, obrigada. O que tinha de tão importando para ser tratado comigo?

  -Estou aqui para saber da divulgação da empresa e dizer o desempenho delas mundo à fora, além de querer saber sobre o desempenho dela aqui.

  -Ora crianças, não quero que conversem sobre a empresa aqui no meu quarto, por que vocês não se retiram enquanto eu durmo um pouco? – Dona Ana parecia realmente cansada e apenas uma olhada de soslaio foi o suficiente para que Leo percebesse que ela precisava de descanso e não de aborrecimento.

  -Poderíamos conversar lá fora, Sofia? – Ele perguntou cauteloso internamente, enquanto exteriormente não passava da fechada de um empresário.

  -Está certo, durma bem vovó! – Sofia se inclinou e deu um beijo na testa de sua avó, depois se levantou e foi em direção à porta do quarto, saindo sem antes permitir que Leo abrisse a porta para ela.

  -Vejo que os anos não tiveram efeito sobre você, Sofia. – Leo não conseguiu se segurar e teve que falar o que estava em mente.

  -Não sei se considerarei isto como um elogio ou uma ofensa. – Ela falou rudemente e então ele reparou que ela parecia estar amargurada.

  -Não teria porque ser uma ofensa, se quando era adolescente, sempre fora bonita. – Ele pôde perceber que ela enrubesceu um pouco.

  -Oras Leonardo, se veio até aqui para ficar fazendo-me elogios, sugiro que dê meia volta e vá para...

  -Por que essa agressividade toda, Sofia? Apenas disse um comentário a sua aparência, não esperava que você viesse com quatro pedras na mão para cima de mim. – Ele falou um pouco na defensiva.

  -E esperava o quê? Que eu viesse com beijinhos e abraços para cima de você? Depois de ter virados as costas para mim, quando mais precisei? Não venha fingir-se de vítima Leonardo, venho até aqui por outros propósitos e espero que os diga agora, se não eu me retirarei deste hospital e só voltaremos a nos encontrar em reuniões. – ela tinha sido o mais dura que ela podia ser e então Leo percebeu que aquela guerra poderia levar um tempo, embora ele quisesse revidá-la com provocações, ele preferiu calar-se e ir direto ao ponto que tinha que saber.

  -Quero os balancetes da empresa – ele falou olhando nas profundezas que eram os olhos castanhos de Sofia

  -Ótimo, vamos esclarecer umas coisas aqui... Primeiro eu tenho 70% das ações, então não gosto que fique falando neste tom autoritário comigo, segundo só lhe entregarei os balancetes, assim que você me entregar os seus e terceiro não tolerarei falar do passado, hoje somos adultos de 20 e poucos anos e estamos nos vendo apenas com o propósito de resolver os problemas financeiros da empresa, apenas por isso e depois é cada um por si – ela falou e deu as costas para ele, indo em direção a saída do hospital

  -Espere! Quando nos encontraremos para a entrega dos balancetes? – ele elevou um pouco sua voz para que ela ouvisse

  -Você sabe onde fica meu escritório... – ela falou e foi embora

  Ele não conseguia acreditar no incrível diálogo que eles tiveram, apenas um elogio que ele tinha feito a ela, havia praticamente estragado a conversa toda, claro que ele não esperava que tivesse sido tudo tão fácil, mas o fato dela o ter dispensado daquele jeito o deixou irritado, confuso e determinado a sair do país assim que terminasse seu trabalho no Brasil, pois de jeito nenhum iria aturar as ignorâncias de Sofia consigo mesmo, e prometeu a si mesmo que sempre que ela viesse com quatro pedras, ele a revidaria em dobro, pois não estava afim de ser visto como o vilão da história, enquanto ela seria a donzela em apuros e teria o mundo todo com pena dela, enquanto todos teriam raiva dele...


Volto a repetir, quem não leu o primeiro não conseguirá entender o atual.

Nome do primeiro livro: Destinos Traçados

Nome da autora: Paloma Porto ou Paloma Aisaka

Destinos Traçados: ReencontroOnde histórias criam vida. Descubra agora