Sofia: Morarmos juntos

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     Ela saiu do hospital no dia previsto pelo médico. Sofia podia estar sendo complicada de lhe dar, mas estava completamente feliz que Leo estivesse ao seu lado. Ele não sabia e pensava que ela estava sendo inconsequente ao falar o tempo todo da empresa, mas a verdade é que ela fazia isso para conseguir distraí-lo do seu desespero interior. Sofia sabia que Leo sentiria seu medo, seu horror pela experiência ruim que teve, por isso ela preferia fazê-lo se focar em outra coisa: Tentar domá-la para não pensar na empresa.

     Em parte, Sofia também se preocupava com a situação da única coisa que lhe ligava ao seu pai, mas no momento ela se sentia muito assustada com tudo o que aconteceu e não queria desgrudar de Leo. Apesar de se sentir um pouco sem jeito, ela estava realmente feliz que ele tivesse tomado a iniciativa de ficar com ela em seu apartamento, porque se ele não fizesse isso, ela não teria coragem de pedir e acabaria vivendo constantemente assustada.

      Outra coisa que Leo não sabia, é que ela queria ir trabalhar com ele na empresa, porque não queria ficar sozinha por um minuto se quer. Tinha sido horrível sentir a lâmina da faca perfurando sua pele e a rasgando enquanto o bandido descia com o objeto. Toda vez que ela fechava os olhos, lembrava do terror que tinha sido aquele assalto. Por ela, não voltaria nem mesmo para o prédio que morava, mas precisava enfrentar o medo e não se abater completamente. Ela precisava se recuperar, se assegurar que Leo não percebesse seu pavor, garantir que a empresa não fosse a falência e implorar para que ninguém contasse a sua avó o que aconteceu.

      Assim que saíram do hospital, Leo perguntou se ela iria querer comer em algum lugar, porém ela recusou e pediu apenas para ir para casa. A incapacidade de mexer com o lado afetado a incomodava, mas ela não queria ser costurada a sangue frio. Sofia precisou de ajuda para colocar uma roupa e pensou em quantas possíveis roupas tomara que caia ela teria em seu guarda-roupa. Ela sabia que não seriam muitas, algumas eram vestidos de galas, outras roupas de ficar em casa e em sua maioria eram tops de biquíni, porque ela não gostava muito de ficar com marquinha. Nesse caso, ela agradecia por morar em um lugar quente, porque assim poderia usar os tops tomara que caia a vontade.

       Um lado chato de ficar dependente, é que ela precisaria da ajuda de Leo para se vestir, o que a deixava completamente desconfortável. Eles podiam ter dormido juntos, ele podia conhecer partes de seu corpo que ela nunca havia tocado, porém a situação era outra e não a que ela estava vivendo. Não demoraram muito para chegar no prédio em que morava e o porteiro logo se apressou em perguntar como ela estava, o que a deixou feliz. Ela tinha um carinho pelo porteiro e não esperava que ele tivesse por ela também. Talvez por ter sido filha de uma empregada, ela sempre simpatizava com os funcionários mais humildes e ficava feliz quando via que tudo era recíproco.

       Após tranquilizar o porteiro, Leo e Sofia caminharam até o elevador. Leo segurava sua mão boa e a olhava o tempo todo, como se quisesse se certificar que ela estava bem. Sofia sentia esse carinho vindo dele e não queria demonstrar fraqueza, para não perturbá-lo. Chegaram ao andar em que Sofia vivia e saíram do elevador. Leo abriu a porta e eles entraram, encontrando as papeladas da empresa em cima da mesa onde ela tinha deixado da última vez.

     -Até em casa eu encontro trabalho. – Leo brincou e Sofia riu.

     -Está tudo do jeito que deixei. – ela concordou e pensou que por um momento achou que nunca mais voltaria para casa.

    -O que você está sentindo vontade de comer? Posso ligar e pedir, já que não sou muito útil na cozinha.

    -Peça pizza, qualquer sabor. Eu estou precisando de um bom banho para tirar esse ar de hospital. – ela respondeu caminhando para seu quarto e Leo foi atrás.

Destinos Traçados: ReencontroOnde histórias criam vida. Descubra agora