Capítulo 20

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Acordar nos braços de Kim parece muito com o período da vida de Chay do qual ele está tentando desesperadamente seguir em frente. Ele fica absolutamente imóvel quando acorda, fazendo o possível para manter a respiração regular. Mesmo sem abrir os olhos, Chay pode dizer que o cômodo está cheio da luz forte do sol, indicando o final da manhã.

No entanto, o calor que o envolve é inebriante demais para se afastar.

Ele nunca pensou que teria que saborear esses momentos assim, quando eles já foram dados livremente a ele. Mas agora que Chay sabe como é viver em um espaço sem os cheiros deles misturados, sem o braço de Kim segurando-o com segurança. Ele pode realmente ser culpado por querer demorar apenas mais alguns segundos?

"Sobre o que você sonha?" O peito de Kim ressoa sob o rosto de Chay enquanto ele fala. "Você tem pesadelos com frequência."

Chay fica quieto por um momento. Seu reflexo imediato é negar que tenha pesadelos. Abrindo os olhos lentamente, Chay olha para cima, meio que esperando encontrar um olhar crítico no rosto de Kim. Ele não encontra. Tudo o que ele vê é abertura.

"Pessoas me deixando." Chay responde, desviando o olhar. Os sonhos costumavam ser mais vívidos. Mas depois de um tempo... eles simplesmente deixam Chay com um vazio pela manhã. "Não me deixaram entrar no quarto quando... minha mãe faleceu. Só me lembro da cama do hospital sendo empurrada. E quando fui morar com Hia pela primeira vez, eu acordava no meio da noite e ele tinha que me acalmar. Mas um dia acordei e Hia não estava lá."

Ele estava inconsolável quando Hia voltou, tendo saído por apenas alguns minutos.

A mão de Kim acaricia suas costas, esfregando em círculos suaves. "Eu não tinha idade para me lembrar da morte da minha mãe."

"Sinto muito." Chay diz sinceramente. Ele esquece que Kim também perdeu um dos pais, ele nunca ouviu Kim oferecer qualquer informação sobre sua família antes. "Como foi crescer com irmãos? Hia sempre tentou ser um pai, mesmo que ele mal fosse um adulto quando começou a me criar."

"Acho que não tenho uma ideia muito precisa de uma vida normal com irmãos." Diz Kim. "Nossa família não é exatamente o que você chamaria de calorosa. Meu pai sempre deixou muito claro que nosso trabalho é dar continuidade ao legado dele, há muita pressão para corresponder às expectativas. Às vezes, ninguém nos diz quais são essas expectativas. Cometer erros é... desaprovado."

Deus, isso soa como uma maneira miserável de viver.

"Sinto muito por ter explodido seu armazém." Chay diz depois de uma pausa. Ele imagina que esse nível de 'erro' tenha colocado Kim em um mundo de problemas com seu pai.

"Seu armazém agora, caso você tenha esquecido." Kim ri levemente.

"Eu não pensei que seu pai estava falando sério sobre isso." Chay se levanta, ligeiramente alarmado.

"Meu pai não faz piadas." Diz Kim. "É um castigo pelo meu erro. E, de qualquer maneira, ele gosta de você."

Chay não consegue entender por que, pela vida dele.

"Por que fazer tanto esforço?" Kim pergunta, colocando o braço atrás da cabeça. "Você passou perto de quê, seis meses comigo? Para sabotar um armazém?"

Não é culpa de Chay que ele não conseguiu encontrar um ponto fraco maior para cutucar, ele estava trabalhando com recursos limitados. "Eu não estava pensando com clareza." Ele reconhece com relutância. "Eu sei que não foi o melhor plano, ok?"

(KimChay) Este Jogo Que JogamosOnde histórias criam vida. Descubra agora