"veja, você trouxe o melhor de mim. você pegou minha alma e a purificou. nosso amor foi feito para as telas de cinema."
[três meses depois]
Josh e Noah decidiram manter o que tinham longe do ambiente de trabalho e à princípio, não estava certo de que seria uma boa ideia assim. Depois das duas primeiras semanas, ele não se importava mais. Por favor, eles mais agiam como jovens amantes se empurrando em salas vazias quando o sinal tocava e Noah - Noah sempre seria o mesmo.
Teve essa vez em que ele entrou em sua sala e todos os rostinhos tinham ele na mira ao que ele caminhava à mesa e dava toda essa volta para pegar a maçã sobre ela e girar os calcanhares, em silêncio.
"Isso é meu, senhor Urrea."
Algumas crianças cobriram os lábios e outras deixaram as risadinhas fluírem. Ele nem precisou olhar, mas soube que o francês parou e virou.
"Eu não vejo o seu nome aqui."
Elas riram mais. Deus, ele deveria ser o professor favorito de todas elas.
Josh o fitou dessa vez, os olhos enfadigados pela resposta boba.
Ele saiu e piscou pelo quadradinho de vidro, soprando um beijo antes.
Ele era- Bem, ele só era.
Parou há tempos de tentar defini-lo, assim como parou de tentar não se encantar tanto pelo homem. Sempre-estava-lá, talvez fosse essa a melhor maneira de dizer aquilo. E aquela era uma das piores manhãs de todas.
Acordou não tão cedo, havia certa queimação no início de sua garganta, subindo, e um embrulho incomum no estômago. Tudo pela manhã foi feito com indisposição aguda e um pensamento: sem saladas por hoje.
⸺ Bonjour, mama! - Mabelle abraçou suas pernas. Ela escalou até estar em seus braços e Josh desferiu um beijo na bochecha cheinha. Já se foram outros dois dentes e ela sorria mais que antes. ⸺ Tudo bem?
⸺ Só me sinto um pouco enjoado, meu doce. - ele fez um bico. ⸺ E como você amanheceu o dia?
⸺ Papa deu beijo. - ela disse num sotaque similar ao seu. Josh não queria ser babão, mas ela esteve aprimorando tanto o inglês e, na maioria das vezes, soava como ele.
⸺ Deu beijo em você também.
⸺ Deu? - fitou o rosto meio sonolento do francês e beijou o rosto de Henri. Genevieve estava do outro lado, então ele soprou um beijo e ela devolveu antes que ele sentasse com a menina em seu colo. ⸺ Acho que os beijos não me acordaram hoje.
⸺ Bonjour, crème brûlée. - Noah saudou e a mesma expressão azeda tomou seu rosto quando o francês pôs uma rodada de maçãs e pêras cortadas na mesa. Que merda estava acontecendo com ele, afinal?
⸺ Bom dia, Noah. - ele disse, o embrulho aumentando. ⸺ Acho que vou passar, ainda me sinto cheio.
⸺ Cheio? - ele o olhou por cima da xícara, andando até ele. ⸺ Você pulou o jantar e a sobremesa ontem à noite também. Achei que Henri tinha comido as sobras.
⸺ Papa! - o menino apreendeu.
⸺ Eu comi. - disse em um quase choramingo, separando os morangos para Mabelle. ⸺ Me deixou enjoado.
⸺ Oh, croissant. - aninhou o nariz num lado de seu rosto, afetuoso. Josh inclinou para o toque. Ele esticou os lábios num bico e Noah desferiu um beijo curto lá. ⸺ Eu vou fazer um pouco de chá, isso sempre ajuda quando as crianças têm.
⸺ É ruim. - Genevieve cochichou, a mão cobrindo os lábios. ⸺ Muito ruim. Tem gosto de queijo estragado.
Josh sorriu e murmurou de volta: ⸺ Tenho certeza que sim.
⸺ Não tem, não. - Noah assegurou, os olhos cerrados para o sorriso travesso da filha. Ela riu. ⸺ Você tem cheiro de queijo estragado.
⸺ Você, papa.
⸺ Ela tem, não tem, Henri?
- Não seja - beliscou a mandíbula pontiaguda e o francês deu uma olhada em seu rosto, o queixo caído. ⸺ Implicante, deixe ela em paz.
⸺ Isso! - ela pôs as duas mãos sobre a mesa, um sorriso grandioso e incentivador. ⸺ Me proteja, mama.
De imediato ele liberou a pouca pressão feita na pele do homem, o seu queixo caindo. Ele tinha certeza que cada um na mesa fez aquilo e ela murchou em seu lugar, constrangida e as bochechas tostando em carmesim.
Noah ampliou os olhos, cutucando seu braço para dizer alguma coisa quando o silêncio perdurou.
Limpou a secura na garganta.
Mabelle adquiriu esse costume com mais facilidade do que ele levou para ouvi-la sem derreter. E Gene? Ele não esperava ouvi-la dizendo isso.
Josh estava prestes a dizer que protegeria ela sim, mas Mabel pôs um pedaço de morango na sua boca e algo no cheiro (ou era o gosto?) fez com que ele corresse para o banheiro.
~*~
⸺ Eu fui estúpido na primeira vez, você precisa - quase cochichou para a irmã no telefone. ⸺ conseguir um teste. Por favor, pode fazer isso?
⸺ Um teste. - ela repetiu, sem alguma emoção na voz. Ela só repetia desde que Josh falou sobre sua suspeita. ⸺ Você precisa de um teste.
⸺ Sim.
⸺ Porque você - ele a cortou com um "Taylor, sim." ⸺ Okay, eu só preciso de um tempo. Um teste.
⸺ Eu sei que é exagero. Eu só - ele murmurou baixo, algo embrulhando dentro dele quando levou a unha até a boca. O barulhinho na porta o acordou para a realidade. ⸺ Eu ligo mais tarde. Consiga logo. Amo você.
Noah entrou na sala com uma chapéu alegórico, alto e de tantas cores que ele precisou sorrir. Tão extravagante.
⸺ Aqui, coma isso. - o francês pôs uma caixa retangular de frango frito na mesa dos professores. Em qualquer outra situação, Josh não hesitaria em torcer o nariz porque não era um fã desse tipo de coisa, mas parecia irresistível. ⸺ Você não comeu nada desde que saímos.
Ele abriu a caixa e cutucou o frango banhado à molho. Nunca desejou tanto aquilo. Como Noah sabia?!
⸺ Onde conseguiu isso?
⸺ Passei em um lugar quando deixei Mabel em casa.- ele juntou seus cabelos, segurando um coque alto com um elástico em seu pulso. ⸺ Não aconteceu de novo, certo?
⸺ Não. - mentiu. Ele não queria preocupar ainda mais, mas tentou beber uma xícara de chá, mais cedo, e acabou de joelhos no vaso sanitário. Não era estúpido, não estava vagando no escuro. Ele tinha alguma ideia em onde estava metido e por isso falou com Taylor, mas precisava saber primeiro. Aquilo o aterrorizava.
Uma monitora abriu a porta quando ele deu a segunda mordida na carne e seus dedos já estavam nojentos.
⸺ Senhor Urrea, é sua filha. Genevieve está na enfermaria, eles querem que você vá até lá.
~*~
⸺ Oh, senhor Urrea. Aí está você. - a mulher de fios grisalhos e simpatia afiada disse quando eles chegaram na sala. Josh estava logo atrás, seus olhos pulando para fora do lugarzinho original. Os céus sabiam o sentimento que percorreu sua espinha quando a monitora disse que Gene estaria ali. ⸺ Ela não está se sentindo muito bem, mas disse que nada dói.
Noah foi até a maca pequena em que a menina tinha um pirulito fechado na mão. Ela não parecia bem. Em todo esse tempo, ele nunca viu Genevieve se queixar de dor ou se permitir chorar. Ela puxou o tecido da blusa do pai e cochichou alguma coisa, ele não sabia o quê. A senhora cutucou seu rosto como sua tia costumava fazer e tirou brevemente sua atenção daqueles dois.
⸺ Senhor Beauchamp, eu posso ajudá-lo? - ela sorriu para o seu semblante confuso até que algo fez sentido. ⸺ Você precisa de alguma coisa?
Claro. Por que ele estaria ali?
⸺ Oh, eu preciso resolver alguns assuntos com o senhor - tentou dizer, mas os dois começaram a falar em francês. Ele jura que esteve estudando aquilo diariamente, sempre que encontrava um momento, porque eles sempre o deixavam meio perdido. ⸺ Nós temos alguns assuntos pendentes, preciso esperá-lo aqui. Ela veio aqui por conta própria?
⸺ A pequenininha? - ela esperou o seu assentir apressado. ⸺ Não, ela estava chorando no campo. O treinador trouxe ela porque achava que o tropeço tivesse machucado o tornozelo, mas não. Ela disse que estava tudo bem e eu chequei.
⸺ Vamos para casa. - Noah disse, já resolvido. ⸺ Você vem, Josh?
~*~
⸺ Eles disseram que você estava chorando no campo, amor. - Josh estacionou e olhou para ela pelo retrovisor. Os fios de ouro cobriam boa parte do rosto e Noah desceu do carro para sentar ao lado dela. ⸺ Você quer conversar sobre isso?
Os olhos de Genevieve eram quase transparentes de tão vulneráveis. Ela não respondeu, apenas olhou para o próprio colo. Havia algo de muito errado.
⸺ Aconteceu algo. - Noah a apertou num abraço para o qual ela cedeu. ⸺ E você pode contar tudo. Sabe disso, não sabe?
⸺ Ele não gosta de mim. - ele ouviu a voz tremida e aquilo amassou seu coração, ainda mais depois da pausa arrastada em que só se ouvia o choro sincero da menina. ⸺ Josh não gosta de mim, só deles e de você, papa. Ele não me quer também.
Desceu do carro, entendendo o porquê daquilo. Ele compreendia, não dissera mais nada depois que ela afundou na cadeira mais cedo. Tão distraído e pilhado pelo que estava acontecendo consigo que acabou esquecendo de voltar para falar sobre isso.
⸺ Noah, eu posso - pediu, vendo o homem concordar e lentamente soltá-la para que ele a tivesse em seus braços. Foi um alívio quando ela apertou sua roupa com as mãos pequenas. ⸺ Como você pode pensar isso, meu bem? Eu amo muito você. Muito. Eu sou sua mama, não é?
⸺ Você é? - ela tocou seu rosto, a vermelhidão fazendo Josh se sentir mal. Ela chorou tanto por isso, era doloroso. Afastou os fios loiros de seu rosto, secando as lágrimas.
Ele assentiu, a tranquilizando.
⸺ E eu amo você. - beijou a ponta do nariz arrebitado e ela fungou se recuperando.⸺ Estamos bem agora?
Ela devolveu o beijo em seu nariz também, secando ainda mais o rosto.
⸺ É, agora nós estamos.Desculpe qualquer erro.
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Roma & Julio || N.B
FanfictionADAPTAÇÃO AUTORIZADA AUTORA @ hsmpreg [Concluída] Tudo está okay na vida de Josh. Ele é um professor de inglês pacato do ensino fundamental, até que Noah, o novo professor francês de artes cénicas, entre em cena. Adaptação autorizada!!