Com Amor, Marília

18 - Capítulo

"As pessoas que devem ficar juntas fazem uma pausa e depois encontram o caminho de volta ao primeiro amor". - Pretty Little Liars

Quando o sol adentra o quarto me acordando pela manhã, Murilo e eu estamos de conchinha. Ele está com o rosto enterrado em meu pescoço, todo agarrado a mim. Eu me aninho na cama, sentindo todo aquele amor. Abro os olhos, respirando fundo, sentindo aquele ar puro da manhã. Respirando amor, respirando vida. Estou aqui acordando com o homem que eu amo, sem me preocupar com absolutamente nada. Nada! Eu, ele e nosso mundo particular apenas. Os raios de sol batem no rosto de Murilo também, acordando-o. Ele franze o cenho e custa para abrir os olhos. Eu o observo encantada.

- Bom dia. – ele abre um pouco os olhos, sorrindo para mim

- Deveríamos ter fechado a cortina antes de dormir.

- A última coisa que eu ia lembrar ontem era cortina. – ele sorri – Que horas são?

Eu ergo meu corpo para pegar o celular na mesa de cabeceira e ver a hora. Ele não me solta, segura minha cintura firme. Alcanço o celular, trazendo-o para cama.

- 9h15..

- Pegamos o vôo das 11h? Será que dá tempo?

- Acho que sim. Temos que levantar.

- Não, não ainda não. – ele beija minhas costas, meus ombros, morde minha orelha

- Quero fazer uma coisa

- O que? - ele me olha animado

- Uma coisa para todos que sempre acreditaram no nosso amor. – ele fica curioso – Olha para cá.

- Você quer assumir? é isso?

Eu esperava dele que me ignorasse, como se tivesse acontecido nada. Mas não, ele me olhou, sorrindo de lado com carinho, como se falasse comigo pelo olhar. Eu sorri sem graça de volta. Depois do café, ele se senta ao meu lado. 

- Tudo bem? - eu o olho

- Tudo.

- Olha, sobre ontem..

- Não, Murilo. Tá tudo bem.- digo nervosa e ele sorri

- Só queria dizer que foi incrível. - eu me silencio, olhando no fundo dos seus olhos - Você é incrível. - ele toca meu rosto - E sei que agora entre a gente cresce uma intimidade, confiança e admiração muito maior do que a que já existia. - sorrio

- Você tem razão, em tudo. Foi incrível, mas somos bons amigos e que isso sirva para nos unir mais, como nos transformou em um ontem. Mas temos que deixar as coisas como estão. - ele confirma - Nós agora dividimos muitas coisas e vamos ter isso sempre com a gente. - ele sorri 

Chegamos à aeroporto atrasados. Mas com esforço conseguimos embarcar. As 4h até Goiânia foram de muita conversa. Murilo me perguntou o que eu pretendia fazer agora e começamos a conversar sobre como agir. Para esclarecer tudo que aconteceu comigo e sobre nós dois também. Meu celular está no silencioso, afinal, não para de tocar.

Eu fui para minha casa, mesmo as Gêmeas insistindo muito para eu sair, resolvemos deixar elas em família por um momento e ir para casa descansar. Logo que cheguei, minha mãe me acompanhou até meu quarto em sua casa, quando eu entrei, não pude segurar as lágrimas.

- O que houve, filha?

- É só bom estar nesse quarto, tanto tempo que não venho aqui.

- Tem certeza que é só isso?

- Sim, mãe.

- Você mudou tanto, Marília. O que aconteceu?

- Posso te pedir uma coisa?

- Claro, meu amor.

- Posso ficar no seu colo um pouco? Só um pouquinho?

Minha mãe caminhou até a cama, me pegando pela mão, sentando na cama. Eu tirei meus sapatos e deitei em seu colo, ela ficou ali, mexendo no meu cabelo e fazendo carinho no meu rosto, ela não perguntou mais nada. Eu fechei meus olhos, me segurando para não chorar. Colo de mãe, aqui dentro parece que tudo está bem, tudo está salvo. Com o carinho da minha mãe, comecei a pensar em Murilo, em como eu vou dizer a ele que não posso mais estar com ele, como eu vou ficar sem ele outra vez. Só a ideia me mata. Murilo é meu ar..
Não sei que horas minha mãe saiu do quarto, só sei que acordei agora, 13h e ninguém veio me chamar. Hoje eu tenho um longo sábado pela frente! Eu levanto, tomo um banho e quando estou saindo do banheiro, minha mãe entra no quarto.

- Marília, Maiara ligou. Pediu para você ligar para ela assim que puder.

- Maiara! Sim, vou ligar para ela, obrigada.

- Você está melhor?

- Não. Mas eu vou ficar.. Hoje é um longo dia.

- Não quer mesmo me contar o que está acontecendo?

- Você ficaria triste se eu guardasse para mim?

- Não gosto de te ver triste desse jeito, como ando vendo a bastante tempo, se você não está feliz, por que não faz algo em prol da sua felicidade? Sabe que estou aqui para dividir esse peso com você. Filha, eu faço tudo para te ver feliz.

- Eu sei mãe, obrigada! Eu vou ficar bem, prometo. Eu te amo! – Ela me abraça

- Eu também!

Ela me solta e sai do quarto para eu terminar de me aprontar. Coloco uma calça jeans e uma blusa justa branca, um salto preto, jaqueta e óculos. Hora de encarar o maior desafio, ficar sem o Murilo.
Desço e almoço rapidamente com a minha mãe. Quando termino, pego a chave do carro e dirijo até a casa de Murilo. No caminho, uma melodia que eu me lembro bem me embala .. Essa música me lembra tanto ele! Me lembra do quanto temi ficar sem ele de novo, quando voltamos do hotel, e agora estou aqui, dando adeus a ele e dessa vez por definitivo. Por que as coisas são tão difíceis assim? Por que eu não tenho a chance de ser feliz de novo? Tudo que eu queria era poder ficar com o Murilo, definitivamente, sem medo, ou receio de nada. Eu só quero ele, só ele. Começo a chorar assim que paro o carro em um semáforo. Não vou consegui terminar com ele, eu sei que não.. Mas eu preciso, eu preciso ser forte! Como vou suportar ele me olhando? Me abraçando.. Não, não.. Me dói tanto ter que me afastar de Murilo ..
Quando chego em frente a sua casa e estaciono o carro, uma sensação estranha na barriga me invade, parece que eu vou desmaiar a qualquer momento.. Quando estou atravessando o Jardim, ele já está ciente que eu estou, começo a suar frio.. Não desmaia, Marília , pelo amor de Deus, não desmaia.. Reuni todas as forças que tinha em mim e toquei a campainha..