Monstros - revisado

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Debaixo da cama os monstros
me impedem de dormir
Me sinto só desde criança
Mesmo com gente ao meu redor
Sempre lutei por liberdade,
mas ser livre me fez




Isso não é uma terça.

A última coisa que podia se recordar era de estar se preparando para mais uma missão, mas isso definitivamente não era um dia comum, não era uma terça.

Ele abriu os olhos com certa dificuldade, tomando um susto quando a visão finalmente focou. Desesperado colocou as mãos no vidro, tateando em volta, empurrando com força, mas nada se moveu, ao analisar melhor o local percebeu outras pessoas na mesma situação.

Grandes cilíndros de vidro que iam do chão até o teto os prendiam no lugar e aqueles que ainda estavam apagados, eram segurados por um gancho robótico, que sumia assim que a pessoa começava a acordar.

Os tubos formavam um círculo perfeito em volta de uma grande mesa redonda de madeira. Em cima dela estavam várias maletas pretas de couro dispostas na direção de cada um.

Ele contou 14 tubos, com ele, 15. Aos poucos, cada uma das pessoas acordava e olhava em volta, sempre perdidos. Alguns tentaram socar o vidro, outros só gritavam, mas nada surtia efeito, os vidros pareciam a prova de balas e a prova de som também. Uma garota se desesperou e começou a chorar, sentando nos próprios joelhos.

Depois de vários minutos em completo silêncio e pânico, uma voz surgiu acima de todos.

- Sejam bem-vindos ao projeto Lemniscata. Vocês foram os escolhidos, ao redor de todo o mundo, para liderar a primeira experiência do projeto. A partir de hoje, sua missão é sobreviver, conviver e se adaptar a essa nova realidade. A sua frente, acharão as maletas com suas novas informações e objetivos. Lembre-se vocês estão sendo vigiados.

E então tudo ficou silencioso de novo.

Quando todos acharam que voltariam a ficar na dúvida e desespero, as cápsulas começaram a se abrir subindo em direção ao teto e os deixando de pé nas plataformas.

Olhou em volta no rosto de cada um, tentando achar um padrão, um rosto conhecido, qualquer coisa. Haviam cinco mulheres e dez homens, eles eram extremamente diferentes um do outro, sentiu um frio na barriga ao passar os olhos um por um.

Uma menina loira e meio pálida demais, deu um passo ao seu lado, saindo da plataforma, todos prenderam a respiração.

Nada aconteceu.

Ela seguiu andando até a maleta preta, abriu as fechaduras e então com calma, levantou a tampa.

Silêncio.

Seria uma pena alguém morrer agora.

Com certeza as pessoas ali presenciaram tantas mortes quanto ele, mas era sempre uma lástima, ainda mais de alguém que parecia tão novo.

Ela olhou curiosa e então colocou a mão ali e puxou um envelope marrom claro, havia um grande carimbo na frente, dizendo "Confidencial", mas a menina o abriu mesmo assim, tirou alguns papéis de dentro e começou a ler.

- An - começou com a voz meio falhada, pigarreou e começou de novo - Meu nome é Inglaterra, eu tenho 27 anos - voltou a olhar a ficha - e sou uma especialista - tinha um sotaque firme, bem britânico.

Os olhos dela estavam meio aguados, mas se manteve firme e com a cabeça erguida.

O menino, na plataforma a direita dela também andou em direção a maleta, ele era meio alto e esguio, os cabelos também eram loiros, quase brancos e meio opacos, usava um óculos retangular, com cuidado, se posicionou na mesa e abriu a maleta.

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