A última noite - revisado

2.8K 325 373
                                    


Uma noite no alto de um prédioVendo a cidade por cimaNós somos mesmo tão pequenosE isso é a coisa mais linda

O grupo andou durante horas.

Brasil imaginava que tinham saído do prédio às 9 da manhã e agora tinha certeza que já se passava do meio dia, seguiu guiando o grupo com Japão na retaguarda e Croácia no meio. Os especialistas tinham as armas a postos, todos estavam em silêncio e observando ao redor.

A cidade estava completamente abandonada. Pichações nos muros seguiam por todas as ruas, algumas com um símbolo peculiar e desconhecido, mas apesar de tudo, todos ainda estavam bem e nada havia aparecido até agora.

- Ei - uma voz baixa se fez presente ao seu lado, virou o rosto só para ver quem era e então voltou a olhar em volta.

- Fala - Brasil respondeu ao argentino, vendo-o apertar mais a pistola na mão.

- Eu não queria ter gritado daquele jeito, ainda mais depois do que a Venezuela falou - confessou e continuaram andando com cuidado.

- Isso é um pedido de desculpas? - sorriu de canto.

- Não mesmo! Mas é uma trégua - os dois se olharam rapidamente - Eu não acho que é bom estar brigado com alguém em um lugar desses.

- Eu concordo, você se sentiria muito mal se eu morresse sem poder te perdoar, né? - brincou e o argentino o empurrou com o ombro, os dois riram baixinho.

- Você não é tão ruim assim, só precisa abaixar essa bola.

- Baixar a bola? Mas meu chute mais bonito foi feito no ar! - se encararam por alguns segundos.

- Você tá falando da Copa de 22? - os dois seguraram o riso mas foi em vão, porque acabaram rindo juntos.

- Desculpa, Hermano, mas aquela copa era nossa.

- Eu também fiquei chateado com o final, quer dizer, nada contra a França, mas ia ser incrível enfrentar vocês - olharam em volta de novo.

- Ia ser ótimo ser Hexa - então um silêncio se instalou.

Um luto por tudo que não poderiam mais viver, de uma época onde tudo era mais leve e feliz, mesmo que não fosse perfeito.

Brasil sentia falta daquela época, parece que foi à uma vida inteira, mas faziam só alguns anos.

Ele olhou a cidade, não a reconhecia, mas sabia que estava no Brasil ainda, sentia falta da música, do churrasco na laje, do calor e das praias, hoje ninguém podia sair das bases e quem saía não voltava pra contar a história, mas ali estava ele, fora da base, tentando atravessar uma cidade inteira com um grupo de estrangeiros.

- Brasil! - um grito sussurrado chamou a sua atenção.

Virou para a voz, vendo Croácia parado e fazendo sinal de silêncio com a mão.

- Que? - o sussurro foi tão baixo que nem ele se ouviu.

Todos ficaram parados, em silêncio, olhando em volta, puxando as armas. Brasil tomou a frente de novo, com o rifle na mão, Argentina e Colômbia se posicionaram ao lado dele, com as pistolas apontadas para onde olhavam e então ele escutou.

Os olhos se arregalaram e só conseguiu puxar os outros para atrás de uma caminhonete no meio da rua, todos tentavam se manter quietos, ainda mais com o moreno fazendo "shh" o tempo todo. Foram praticamente jogados no chão, enquanto Brasil olhava pelo capô na direção do barulho.

Argentina abriu a boca para falar algo, mas o brasileiro foi mais rápido e tapou sua boca o puxando para perto. Os dois ficaram se encarando, o loiro podia ver o medo claro como a água nos olhos dele, então ficou quieto e o encarou de volta.

PilantraOnde histórias criam vida. Descubra agora