Doce

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Mas uma coisa eu senti mudar
Desejo súbito de te encontrar






Talvez não fosse mais um segredo. Talvez todo mundo já soubesse. Mas existem coisas nessa vida que precisam ser ditas para serem entendidas.

Eles voltaram para dentro da casa, encharcados e sorrindo. O clima ficou leve depois do banho de chuva, como se algo tivesse mudado na relação deles, uma confiança a mais talvez. Brasil pegou o violão do chão e gargalhou enquanto o virava pra cima pra ver se tinha entrado água no buraco. Argentina percebeu que as costas do moreno estavam sangrando e tratou de o puxar pelo braço até o quarto.

Colombia saiu pela última porta e encontrou os dois no corredor, curiosa sobre o fato de eles estarem molhados, mas logo olhou pela janela e viu a chuva, que só aumentava.

Os três foram até o quarto principal e Argentina refez os curativos do mais novo, tomando cuidado pra não o machucar. Ele deu uma muda de roupas para o moreno e eles voltaram a se sentir quentinhos e confortáveis.

Colômbia fez a conversa andar e seguir tranquila, com Brasil fazendo piadinhas e Argentina "brigando" com ele. Enquanto o moreno ria, o loiro dava tapas em seu braço e o chamava de estúpido. A garota olhava a cena quase abismada, mas fingiu não se importar e riu com o outro.

Croácia e França foram os próximos a levantarem. Eles se sentaram todos no quarto e começaram a conversar, com França reclamando de dor nas costas de vez em quando e Colômbia gargalhando dele. Mais algumas horas depois Japão acordou e eles foram até a sala

Sentados no sofá e nas poltronas, eles ficaram em silêncio, observando o céu despencar do outro lado da janela. Pelo menos assim eles estavam seguros, por hora.

- Acha que eles podem andar na chuva? - Colômbia parecia pensativa

- Por que não poderiam? - os olhos azuis se voltaram pra ela

- O que exatamente eles são? - Croácia perguntou dessa vez

- Um tipo de armamento que deu errado - Brasil falou sem pensar, ainda olhando a chuva

- O que? - todos na sala se viraram pra ele

- O que? - ele perguntou assustado

- Armamento? - a garota parecia completamente abismada. Os olhos verde escuros se movimentaram pelos amigos, nunca encarando seus olhos

- Eu... - parecia que o brasileiro havia se esquecido como falava a própria língua

- Brasil? - Argentina virou pra ele na poltrona, os olhos receosos

- Uma hora ou outra eu ia ter que contar né... Talvez a Venezuela estivesse certa - ele suspirou - Minha base. - os outros prenderam a respiração, sabendo que uma bomba estava por vir - Era a área militar. Eu era um soldado, parte do povão

- Você estava no exército? - Japão perguntou impressionado

- Sim, mas não. O exército era quem "protegia" as bases. Mantinha as pessoas a salvo e coordenava o governo. Nós... Nós éramos os experimentos - ele apoiou os braços nas coxas, se inclinando pra frente - Soldados, escolhidos a dedo, pra fazer parte de um teste. Começou inofensivo, testes cardíacos, correr e lutar. Depois tivemos aulas sobre armas e combate. Como desarmar, como deter. E então as coisas começaram a ficar esquisitas

Todos na sala se mantinham em silêncio, vendo o garoto franzir o cenho e desviar o olhar várias vezes. Ele parecia realmente nervoso

PilantraOnde histórias criam vida. Descubra agora