Ressaca

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E agora eu não quero mais
manter a minha paz
Eu gosto do caos que você
me traz


O silêncio era tanto que reverberava pelo apartamento. Todos haviam desistido de formar um plano e para não perder a cabeça de vez, decidiriam descansar. Brasil acordou sentindo um gosto ruim na boca. Não era como sangue, na verdade, parecia que ele estava com bafo ou tinha dormido de boca aberta. Os músculos rígidos se soltaram aos poucos e ele se espreguiçou como pode, ainda sentindo o corpo doer. O maior incomodo era a dor latejante na testa, que fazia a visão ficar embaçada toda vez que ele tentava abrir os olhos. Ele desistiu de tentar e voltou a soltar o corpo todo sobre a cama, fechando-os com força

Após algum tempo se concentrando em respirar, ele conseguiu abrir os olhos focando no chão de porcelanato. A cabeça ainda doía como o inferno, mas ele concentrou as forças em se levantar. Precisava achar Argentina e pedir ajuda, perguntar se o loiro sabia o que fazer. Com isso em mente, ele conseguiu se forçar a sentar na beira da cama, gemendo de dor pelos músculos doloridos e roxos pelo corpo

Ele tentou prestar mais atenção ao redor, agora menos próximo da morte, ele pode reparar no próprio corpo pela primeira vez. O ombro estava sangrando na bandagem, haviam machucados pelos braços e pelas pernas. Okay, ele estava fedendo também. Ótimo

- Ei - Japão cruzou a porta com tanta calma que o moreno não ouviu ele chegar - Como você tá? - a voz dele era quase um sussurro

- Vivo - os dois balançaram a cabeça em uma concordância muda

- Me mandaram dar isso pra você - ele entregou uma garrafa de água e três comprimidos - Se precisar me chama

- Espera - o japonês voltou para onde estava - Eu queria tomar um banho. Tirar esse ... sangue de mim

- Claro cara, consegue ficar de pé? - o moreno engoliu os três comprimidos e assentiu - Eu vou pegar sua mala então

- Valeu, amigo

Japão voltou algum tempo depois com a mochila do brasileiro. Brasil separou a última muda de roupas limpas que ele tinha e os dois foram para o banheiro. Japão o ajudou a andar até la e ligou o chuveiro. Brasil tomou banho apoiado na parede e depois o outro o ajudou a sair e se vestir. Japão era um cara sério, mas extremamente bondoso. Não existia um pingo de malícia ou maldade em nenhum dos seus movimentos, na verdade, Brasil se sentiu extremamente cuidado, como se fossem grandes amigos. Ele devia agradecer mais ao mais velho

Eles voltaram para o quarto, Brasil se sentou novamente na cama. Japão ajudou ele a colocar as meias, trouxe alguns salgadinhos e deu uma olhada no braço dele

- Vai ter que refazer o curativo

- Deixa que o loiro cuida disso - o moreno deu de ombros - Tu tá com cara de cansado, já dormiu?

- Não - os olhos pretos se perderam no chão

- Vai dormir, japa. Tu já ajudou pra caralho. Obrigado de verdade

- Se precisar de mim, é só chamar - Brasil assentiu e viu Japão sair do quarto com a garrafa de água

A casa voltou ao silêncio. Brasil comeu e se levantou, tentando andar pelo quarto e mexer os membros doloridos. Na quarta vez dando a volta no quarto, ele ouviu um som de longe. O corpo estagnou no lugar, entrando em estado de alerta. Ele trancou a respiração, concentrando somente na audição, tentando entender o barulho

Aos poucos e com cuidado ele saiu do quarto, olhando pelo corredor. Era a primeira vez andando pela casa, então se sentia muito perdido ainda. Ele viu a sala do lado esquerdo e foi naquela direção. Seguiu o corredor, os passos tão calmos que ele sentia cada osso se mexer nos pés. Passou pela sala de estar e estava quase seguinte reto quando o barulho voltou e dessa vez, ele fez sentido

PilantraOnde histórias criam vida. Descubra agora