Talvez a morte tenha mais segredos para nos revelar que a vida.
Gustave Flaubert
Estávamos no crepúsculo, aquela confusão de não saber se é dia ou noite . As casas amontoadas nas montanhas pareciam tristes ,tudo parecia triste . Andando pela rua observava pássaros voando em conjunto sobre a Catedral do centro . Tudo estava estranhamente triste e pacífico,como quando éramos crianças. Kalango caminhava ao meu lado, roupas pretas,cabelos bagunçados e postura séria ...Onde estava o garoto brincalhão que conheci na infância?
São José havia mudado e nos levado junto , ninguém que caminhava naquelas ruas era o mesmo de anos atrás, ninguém!
- Que dia estranho , parece que todo mundo morreu e só ficou a gente !
- Você não deveria falar assim querida, as paredes tem ouvido ...podem gostar da ideia .
- Ta , mas só nos dois vivos ? Nem fudendo que iam poupar logo a gente .
Ele riu , um carro surgiu ao longe nos tirando da bolha .
- Não somos os únicos sobriventes .
O carro se aproximava cada vez mais veloz, corremos para a calçada ao perceber que não havia ninguém ao volante. O carro se chocou contra o vidro de uma loja, o barulho foi inserdecedor quando o veículo explodiu.
-Estou com medo , ninguém apareceu para ver ...Porra !
- Kalango, vem .
Peguei a mão dele o guiando para longe dali , corremos pelo Centro em direção a praça. Quando nos aproximavamos as luzes começaram a se ascender, percebi que a água que corria pelo cantinho da rua entrando nos esgotos era vermelha ...
-O que ta rolando ?
Kalango apertava minha mão com força, um silêncio estranho estava ali , haviam vários sons menos os produzidos por humanos . Quando avistamos a praça, meu coração quase parou , kalango me largou e correu em direção a pilha de corpos . Eu mau conseguia respirar , os corpos estavam amontoados, haviam corpos em todos os lugares e sangue também, haviam marcas das maos ensaguentadas nas paredes , nos vidros dos carros e comércios, e não havia mais ninguém de pé.
-Estão todos mortos !
Ele repetia desesperado , caminhando entre os corpos . Cheguei perto reconhecendo os corpos , vendo as crianças com as gargantas dilaceradas . Horrorizada ,senti minhas pernas falhando , a escuridão se aproximou e maos grandes envolveram minha cintura .
-Olha à sua volta minha garotinha ,quanto sangue você conseguiu !
Me livrei do agarre virando o rosto para encontrar os olhos cinza de Pyetro . Havia sangue em sua face , havia frieza em seus olhos e uma selvageria que eu só havia visto nos olhos de James .
-Você fez isso?
-Você fez ! Eles vieram por você, esse tempo todo você só sobreviveu por ter amigos leais e irmãos dedicados. Como vai sobreviver se arrancaram tudo isso de você ?
-A seita?
- Não minha querida, procure por quem lhe ofereceu a eles ...Procure por quem irá tirar tudo de você!
Cascos contra o asfalto , a morte veio a cavalo ...literalmente . Pyetro havia desaparecido no segundo em que desviei os olhos . A mulher montada em seu cavalo negro , dava voltas ao meu redor .
-Abra os olhos criança....
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ALMAS PERDIDAS (Livro III)
TerrorSegredos foram contados , e as consequências da verdade ,foram mais cadáveres ... A morte dançou sobre o sangue na campina ,a morte veio como a névoa antes da chuva ,e cobriu a cidade . Acalmou as correntezas selvagens ,e baniu o vento . Tudo parou...